Karen 05/06/2013duplomaisbomEu acho que não poderia nem pensar em fazer uma resenha que se aproxime do quão genial é esse livro que vou dizer aqui que essa não é uma resenha (mesmo estando na aba resenhas, e ser claramente uma resenha, não é uma resenha #duplipensamento). Enfim, posso dizer na minha humilde experiência que esse é um dos livros mais geniais que eu tive o prazer de ler.
A jornada de Winston Smith, desde o momento em que decide, por fim, desafiar o todo-poderoso Partido, até seu agridoce desfecho é recheada de críticas, digressões e reflexões sobre a sociedade e suas relações de poder. Por criar uma versão alternativa do futuro (já que o livro foi escrito em 1948), Orwell consegue criar uma parábola que consegue ser, ao mesmo tempo, tão sutil como um poema e tão intenso como um soco na boca do estômago.
Porque, afinal, é impossível, durante a leitura do livro, não imaginar se não estamos de fato vivendo na Oceânia (que está em guerra com a Lestásia; sempre esteve em guerra com a Lestásia), sob a tutela do Partido e o Grande Irmão.
Quer dizer, não seriam os computadores as teletelas, eternamente nos vigiando? E a cada vez que mandamos uma mensagem, no computador ou celular, sempre apressadas e cada vez mais abreviadas, não estaríamos fazendo uso da Novafala? E se pensarmos na cultura, quantas não seriam as peças que muito bem poderiam ter saído diretamente de um caleidoscópio no Departamento de Ficção (ou defic, em Novafala).
É claro que a obra é tão abrangente que dá para extrapolar tudo isso a qualquer meio, em qualquer tempo. Foi justamente por isso que demorei tanto para concluir essa leitura (umas duas semanas, eu acho); a cada capítulo eu era obrigada a parar um pouco para refletir sobre o que tinha acabado de ler.
1984 é um livro obrigatório para qualquer um que queira entender como o nosso mundo, moderno e completamente louco, funciona – e como a luta de classes e as relações de poder acontecem sem mesmo que a gente perceba.
Ah, e sim, para que não leu, vai achar que eu usei muitas palavras estranhas nesse texto, mas calma, só estou usando a Novafala, que vai substituir completamente a Velhafala até 2050. (vou abrir um parêntese aqui para frisar que, das sacadas do livro, a Novafala , para mim, foi a mais incrível – quem ler vai entender o motivo).
Então, arrume as malas e vá diretamente para Oceânia (que está em guerra com a Eurásia; sempre esteve em guerra com a Eurásia), porque a viagem vai valer muito a pena, se você não for benepensante.
Afinal de contas, dois mais dois são cinco, e nós amamos o Grande Irmão.
*Essa resenha foi aprovada pelo Ministério da Verdade.