Resenhas - Você não pode ser neutro num trem em movimento

Jonara 15/04/2010

Howard Zinn conta um pouco de sua vida como professor, ativista pelos direitos civis dos negros, sua luta contra as guerras em geral, sua participação como bombardeiro na segunda guerra mundial... Trata da desobediência civil e outras ações de não-violência com intuito de mudar o mundo. É um livro inspirador e profundamente humano. Copio uns trechos da conclusão e deixo a recomendação.

"Certo semestre descobri que havia vários músicos clássicos no meu curso. Para a última aula do semestre eu fiquei de lado enquanto eles se sentaram nas cadeiras em frente a todos e tocaram um quarteto de Mozart. Não é um final muito comum para um curso de teoria política, mas eu queria que minha turma entendesse que entender política é inútil se isso não serve para aumentar a beleza de nossas vidas. Discussões políticas podem amargurar você. Nós precisávamos de um pouco de musica." p. 254

"As pessoas não são naturalmente violentas ou cruéis ou gananciosas, embora elas possam se tornar assim. Seres humanos em todos os lugares querem as mesmas coisas: eles são tocados pela visão de crianças abandonadas, famílias sem casas, as baixas de guerra; eles querem paz, amizade e afeição que vai além das fronteiras de raça e nacionalidade" p.262

"Não precisamos participar de atos grandes e heróicos para fazer parte deste processo de mudança. Atos pequenos, quando multiplicados por milhões de pessoas, podem transformar o mundo." p 262

Laísa 24/11/2018

Um livro maravilhoso
Howard Zinn conta sua trajetória de lutas a partir dos anos 40. De filho de imigrantes pobre a operário, de operário a professor universitário, transformando-se em um dos acadêmicos extremamente respeitado detentor de um profundo humanismo, do qual será impossível passar incólume a seus relatos.

Como o próprio nome não podemos ser neutro em uma situação de injustiça.

Segue os parágrafos finais:

Ser esperançoso em épocas ruins não é ser apenas romântico. É se basear no fato de que a história humana é uma história não apenas de crueldade, mas também de compaixão sacrífico, coragem e bondade.
O que nós escolhemos enfatizar nesta história complexa irá determinar nossas vidas. Se nós vemos o pior, isto destrói nossa capacidade para fazer algo. Se nós nos lembramos das épocas e lugares- e existem tantos- onde as pessoas agiram de maneira magnífica, isto nos dá a energia para agir, e ao menos a possibilidade de mandar o mundo numa direção diferente.
E se agirmos, de qualquer maneira- ainda que pequena-, não precisamos esperar por algum grande futuro utópico. O futuro é uma infinita sucessão de presentes, e viver agora como nós acreditamos que seres humanos devem viver, desafiando tudo que de mal existe ao nosso redor, é em si uma maravilhosa vitória

none 07/02/2019

Liberdade ainda que tardia, liberdade antes do fim
Zinn é um professor que sabe o que fala e escreve porque lutou na segunda guerra e esteve nos movimentos civis no sul dos EUA, foi preso por defender os direitos de voto dos negros, esteve nos movimentos contra a Guerra do Vietnã, foi preso junto com veteranos da grande guerra que sabiam do que se tratava a guerra, qualquer guerra, os interesses por trás das boas intenções dos aliados. Ele viu os erros desses países, de todos eles (Inglaterra, URSS, EUA), e viu também a mãe do Napalm - sendo jogada nas cidades alemãs - uma gelatina de gasolina que destruiu meio milhão de pessoas. Vale aqui mencionar o trecho final do livro

"E se agirmos, de qualquer maneira, ainda que em menor escala, não precisamos esperar por nenhum futuro utópico. O futuro é uma infinita sucessão de presentes, e viver agora como nós acreditamos que seres humanos devem viver, desafiando tudo que de mal existe ao nosso redor, é em si uma maravilhosa vitória."