Santuário

Santuário William Faulkner




Resenhas - Santuário


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Claire Scorzi 29/01/2009

Drama pesado em clima de romance policial
O romance é um marco para mim; eu o li aos 16 anos pela 1ª vez e tornei a ler duas vezes. É drama realista, quase naturalista - porém Faulkner é sutil para chegar a isso; seu estilo fragmenta as cenas em capítulos curtos como a montagem de um filme - em tons sombrios, pesado, brutal - e de um controle absoluto da palavra. Obra-prima!
Ricardo Rocha 06/11/2016minha estante
controle absoluto da palavra... agora chorei... é bem isso, claire




regifreitas 06/06/2020

SANTUÁRIO (Sanctuary, 1931), William Faulkner; tradução Lígia Junqueira Caiuby.

Faulkner é conhecido por não ser um autor fácil; seu texto é exigente, hermético, e um leitor iniciante certamente encontrará dificuldades. Lembro que no colégio até tentei ler O SOM E A FÚRIA - o título da obra me fascinava -, mas desisti logo nas primeiras páginas. Ainda não era o momento certo.

Depois de tanto tempo, resolvi agora encarar outro Faulkner. Para essa nova tentativa escolhi um texto considerado mais “fácil” pela crítica. Segundo pesquisei, este SANTUÁRIO foi o único sucesso comercial da carreira de Faulkner, uma obra na qual ele tenta falar com um público mais amplo. Mesmo assim, não foi uma leitura tão suave quanto eu esperava.

No começo fiquei meio perdido, precisei de algumas páginas para poder entrar de vez na estória. A maior dificuldade se encontra nas elipses temporais, que afetam a narrativa. Cabe ao leitor completar e deduzir muitos dos hiatos da estória, pois algumas informações não são dadas diretamente pelo texto. Outro ponto que provocou estranhamento foi em relação ao fluxo do próprio texto. Não sei se isso se deu por conta da linguagem meio antiga ou mesmo se foi uma falha da edição: algumas passagens me pareceram truncadas. Provavelmente pode, também, fazer parte do estilo do autor.

Com certeza não aproveitei corretamente o romance. Ao procurar, posteriormente, alguns textos teóricos sobre a obra, percebi que muita coisa me escapara. Assim, um releitura será necessária futuramente.

Leitura para o Desafio Livros & Sabores, referente aos EUA, e para o projeto de leitura dos vencedores do Nobel de Literatura - Faulkner recebeu a premiação em 1949.
Natalie Lagedo 07/06/2020minha estante
Sempre tenho a sensação de que algo me escapa nos livros de Faulkner... Ainda não li Santuário, mas senti isso em Luz em agosto é O Som a Fúria. Parece que tem algo escondido e que preciso prestar mais atenção ou ter mais experiência de vida pra poder entender. Com certeza precisam de releitura, mas só daqui a alguns anos.


regifreitas 08/06/2020minha estante
eu ainda tenho O som e a fúria aqui para encarar. mas acho que vou esperar um pouco ainda. quero ler coisas menores dele antes.




Angela 04/02/2013

Clássico!
Inicialmente, não pus muita fé, mas após a octogésima página, a estória começou de fato a se formar e me peguei apreciando muito o livro.
Fiquei admirada com a força que cada personagem faz, mesmo que sofregamente inútil, de superar sua própria e particular impotência. Isso é uma característica que marca a todos e todos os locais nesse lodaçal histriônico que é Santuário.
Todos eles possuem uma característica que os torna impotentes para agir nessa nova configuração de caos que se tornou a sociedade sulista norte-americana.
Horace tem seu otimismo infantil e improdutivo. Narcisa seu preconceituoso bom-senso e distanciamento. Ruby tem a sua criança encaixotada e inerte e sua paixão por Goodwin. Popeye tem a sua impotência sexual e física que atrofiam todas as suas possibilidades. Temple tem a sua incredulidade estática e um pavor eterno e congelado dentro de si mesma. Miss Reba tem o seu prostíbulo e suas memórias. E todos eles tem o uísque, o gim, a cerveja, o contrabando, a ilegalidade e a morte.
O capítulo em que se narra o enterro de Red é fabuloso. Lembrou-me algumas cenas de A Cor Púrpura, quando eles inauguram um “bar” caindo aos pedaços para a despedaçada e desnorteada população negra. Fantasticamente escrito.
É um livro triste, sem qualquer esperança de mudança, mesmo quando no final vemos Temple no parque com seu pai, fisicamente extraída pela mão paterna do mundo em que esteve submergida. Não há qualquer esperança para ela ou para o livro.
Interessante notar que Santuário está longe de ser efetivamente um santuário para qualquer um de seus personagens.
As cenas são desenvolvidas quase sempre em lugares que seriam classificados como tudo, menos de santuários: uma casa abandonada, isolada, alquebrada pela imobilidade de seus pretensos moradores. Um prostíbulo. Uma pensão carcomida e que a todo momento tem um foco de incêndio. Uma casa vazia de futuro, como o é a casa de Horace e Narcisa. Os vagões sufocantes dos trens. A prisão e a delegacia. Todos os locais são antes uma amostra da feiúra e crueza humanas do que propriamente representantes de algo santificado, puro, protetor.
É um livro real. Seco. Absurdo por ser uma realidade. Vale muito a pena ser lido.
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Rodrigo1001 24/06/2023

Coluna do Meio (Sem Spoilers)
Título: Santuário
Título original: Sanctuary
Autor: William Faulkner
Editora: Abril Cultural
Número de páginas: 257

Enquanto escrevo esta resenha, ainda estou um pouco dividido sobre como julgar o mérito deste quinto romance de Faulkner, Santuário.

Por um lado, o estilo de escrita de Faulkner é brilhantemente exibido neste livro, com uma prosa densa e sofisticada. Por outro lado, concordo com a reação inicial do próprio Faulkner a esta obra como uma ?ideia barata? no sentido de que os aspectos sensacionalistas da trama parecem ofuscá-la como um todo e amortecer um pouco a experiência de leitura.

Em um contexto mais amplo, os personagens e o enredo de Santuário parecem ser um veículo para a exploração do mal e da corrupção. A corrupção vem em várias formas e parece dominar este romance. Muitos dos personagens caem em suas garras ou parecem estar caminhando para um destino inevitável e irrefutável, para um destino sombrio. Você pode garantir que, se houver uma luz no fim do túnel, provavelmente será um trem vindo em sentido contrário.

Enfim, levei muito tempo para concluir a leitura - muito mais do que normalmente levo com livros de pouco mais de 200 páginas. Por fim, estando dividido, portanto, dou três estrelas até uma possível releitura em algum outro momento.

Em tempo, ?Enquanto Agonizo? segue firme como meu livro favorito do Faulkner.

Boa leitura!
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Georgeton.Leal 15/03/2020

Um quebra-cabeças sobre a degradação humana
Ler Faulkner sempre me traz um misto de sensações e resenhar alguma obra dele é algo que não considero fazer com primazia. Mesmo assim, depois de algum tempo da sensacional (e peculiar) experiência que tive com "O Som e a Fúria", percebi que era necessário separar outro momento oportuno para voltar ao condado de Yoknapatawpha.
Pois bem... "Santuário", assim como outras obras de Faulkner, se desenvolve em passagens entrecortadas e repletas de lacunas propositais, deixando a cargo do leitor a responsabilidade de decifrar aquilo que fica nas entrelinhas. Por muitas vezes pode ser difícil definir as verdadeiras intenções dos personagens, mas as peças logo vão se encaixando no decorrer da trama. A decadência e a frustração humanas são feridas constantemente tocadas aqui, nos colocando perante embaraçosos dilemas pessoais e/ou éticos.
Pelo menor número de páginas, confesso ter imaginado que seria uma leitura fácil (tinha até ouvido falar que este era o romance mais "acessível" do autor). No entanto, certos capítulos exigiram bastante da minha atenção, exigência esta que só me fez mergulhar ainda mais na história. Quando cheguei ao fim de mais uma jornada "faulkneana", me senti imensamente recompensado pelo esforço empreendido. São obras assim que me tiram da zona de conforto.

site: https://senso-literario.blogspot.com/2022/01/um-quebra-cabecas-sobre-degradacao.html
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Ricardo Rocha 16/02/2012

A abertura, em que os personagens aparecem sempre segundo a ótica de algum outro, dá uma idéia do que será o livro. Da intensidade do monólogo interior e da ambiguidade dos pulos no tempo e as elipses. A um tempo uma narrativa que não impressiona a princípio, pela banalidade aparente, e que depois assombra pela complexidade do ser de todos. "As paredes caiadas de branco estavam manchadas, com a marca de mãos, rabiscos de nomes e datas, inscrições obscenas, feitas a lápis, com a unha ou com lâmina de faca. Todas as noites, o negro assassino ali se apoiava, o rosto manchado pela sombra das grades nos irrequietos interstícios das folhas. E cantava, em coro, com aqueles que se achavam na cerca lá embaixo". Quando os capítulos contradizem a visão do anterior e logo da contradição surge a unidade, sabe-se estar diante de uma acabada obra-prima.
Claire Scorzi 11/08/2012minha estante
Eu deveria parar de resenhar Faulkner e apenas ler as suas resenhas dele. Muito, muito boa, como as anteriores (havia lido uma, vim ler as outras).




L. Geovanes 15/06/2015

Desolação sem trégua.
Não encontrarás pouso nestas páginas de desolação e solidões. Santuário me deixou em alguns momentos angustiado e agoniado, flertei com o desejo de abandono mas fui até o fim dessa jornada seca e caustica. A incapacidade e a estagnação dos personagens diante de suas vidas, uma criança que dormita em meio a decrepitude, o advogado de nobre coração que deixa seu lar, a velha cafetina e seu prostíbulo decadente envolto em memórias, um emasculado voyeur e violento contrabandista e a alienada coquete que se perde em um mundo de homens violentos, lei seca e estupro. Enfim, um livro denso e tétrico.
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Leonardo 04/07/2011

Uma história que poderia até ser simples, mas foi Faulkner quem escreveu...
Disponível em: http://catalisecritica.wordpress.com

Pelo que pesquisei, Santuário foi o único sucesso comercial de Faulkner, e ele escreveu exatamente com esse propósito. Estou na página 97 (é um romance curto, de 277 páginas) e me fascina o modo como Faulkner escreve. Mais do que o que ele diz, é o que ele NÃO diz. Essa é uma habilidade que pretendo desenvolver, imitando esses grandes gênios.

O livro começa com mais um personagem enigmático de Faulkner: Popeye, um sujeito de passado obscuro e aparentemente perigoso. Li outras duas obras do escritor americano: Luz em Agosto e Enquanto Agonizo, em os personagens são todos “incompletos”. Na verdade esse não é o termo adequado, porque entra em cena o jogo que Faulkner faz com o leitor, ao equilibrar o que é dito com o que não é dito.

Prestando atenção à forma como o livro é escrito, lembrei de ter lido em algum lugar que ao escrever, devemos dar ações aos nossos personagens, e Faulkner faz isso, certamente. Há verbos, muitos verbos. Os personagens não param:

“Continuou, lentamente. Depois, parou. No quadrado de luz emoldurado pela porta, via-se a sombra da cabeça de um homem. Ela deu um salto, pronta para correr. Mas a sombra não tinha chapéu, de modo que ela se virou e, na ponta dos pés, foi espiar à porta. Viu um homem sentado numa cadeira, ao sol. A nuca estava voltada para ela. Cabeça calva, com uma franja de cabelos brancos. Mãos cruzadas no castão de grosseira bengala. Temple entrou no alpendre dos fundos.”

A história envolve traficantes de bebidas – gângsteres – um homem que quer se separar da mulher porque odeia camarão, uma estudante cabeça-de-vento, uma prostituta, estupro, assassinato. Ainda há muito por vir.

O ambiente, com o qual estou me habituando – Faulkner escreve no condado de Yoknapatawapha, situado no sul dos Estados Unidos, início do século XX – é interessantíssimo. Uma passagem que ilustra bem o pensamento da época:

“- Foi a razão de ter abandonado Belle? – perguntou Miss Jenny. Olhou para ele e continuou: – Você levou muito tempo para perceber que, se uma mulher não dá boa esposa para um homem, não é provável que dê para outro; não levou mesmo?

- Mas sair de casa, assim, como um negro! – comentou Narcisa. – E misturar-se com contrabandistas e prostitutas…”

Não vou contar muito sobre a trama, mas há um episódio - central na história - que figura como um dos mais violentos de tudo o que já li. Só que, contado à maneira de Faulkner... Confiram.
Luana 15/08/2014minha estante
Admito que me senti incompetente diante da capacidade artística do autor. Tive dificuldade para acompanhar a narrativa e me perdi várias vezes no mesmo capítulo. Foi a primeira vez que li Faulkner e apesar da dificuldade, ao final consegui entender a história que é muito boa, por sinal. Em algumas passagens ele escreve de forma simplesmente genial, usando adjetivos e sinestasias, elipses etc que nos permitem viajar na leitura, num redemoinho de sensações.Gênio!




Renan Lima 04/08/2021

Santuário
Um romance completamente fragmentado com cortes cirúrgicos. Há um clima de constante medo e desconfiança dos arredores que cercam Temple Drake.
Faulkner é extremamente direto e seco na escrita. Muitas coisas ficam nas entrelinhas, o que nos faz ficar surpresos não no que os personagens disseram, mas no que eles não disseram.
Temple é uma personagem de uma passividade que nos intriga. Pouco acessamos ela, é como se o Faulkner nós pegasse pelo braço ao ensaiarmos uma mínima compaixão por ela, ele mantém ela encarcerada até mesmo de nós leitores.
Por fim, Santuário é um livro que assusta, horroriza e espanta com escassas palavras e descrições.
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Heloyse 14/09/2023

Odiei
A narrativa é confusa, nenhum personagem é devidamente apresentado, os diálogos parecem desconexos...
Comecei a leitura sem saber nada sobre o livro, e terminei da mesma forma que comecei.
Amal0 28/03/2024minha estante
Tô na mesma




marcelo.batista.1428 05/02/2022

É o segundo livro que leio de Faulkner, e mesmo após a primeira experiência me deixar bem antenado para fazer uma leitura sem direito a distrações, fiquei com a mesma impressão de quando li O Som e a Fúria: personagens e enredo parecem incompletos. Tenho vontade de voltar e reler o livro para preencher as lacunas que me ficaram. Fico um tempo a pensar se as construções que fiz são realmente corretas. Parece que faltaram explicações do autor ou fui eu que não me atentei. Ou será que Faulkner nos prende mais pelas lacunas do que pelo que escreve? Pelo que pesquisei em algumas resenhas e críticas do livro, a última pergunta parece ser a mais importante.
Numa das minhas leituras sobre a obra, achei esta citação muito interessante: “é a inserção da novela policial na tragédia Grega” (André Malraux)
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Ricardo Rocha 25/05/2016

dias e noites com faulkner - 3. santuário
santuário é o grande sucesso e o grande fracasso de faulkner. sucesso porque foi em sua obra, ao menos ao longo de sua vida, o que mais se aproximou de um livro bem vendido. fracasso porque ao se dispor a escreve-lo queria fazer apenas um bom romance policial e definitivamente santuário não é isso, é mais que isso. eu cá comigo tenho a ideia de isso aconteceu em parte por causa do manuscrito ter sido primeiramente rejeitado pelo editor, que devolveu-o a faulkner para que ele fizesse uma revisão e tirasse as partes mais sombrias, que, segundo o editor, chocaria demais e traria problemas. faulkner fez a tal revisão (embora não dá pra saber exatamente o que ele tirou do texto, que tem toda sorte de violência, sensualidade (de todo tipo), incorreções políticas. não dá sequer para dizer que é um romance escrito de forma convencional, e sequer com certas facilidades do anterior "Enquanto agonizo" (cujos monólogos anteriores são capítulos com nome e sobrenome). aqui, os pontos de vista são diversos mas é preciso descobrir. entre os capítulos (se é lícito chamar assim) muita coisa acontece mas o problema é que não estão escritas, apenas se deduzirá pela sequencia e as circunstâncias. e com tudo isso ainda é um romance totalmente inteligível por qualquer leitor. porque faulkner antes de tudo é um grande contador de histórias e quem as ouve tem o direito de entender, ou ao menos ter base para acreditar que sim. de quebra, introduz uma de suas melhores personagens femininas, Temple. Assim, o que era para ser "apenas" um romance policial se tornou um estudo do mal, com direito a toques de tragédia grega, e Temple, que era para ser "apenas" uma vitima, termina por, digamos, contaminar e vitimizar todo o mal a seu redor. e o protagonista Horace termina quase secundário, pelo poder de temple e do, digamos, malfeitor. aí quando você está esmagado por tanta decadência, e desvios, vc le o discurso de faulkner ao aceitar o nobel, e passa a sentir necessidade de ver outra mensagem nas entrelinhas. assim, termino essa resenha com um trecho do discurso e abaixo uma das passagens mais violentas do livro:

o homem triunfará. É imortal porque ele tem uma alma, um espírito capaz de compaixão e sacrifício e resistência. O dever do poeta, do escritor, é escrever sobre essas coisas. É seu privilégio ajudar o homem a resistir erguendo seu coração, recordando-o a coragem e honra e esperança e orgulho e compaixão e piedade e sacrifício. (do discurso do nobel)

Temple e seu pai continuaram, indo além do tanque onde algumas crianças
e um velho que envergava um surrado sobretudo marrom faziam navegar barcos
de brinquedo. Penetraram de novo sob o arvoredo e sentaram-se. Imediatamente
surgiu uma velha com decrépita presteza e cobrou quatro sous. No pequeno
pavilhão, uma banda em uniformes cujo azul se parecia com o do exército, tocava
Massenet e Scriabine, e Berlioz como se fosse um sutil extrato do torturado
Tchaikovsky, enquanto a luz descia dos ramos, dissolvendo-se em raios úmidos,
iluminando o pavilhão e os sombrios cogumelos representados pelos guardachuvas.
Generosos e altissonantes, os barulhos ecoavam no espaço para ir morrer
no crepúsculo verde, estendendo-se sobre eles em ondas harmoniosas e quase
melancólicas. Temple bocejou por detrás da mão, depois tirou da bolsa o porta-pó e
abriu-o. Nele viu refletido um rosto taciturno, descontente e triste." (fragmento de santuário)
Nanci 21/09/2016minha estante
Ótima resenha, Ricardo. Acabei de ler Santuário, ainda sob o efeito desse peso-pesado ter desabado sobre mim - sensação de esmagamento.




Marselle Urman 29/01/2018

Nebuloso
Esse livro não parece com nada que eu já tenha lido. E não, isso não é um elogio.

É um romance curto, menos de 300 páginas, que sinto como se não tivesse lido em absoluto, porque entendi muito pouco.

Já descobri que Faulkner é famoso por seu estilo, notadamente pelas lacunas, pelo "não dito". Mas - é, acho, a primeira vez que digo isso - caberia outro livro dentro desse.

O cenário é dado - homens brutos, fabricantes de whisky ilegal, sociedade machista e racista ; uma mulher ou um negro, objetos de seus proprietários. Um ambiente infecto, deprimente, dominado pela opressão social. O contraste entre Ruby, a "Mulher", e Temple, a "menina". A única coisa realmente clara para mim foi o medo que Temple sentiu. Como se fossem monstros sobrenaturais.

Agora, o que realmente aconteceu, naquela manhã na fazenda? Eu acho que entendi uma coisa, mas não tenho nem de longe certeza se foi isso mesmo. Só especulo.

SP, 29/01/2018
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Beatriz 28/12/2022

Confuso, maluco e chocante
Com uma forma de escrita extremamente confusa, q beira o ridículo algumas vezes, esse livro conta a história do sequestro e estupro de uma jovem.
Metade do livro é sobre o tempo q ela passa na casa e a loucura da situação se reproduz na narrativa desconexa e sem qq senso de ridículo da forma como é descrita.
O livro poderia ser milhares de vezes melhor escrito e a situação ter comovido muito mais. Porém, Falkner cria um história densa, sem emoção, sem objetivo, vazia, confusa e q as vezes beira o ridículo.
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Ebenézer 04/02/2024

FAULKNER, DE QUEM ME TORNEI FÃ
Nunca antes me aconteceu terminar a leitura de um livro e imediatamente reiniciar a leitura do mesmo livro.
Foi assim com Santuário, de William Faulkner, um livro quase centenário (1929), e que somente agora me presenteei com leituras seguidas dessa obra-prima. Há mais de quarenta anos esse livro aguarda paciente para saltar das estantes da minha biblioteca para ser lido. Foi somente com a releitura que pude apreciar melhor a dinâmica da trama elaborada pelo autor.
De santidade como mística ou espiritualidade Faulkner trapaceia o leitor com o título. Muito ao contrário do que o título sugere, Santuário é despido de alusão ao divino, de beatitudes ou sacralidades.
É, na verdade, um museu de personagens grotescas gravitando num microcosmo infernal em contrabando, abuso do álcool (uma contravenção), prostituição, impotência sexual, estupro, assassinatos, enforcamento, corrupção, preconceito social, injustiça e degeneração.
Um romance policial eletrizante que, considerando a abordagem de temas tabus para a época em que foi escrito produziu forte censura e restrições na sociedade o que fez Faulkner reescrever parte de sua obra, suavizando-a, para publicação.
O tempo passou, a sociedade evoluiu, e temas outrora interditos para aquela sociedade, hoje, em nossa contemporaneidade consideramos até tudo ridículo para os nossos padrões de sociedade que superou tantas revoluções, a revolução sexual inclusive. Talvez seja nesse ponto que uma obra prova a sua atemporalidade por tratar de temáticas que, se não mais nos chocam, ainda nos surpreendem. E nesse aspecto Santuário, consegue justa distinção entre tantas obras pela perspicácia em tratar com refinamento e muita sutileza sua narrativa, exigindo sagacidade do leitor e deixando-o, também, livre para extrair conclusões de muito do que o autor omite intencionalmente.
Faulkner com muita propriedade abordou situações caras para a sociedade de então, sem contudo resvalar para o sensacionalismo, o anárquico, o banal ou fútil.
Enfim, o livro se constitui a representação de um caldeirão explosivo de vícios entranhados na sociedade humana em todos os tempos, não deixando imune nenhum dos seus segmentos sociais, nem mesmo aqueles que a si atribuem a defesa de valores sagrados tais como a misericórdia e a compaixão: nem ontem no Santuário de Faulkner, tampouco hoje entre nós.
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