spoiler visualizarGuilherme 21/04/2024
Resenha do Livro Warbreaker de Brandon Sanderson
Ficha técnica: Warbreaker foi publicado originalmente em 2009 pela editora Tor Books, eu li a edição em e-book que possui 669 páginas. Ainda sem previsão para publicação no Brasil
Introdução
Warbreaker é essencialmente sobre a imagem. Existem também outros elementos muito importantes e bem trabalhados como o espelhamento entre as duas irmãs, mas a temática sobre a percepção da imagem se sobressai em todos os núcleos dessa história.
Existem quatro personagens principais, Siri, Vivenna, Vasher e Ligthsong, cada um possuindo seu respectivo ponto de vista.
O conflito que dá início a trama é uma possível guerra entre dois reinos distintos, Idris e Hallandren. Ambos consideram um ao outro uma província rebelde, contudo Idris é muito mais vulnerável e sem poderio militar significativo, seu poder deriva de um controle das rotas comerciais.
No início da história existe um tratado de paz entres os reinos que exige por parte de Idris que a princesa Vivenna seja enviada ao reino de Hallandren para se casar com o Deus Rei Susebron quando completar 24 anos. Apesar disso informações passadas ao Rei Dedelin, confirmam que muito certamente o tratado não será respeitado por Hallandren e a guerra será inevitável, sendo o envio da filha apenas um meio de seus inimigos obterem acesso a linhagem real. Além disso existe a real possibilidade de ela ser feita refém ou morta após produzir um herdeiro.
O descumprimento do tratado levará a uma guerra imediata, em um período do ano onde a maior arma de Idris, o clima, não fará diferença. Após muito pensar, o rei Dedelin decide por não enviar Vivenna, mas sim Siri, sua filha mais nova de 17 anos, buscando preservar a vida de sua filha favorita e ganhar mais tempo. Essa troca é o ponto de partida e estabelece o tom e as motivações de grande parte da história.
Construção de Mundo
Warbreaker é um dos livros ambientados na Cosmere, sistema planetário onde se passam a maioria das histórias do Brandon Sanderson. O planeta da vez é Nalthis, e como é de costume possui um sistema de magia completamente diferente e uma cultura moldada em cima disso. O livro apresenta tanto a adoção de um sistema de magia como a presença de outros elementos fantásticos.
Antes de tratar do sistema de magia acho melhor explicar algumas características peculiares de Warbreaker. Aqui todas as pessoas nascem com o que é chamado de Breath (algo como folego, respiração, ou sopro da vida se você estiver se sentindo religioso), ele se manifesta através de uma aura Biochromatica , que permite que todos neste planeta possuam uma percepção da vida ao seu redor. Essa aura permite que as pessoas vejam as cores mais vivas.
O folego é transferível, mas para isso é preciso ser feito uma espécie de ritual, onde a pessoa declama a frase “My life to yours, My Breath became yours” ou “Minha vida é sua, meu folego se torna seu ”. Como consequência a pessoas que doou o folego se trona um drab (alguém que não possui aura), já a que recebeu acumula essa aura.
O Sistema magico de Warbreaker se chama Awekening (algo como Despertar) e consiste em infundir objetos com vida. Para realizar isso a pessoa precisa de possuir um acumulo de Breath. Existem vários níveis de auras, a de primeiro nível é de 50 fôlegos acumulados, ela concede a habilidade de despertar alguns objetos e permite que o usuário perceba qual o nível das auras das pessoas ao seu redor.
Outro recurso necessário para despertar objetos é a cor, os objetos que o Awekener “Despertante” esteja tocado perdem a cor, se tornando cinza. Por último, é preciso que dar um comando ao objeto, esse comando deve ser dito em voz alta de forma clara .
Algumas características do objeto ajudam que o custo de despertar seja menor, por exemplo, se o objeto já esteve vivo ou se ele possui um formato semelhante ao corpo humano.
Como é de se esperar, corpos humanos mortos podem ser reanimados, tornando-se uma espécie de escravo morto vivo, recebendo o nome de Lifeless, (algo como os sem vida). Os sem vidas não precisam de agua ou comida, sendo amplamente utilizados como soldados em na capital de Hallandren, T’telir.
O último elemento magico importante são os Returned (Regressantes). Eles são basicamente pessoas que morreram, mas por alguma razão voltaram a vida. Quando eles retornam sua aura se torna mais forte, equivalente ao quinto nível (2000 mil folêgos). O inconveniente é que eles morrem novamente em uma semana. É possível, contudo manter um Regressante vivo, mas para isso ele deve receber semanalmente um folego. Em T’telir Regressantes são considerados divindades
Sem dúvida Warbreaker é um livro complexo e possui um sistema de magia bastante intrincado, ao mesmo tempo tudo aqui é extremamente coeso.
A cultura de Idris se baseia nos 5 decretos, os quais proíbem a pratica de despertar objetos, bem com a transferência de fôlego. Eles acreditam na simplicidade e buscam não atrair a atenção. Cores vibrantes são proibidas por lá. Eles acreditam em Austre, Deus que segundo eles, envia os Regressantes.
Enquanto isso Hallandren é o oposto. T’telir é uma cidade portuária grande, baseada na manufatura e no tingimento de tecidos. A cidade em si é vibrante e a pratica de despertar objetos é comum. O acúmulo de folego não é apenas incentivado, é um sinal de distinção entre as classes sociais. Eles reverenciam os Regressantes como Deuses e acima deles está o Deus Rei.
Toda a nobreza é composta de Deuses e seus sacerdotes. A burguesia é composta em suma por mercadores. A plebe geralmente é composta por Drabs e refugiados Idrianos.
História e Personagens
O livro acompanha quatro personagens. As duas primeiras são Siri e Vivenna. O conflito da Siri será o de se adaptar ao estilo de vida de Hallandren enquanto tenta não ser engolida pela Corte dos Deuses.
Vivenna por sua vez irá concentrar seus esforços no resgate de Siri e na tentativa de evitar uma guerra entre as duas nações.
Os últimos dois protagonistas são Ligthsong, um Regressante que não acredita na própria divindade e Vasher, um despertante com uma espada que consome cores.
O livro brinca bastante com o contraste entre as personalidades das irmãs, fazendo uma rima com os diferentes modos de vida das duas nações. Gosto de ver como ambas as protagonistas crescem ao longo do livro.
Ligthsong é meu personagem favorito pois tem um humor sarcástico, mas não se resume a um alivio cômico, possuindo momentos de grande introspecção. Gosto muitos dos debates entre ele e Blushweaver.
Vasher ,por mais que seja importante, é trabalhado muito esporadicamente devido a aura misteriosa do personagem. Acredito que essa decisão foi acertada, pois poderia roubar o foco da trama do relacionamento entre as duas irmãs.
Outro fato que gosto bastante é na imprevisibilidade da trama. Devo dizer que consegui adivinhar uma ou outra coisinha, mas em grande parte fui pego de surpresa. A escalada de tensão também é muito bem trabalhada e o último terço do livro faz o leitor se agarrar a cadeira.
Gostaria muito de falar sobre outros personagens, como Susebron, Denth, Brushweaver, Bluefingers, mas isso demandaria muito tempo e tornaria essa resenha ainda maior.
Conclusão
Gostei muito de Warbreaker, acredito que ele está no mesmo nível de Stormilight Archive e Mistborn, com a “vantagem” de (até o momento) ser volume único. Existe uma coisinha que me desagradou no final, mas não creio que afete a jornada incrível que foi essa leitura.