elske 13/11/2022
Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara.
Foi uma releitura especial, uns 10 anos depois da primeira leitura. Eu não lembrava nada da história, exceto que tinha algo sobre a Tailândia, e que eu tinha gostado muito do livro. Relendo, surgiram outras impressões.
Um fotógrafo profissional de renome contrai malária numa aldeia da Tailândia e lembra que tem um filho de 15 anos, que nunca conheceu, e resolve mandar cartas pra ele se apresentando. O egoísmo desse ?pai?, quando fala o porquê de ter abandonado o filho, beira o insuportável. Ele inclusive sustenta que não o abandonou:
?Você eu nunca conheci, portanto não podia abandonar?
?[...] não tinha sido escolha minha ter ou não um filho.?
?Se abandonei algo, foi muito mais do que você.? (Credo!)
Esse ?pai? pensa ser um ?herói?, com ideais, que ia mudar o mundo. Ele se posiciona fortemente contra a globalização e seus males. Mas é um hipócrita.
No meio disso tudo, Daniel, com 15 anos, lida com os outros problemas de sua vida de adolescente de classe média. (...) Ele se acha menos alienado que seus colegas, mas ainda é bastante alienado.
Fora isso, foi uma releitura divertida, principalmente porque teve um final feliz, de conciliação e otimismo. O incentivo à fotografia, buscando inspirar os leitores, também é muito legal e inspirou até eu mesmo.
Pra esse livro ser publicado hoje, ele teria que passar por uma severa revisão, porque muitas passagens são francamente misóginas.
Os verdadeiros heróis desse livro são Antônio, o padrasto de Daniel; sua mãe, que aguenta tudo isso; e o garoto mesmo.
Talvez eu esteja analisando demais um livro infanto-juvenil. Mas foi isso que eu achei. Foi uma boa releitura.