spoiler visualizarDalton 23/11/2023
Argumento e artes desperdiçadas
Apesar dos bons traços e um argumento interessante, que é a criação proposital de uma realidade alternativa, ainda no passado, a partir de determinado momento da história, para se tentar criar um mundo que não cometa os mesmos erros, a HQ não me animou.
Presa em uma série de chavões (e com um ranço feminista de fundo, com as típicas personagens que o que tem de improvável, possuem de forte), a história acaba passando um pano para nada mais, nada menos, que Stálin e a URSS.
Um mundo que se explode com armas nucleares, no futuro, é factível. Mas a coisa começa a desandar quando isso é fruto de uma conspiração interna de alguém querendo o poder nos EUA (ou melhor os escombros dele) e fica ainda pior, quando com o poder de se criar um mundo a partir de uma divergência histórica, o grande "problema" a ser combatido é a intenção de se explodir Stálin e todo seu alto comando num momento em que a Segunda Guerra chegava ao fim e os soviéticos NÃO TINHAM armas nucleares para responder. Ou seja, o problema seria acabar com a URSS como força política no cenário internacional.
Só um a
4sn0 para considerar essa medida algo RUIM para o futuro do planeta. Se a URSS tivesse ruído ali, no fim da SGM, não haveria Guerra Fria, Guerra do Vietnã, Guerra da Coréia, I Guerra do Afeganistão, Guerra da Chechenia, incontáveis intervenções e normalizações nos países sob a cortina de ferro, todo o processo de destruição institucional e guerras africanas, provavelmente Mao Tsé Tung não ganharia a Guerra civil na China, evitando o massacre sem igual de mais de 70 milhões de chineses (a se juntarem aos 30 milhões de russos e ucranianos mortos por Stálin).
Um mundo em que fascismo, nazismo e comunismo fossem colocados no mesmo lugar: a lata de lixo da história, seria, sem dúvida, MUITO melhor. E se ainda levarmos em conta que a origem de muito do atual problema no Oriente Médio, advém da disputa ocorrida na Guerra fria, até nesta parte do mundo, as coisas seriam mais calmas. Sem esquecer da África que ainda hoje não se recuperou da devastação humana e econômica advinda das guerras separatistas e golpes perpetrados por grupos financiados, armadose treinados pela URSS, China e Cuba (essa última dependente desde sempre da URSS e uma influência destrutiva em toda a América Latina).
Churchil e Patton queriam ir atrás de Stálin e terminar com a URSS, foi a covardia dos políticos americanos e ingleses que impediu. A história da HQ trazer toda uma missão para impedir a eliminação deste genocida, na prática, é validar ele, a ditadura que criou, as mortes em massa que perpetrou e a ideologia que ele fomentou, como se fossem conquistas positivas para nossa história. Uma rematada 1diot1ce.
O fim da HQ trazendo o personagem principal para os EUA, em 2017, numa nova "missão" contra o "mal" em que se vê uma ilustração remetendo a Trump, só prova a boçalidade ideológica esquerdista por trás da obra.
Mais uma prova que um bom argumento e uma boa execução artística podem facilmente ser jogados no lixo, devido a uma mentalidade revolucionária digna de um 4sn0.
No fim, lamentei que o "malvadão" que destruiu sua realidade não tenha conseguido se redimir evitando o banho de sangue tenebroso que a sobrevivência de Stálin e seu regime proporcionaram ao nosso século 20.