Vânia 24/11/2019
Ignatius
Na Primavera de 1987, na Sibéria, uma descoberta por acaso, revolucionaria a forma com que o humano via a imortalidade.
Com o avanço tecnológico, com os estudos científicos, até então não havia vingado qualquer pesquisa sobre a possibilidade de se conseguir trazer alguém da morte. A criogenia já existia, entretanto, não havia comprovação de que alguém nessas condições sobreviveria. Mas eis que surge um homem que guarda segredos.
Yuri e seu primo Vladimir acabaram por descobrir, através de um acidente, uma caverna na qual quatro corpos - dois adultos (casal) e duas crianças - estavam congelados. Congelados vivos. A descoberta traria um frisson no meio científico e médico, mas Vladimir preferiu olhar o próprio bolso, e não pensou duas vezes em fazer mal a Yuri, o verdadeiro descobridor, e se apropriar do feito.
No entanto, apenas um dos corpos, o do homem adulto, foi resgatado. Vladimir jogou uma granada para que o local fosse fechado e a caverna, mais uma vez, ficasse escondida.
O corpo foi levado por Danny Pearce, um imortalista que queria trazer à vida alguém congelado à hora do acidente, conforme pesquisas de Robert Ettinger, nos anos 60.
Para transportar o corpo seria preciso uma espécie de câmara - refrigerador Dewar, que foi trazida por Dimitri Sergervich Fedorov, filho de um famoso enxadrista, que também muito interessado no assunto, fazia parte de uma sociedade secreta. Pai e filho eram obcecados pela imortalidade, e usavam parte do dinheiro que ganhava com o xadrez para financiar o projeto.
Dr. Flamel, diretor de um asilo na Romênia, foi o responsável em receber o corpo do imortal e tentar trazê-lo à vida. E o projeto demorou muito mais tempo do que imaginavam.
Na verdade, o tempo foi tão longo que a maioria daqueles que participaram do resgate do homem congelado desviou seu interesse para outros projetos. Não dava para esperar pelo resultado desejado, rumo à imortalidade... e à riqueza e fama.
Porém, vazamento de informação fez com que o grupo até então trabalhando oculto no asilo, fosse descoberto. Os envolvidos foram presos, e o paciente levado para a França.
O "suspicatus immortalem" foi chamado a princípio de Khaled M, mas, depois, Jacquemont o chamou de Ignatius, que seguiu em seu coma. Até que um dia ele acordou vomitando. Após muitas cirurgias, tratamentos e muita calma, Ignatius conseguiu ficar de pé com a ajuda de um exoesqueleto.
Mais fisioterapia e aos poucos ele se recuperou. E junto com a força física, veio a memória.
Uma exibição histórica estava sendo preparada.
Foi encontrada aquela que se mostrava ser a estátua mais antiga da história da humanidade, o Homem-Leão.
Jac desconfiava que Ignatius e a estátua vinham do mesmo período pré-histórico. O que ele não sabia era que, na verdade, ele estava de frente a algo muito maior.
Ignatius viu, mostrado pelo enfermeiro, a notícia sobre a exibição de sua criação. Ele ficou agitado querendo fugir e pegar de volta o que lhe pertencia.
Sua memória havia voltado com força total. Ele lembrava o nome de sua tribo; por que haviam criado aquela estátua; o motivo de ter saído de lá; a ajuda que prestou às duas crianças prestes a serem atacadas; o acidente; a escuridão.
Ignatius recebeu a ajuda para chegar até a exposição, tomar o que lhe pertencia e fugir, mas mais uma vez foi capturado, mas não pelo governo.
Novamente, Ignatius se tornou rato de laboratório; um objeto para se chegar a um propósito - não tão nobre assim, e seu fim (ainda que fosse chamado de "O Imortal") parecia cada vez mais perto.
Ignatius sonhava com a possibilidade de voltar a viver junto à natureza; caçando sua comida; longe da ignomínia humana.
E quando ele pensou que suas esperanças eram apenas isso, ele conseguiu mais uma vez ser ajudado e partiu para o seu destino.
Ao ler a síntese da história de Ignatius, provavelmente você deve achar que o livro é depressivo e trágico. Longe disso!
Com uma narrativa envolvente, Rodrigo Alvarez, jornalista, nos faz viajar ao longo da história cronológica e cobiçosa do ser humano pela busca da imortalidade.
Seria isso possível? Será que uma pessoa congelada viva poderia trazer respostas às questões tão avidamente buscadas, numa espécie de Jurassic Park humano?
Um homem de 38 mil anos, encontrado em perfeitas condições, ressurge alimentando tudo isso.
Toda a trajetória é ricamente contada a partir da descoberta da escultura do Homem-Leão (real, que está em exibição na Alemanha), quando o jornalista foi cobrir a matéria e se fascinou pelo objeto tão antigo e um mundo se criou em sua mente. E preciso dizer que com toda essa pesquisa e possibilidade de congelamento de pessoas (já ouviu falar em congelamento criogênico? E que há famosos congelados assim para serem trazidos à vida quando a medicina conseguir descobrir a cura das doenças que os levaram?), a história deste livro seria bem plausível de acontecer.
5 estrelas