Resenhas - Girl, Woman, Other

Lauraa Machado 16/06/2021

Um tesouro em forma de livro
Esse livro é de longe um dos melhores que eu já li. Antes de chegar na metade, já saí recomendando para todo mundo que conheço, já pensei em algumas pessoas para quem quero dar de presente e já tinha entrado para os meus favoritos. Não é um livro, é um tesouro, e eu ainda estou tentando entender como é possível que uma única pessoa tenha escrito essa história! É por autores assim, com essa capacidade de criar e desenvolver personagens tão diversos, essa de absorver e entregar tanta humanidade em algumas frases, em poucas páginas, que eu amo ler. São livros como esse que me provam que nada no mundo é melhor do que ler.

Eu realmente poderia parar minha resenha aqui, mas acho válido explicar um pouco mais sobre o livro, porque já percebi a tendência que existe de generalizar a sinopse, o que eu acho que acaba afastando leitores e fazendo-os acreditarem que o livro é bom demais para eles, inteligente e superior demais. Talvez esse seja, mas também acho que todo mundo deveria ler, então quero ajudar.

O livro é separado em cinco capítulos. Durante os quatro primeiros, a autora separa eles entre três personagens (na maioria mulher e negra) diferentes e conta um pouco de sua história, da história de sua família em verso livre. As personagens têm quase todas uma conexão entre si, ainda que só fique clara mais para o final, e são todas tão diversificadas, de tantos lugares, países e orientações diferentes, que aí é que está a verdadeira riqueza do livro. São tantas opiniões, vozes e atitudes, cada uma tão complexa e única, nem sempre boa ou ruim, que eu achei bem difícil escolher a mais importante, a mais impactante, a que mais me agradou. Realmente me senti lendo partes da vida de pessoas reais e não consigo ainda entender como que foi uma única escritora que criou todas elas!

Eu queria poder falar mais, mas acho que descobrir a história de cada uma e como elas se conectam é mais interessante sem outras informações. Mas queria dizer também que esse livro faz uma conexão entre gerações que chegam até os dias de hoje e tem uma revelação logo no final que me deixou inconformada, feliz e ainda mais intrigada! Além de ter outras nem tão boas, nem sempre certas e agradáveis, bem humanas e complexas mesmo.

Já falei que esse livro é excelente? Cheguei ao final com vontade de reler, de fazer um TCC sobre ele, de estudar e analisar cada personagem e depois fazer uma apresentação sobre elas. É do tipo de livro que me dá orgulho e gosto e que todo mundo deveria ler!

Toni 03/11/2020

‘Girl, Woman, Other’ entrou em meu radar de leituras após dividir o 1º lugar do Booker Prize de 2019 com Os testamentos, da M. Atwood. Agora, há apenas algumas semanas do lançamento da edição brasileira pela Cia. das Letras (Garota, Mulher, Outras), termino uma leitura que começou noutro país e foi querida por meses até se transformar num favorito difícil de devolver à estante. A cada capítulo—focados em diferentes mulheres conectadas de alguma forma—eu descobria uma nova personagem predileta, apenas para ser contrariado assim que a protagonista seguinte entrasse em cena.

Mas não concluam com isso que as personagens de B. Evaristo sejam "adoráveis mulheres". O encanto delas vem justamente do fato de não serem modelos exemplares, nem supermulheres nem heroínas: são criaturas tangíveis, cujos sucessos, dores, alegrias, traumas, desejos, falhas, preconceitos e amores não as fazem mais ou menos aguerridas na luta contra o patriarcado—porque a luta está sempre presente, em diferentes camadas de sentido e entrelaçada à estrutura caleidoscópica do romance, transitando entre diferentes grupos sociais e diferentes configurações familiares. A voz narrativa, sempre “com” as personagens, muitas vezes faz uso do discurso indireto livre para nos deixar par a par com cada protagonista, misturando nossas expectativas aos seus pensamentos e embaralhando as vozes do romance com originalidade e leveza.

O brilhantismo narrativo de Evaristo vem acompanhado de profundo senso de humor e um olhar afiado sobre tudo: da comodificação de lutas legítimas ao agenciamento de filosofias hipócritas, das contradições da luta por direitos—como o transativismo e os precursores do BLM—aos clichês narrativos machistas (e inaceitáveis) que continuam a fazer do estupro a origem da força e determinação de personagens femininas (apenas parem, roteiristas e escritores). Um painel ambicioso, plural e polifonicamente executado da vida de mulheres e famílias negras no Reino Unido que se encerra com a única palavra que poderia importar neste e em todos os tempos: "together".

Nan 15/02/2022

A mulher negra em sua singularidade e pluridade
O ponto que mais marcou pra mim desse livro, dentre tantos, foi a reflexão sobre como a mulher negra, em qualquer âmbito que se apresenta, muitas vezes é vista como representante de sua raça inteira. Esse é um peso injusto, absurdo e surreal de sustentar durante nossas vidas. Em circunstâncias onde somos uma das poucas ou únicas pessoas negras em um cômodo, uma organização ou país majoritariamente branco (como a Inglaterra onde se passa a história), é muito difícil não pensar sobre esse fardo ou não senti-lo na nossa consciência todos os dias. Esse livro faz um lindo trabalho em reforçar a singularidade de todas nós, ao mesmo tempo que conta histórias totalmente diferentes.
Eu amei o formato inusual em cada parágrafo começava em letra minúscula e que muitos seguiam corridos sem pontos, tornou a pontuação muito mais proposital e efetiva quando a autora finalmente usava.
Além disso, eu me apaixonei por essas 12 personagens. Todas em fases diferentes da vida e do espectro da sexualidade e até mesmo gênero (temos dois personagens trans). Eu me identifiquei, me solidarizei e vivi com elxs. Foi uma das melhores leituras de 2022, com certeza.

Ana 10/06/2021

??????
Fluidez, conectividade, ancestralidade, pertencimento. Eu me senti parte desse livro enquanto lia. Senti que, de alguma forma, eu pudesse estar também conectada à vida dessas mulheres tão reais. Senti que se eu esticasse as minhas mãos poderia tocá-las. Senti.

Lara 19/07/2020

mulheres incríveis e de força que carregam suas lutas e conquistas lado a lado com os sonhos. as histórias se conectam e ensinam e cativam. recomendo!

Alfar 06/03/2021

O livro que li chamava-se Rapariga Mulher Outra. Wweertttt rthuuii sddffggh jjhhgff

Robs 30/04/2021

Resenha
As vezes eu não consigo entender pq um livro ganha como o melhor!
Se esse é o melhor, eu fico imaginando os outros... ?
Mas vale a leitura!

Milinha 04/02/2022

lindo lindo lindo
as histórias de cada personagem são interessantes, comoventes, instigantes e, conforme elas vão se entrelaçando, a história vai ganhando profundidade extra. ver os mesmos eventos através dos olhos de diferentes personagens é incrível. a escrita picotada e dinâmica torna a leitura rápida e agradável

anacarolina.spalla 06/02/2022

Resenha para o desafio
Tive que ler esse livro para uma matéria da faculdade e à princípio não entendi nada, achei que minha versão do livro estava errada devido as quebras de linha feitas de maneira não usual. Apó um tempo consegui pegar um ritmo e a leitura começou a fluir, principalmente que meus amigos começaram a ler comigo para me incentivar.
Uma questão que não gostei é que em algumas personagens o assunto acaba "se perdendo" muito. Como se fosse um fluxo de pensamento que só vai e aí quando você já nem lembra mais, o assunto principal é retomado. Isso, porém, acredito que seja uma escolha consciente de escrita.
Muitas das histórias apresentadas tem tópicos bem pesados e que devem ser lidos de maneira lenta para a história (que apesar de ficcional é extremamente real) ser absorvida da melhor maneira, não machucando a leitora.

O livro é bom, as histórias são ótimas, mas achei uma leitura densa e que pode se perder em alguns momentos devido ao que eu disse sobre a escrita no estilo "fluxo de consciência".

Vale a pena ler!