Amora 16/07/2022
O ponto mais forte do enredo é o ponto mais fraco da autora.
Ponte Entre Reinos me encantou logo de cara pelo começo chocante, nos primeiros capítulos você tem uns dois plot twists que tornam a Lara uma personagem interessantíssima, mas o que me prendeu na história foram as intrigas políticas.
O enredo político da história é rechado de conflitos diplomáticos, e eu gosto muito de ler esse tipo de coisa, adoro ver personagens debatendo filosofias completamente diferentes sobre as tragédias acontecendo ao redor. Esse tema se torna ainda mais complexo nesse livro por causa da Ponte, por causa de sua localização e do que ela significa para o reino que detém domínio sobre ela. Infelizmente, acho que a autora construiu um enrendo complexo demais para sua escrita simples.
Ao longo do livro, vi o potencial da história ser cada vez mais reduzido porque os conflitos não são narrados, são apenas ditos. O personagem do Aren tinha tudo para ser um ensaio completo sobre o papel da monarquia na guerra, sobre sentir a necessidade de ser cruel para proteger os seus e lidar com o fato de que isso o torna um vilão para quem não está sendo protegido por ele. Ao invés disso, senti que o personagem dele é muito minimizado em diálogos internos idealistas e a Lara.
Lara é outra personagem que se torna repetitiva muito rápido. Todas as ações dela se movem sob o mesmo pretexto e isso é a demonstração do fanatismo com o qual ela foi criada, mas autora só dá a chance dela sentir outra coisa além de raiva pelos reis no final do livro. Quando a gente chega nesse ponto, já tem se cansado um pouco do ponto de vista dela. Além de quê, ela se rende muito fácil ao Aren para alguém que se considera completamente fanática e dedicada ao objetivo de vê-lo como inimigo.
Acho que o livro seria mil vezes melhor se a autora desenvolvesse a parte política ao invés do romance, talvez porque essas duas partes da história ficaram entrelaçadas de um jeito tão bagunçado que eu não tenha sentindo apego pela história de amor deles. Achei que eles começaram a se gostar muito da noite para o dia, considerando que tudo que eles estavam descrevendo antes de dizer eu te amo para mim era só tesão reprimido e curiosidade.
Como eu disse, a escrita e narração da autora são simples demais para que todo o potencial do livro seja aproveitado. Fica claro que o foco dela era a história entre a Lara e o Aren, mas é difícil não ficar frustrado quando isso não é, nem de longe, a parte mais interessante do livro. Talvez se eu soubesse que era uma duologia, eu teria lido com expectativas mais adequadas. Até porque o tipo de plot que a autora propõe precisaria ser resolvido com uns 10 livros.
Obs; sei que The Brigde Kingdom é uma série, mas a trama principal do primeiro livro é resolvida no segundo por isso tô considerando uma duologia. Já que o terceiro livro segue outros personagens/outros confrontos, apenas se passa no mesmo universo e/ou lida com as consequências do que aconteceu nos dois primeiros.
A leitura valeu a pena porque me diverti e a história não foi de todo mal, além de quê o universo da história é muito interessante!! Li o segundo livro, mas não lerei o resto da série já que não gostei da maneira que a autora conclui essa primeira parte da trama.