BArbara1767 16/05/2024
Se é que há esperança, a esperança está nos proletas
Winston é um personagem que vive em um mundo distópico, constantemente em guerra e governado pelo Partido. Desde o começo do livro, percebemos que Winston tem consciência da realidade que vive, ele sabe que o Partido mente sobre o racionamento constante em que o país vive por conta da guerra, além dele trabalhar editando notícias e suas inverdades.
O personagem, já pronto para entender o por quê o governo age do jeito que age, conhece Júlia. Júlia é a primeira personagem que não parece estar no mundo distópico em que vive, e é a primeira derrapada do autor. Como ela não liga de não estar seguindo as ordens em um mundo como aquele, não faz sentido, não casa com a construção do autor justamente por ela não ter porquês de ser do jeito que é. Eu até pensei que seria ela a deletar Winston, mas não foi.
Quando Winston e Júlia são pegos, parecia que eu estava lendo mais um livro qualquer, eles sendo traídos pelo homem que dava um quarto para eles se encontrarem foi a cena mais esperável do livro.
Depois disso, na tortura, O?Brien é visto como a personificação da loucura e do mal, outra coisa que também não gostei. Ele diz que o Partido apenas quer o poder, mas até para isso precisa de um porquê, e o autor não nos dá essa resposta.
Dez minutos antes de Winston ser assassinado, ele trai o governo pelo pensamentocrime novamente, depois desses dez minutos, com uma notícia na teletela em prol do governo, ele entende que, mais uma vez, ele errou, e o Líder desse mundo distópico estava certo. Assim, fica claro que o único jeito do governo ter a fidelidade total da população, é em algum momento, essas mesmas pessoas, serem bombardeadas de notícias em prol deles.
Esse livro mudou a minha visão sobre livros e sobre por quê eu devo ler. Na Oceania, o Partido muda a língua falada oficialmente no país, justamente para os proletas não terem intelectualidade suficiente para nomear seus sentimentos sobre as notícias, assim, apenas aceitando os ?fatos?. Com isso, percebi que não devo ler qualquer livro que tenha por aí, devo ler livros cada vez mais densos de acordo com a minha ?intelectualidade?, para ter cada vez mais, mais vocabulário e consequentemente mais poder de argumentação. Não devo ler livros apenas por ler, mas ler livros BONS.