fabio.ribas.7 29/12/2023
A arte e a Bíblia
A arte e a Bíblia (Francis Schaeffer)
Por causa da minha formação em Letras e das minhas leituras em Umberto Eco, já havia dado ao curso de Comunicação Intercultural, que ofereço à formação de missionários, uma abordagem pela obra de arte. Assim, ler agora Schaeffer e Rookmaaker tem sido uma experiência prazerosa para uma reflexão mais bíblica e teológica. Deixarei aqui um artigo que escrevi há muitos anos e que sempre passo aos alunos para uma introdução à conversa.
O nosso Deus é o Deus da beleza. Achei Francis Schaeffer mais flexível do que Rookmaaker no trato com o que seja a obra de arte. Na verdade, Schaeffer não discuti aqui o conceito de obra de arte (nem Rookmaaker aqui), mas apresenta a base bíblica que deve levar a Igreja a se envolver com a arte. Schaeffer já trabalha com o conceito de cosmovisão. Rookmaaker afirma que a arte revela uma mentalidade. Assim, ambos trazem esse acordo: se a igreja quer evangelizar a sua geração, ela não deve abrir mão da leitura dessa arte produzida e nem os artistas cristãos podem negligenciar que sua arte oferece ao mundo uma visão. Bem, pelo menos deveria. A nossa arte precisa não ser meramente evangelística (como já afirmara Rookmaaker), mas deve ser cristocêntrica e teorreferente. O Senhorio de Cristo deve abranger o homem como um todo. Assim, por que deixaríamos a arte de fora?
A partir de 4 premissas bíblicas, Schaeffer nos oferece um caminho para nos envolvermos com as artes: 1) Deus fez o homem todo; 2) Em Cristo o homem todo é redimido; 3) Cristo é Senhor do homem todo agora e Senhor da vida cristã toda; 4) No futuro, quando Cristo retornar, o corpo será ressuscitado dentre os mortos e o homem todo terá uma redenção completa. Esta última premissa clareia o fato de que não há área humana que não esteja contaminada pelo pecado, inclusive as artes. Assim, devemos tratar essa questão sem romantismo e ingenuidade. Há limites. Contudo, em Cristo, há imensas possibilidades.
"Adorar a arte é um erro; produzi-la, não"! Schaeffer mostrará a arte na Bíblia, desde o AT (Tabernáculo, Templo e trono de Salomão) até o NT. Gostei demais do fato que devemos fazer nossa arte diante de Deus (Coram Deo), pois ainda que os homens não a vejam, Deus vê. O autor irá tratar da música, da poesia, do teatro, dança etc. O que eu mais gostei, contudo, é que a arte entrará no Céu.
Na segunda parte do livro, Schaeffer tratará das 11 perspectivas com as quais o cristão deve se relacionar, abordar e julgar a obra de arte. Gostei demais: "tendo sido feitos à imagem do Criador, somos chamados à criatividade" (p. 46). Gostei dos 4 padrões de julgamento (p. 53). Eu quero avançar mais nessa ideia sobre a pregação (p.54 e 62). Muito bom e, juntamente com Rookmaaker, ajudará no avanço dos meus estudos. IMPORTANTÍSSIMO: "...podem ser feitas afirmações proposicionais em prosa, pode haver afirmações proposicionais em poesia, pintura e praticamente todo tipo de forma artística" (p. 61)." Isto, para mim, é ousado e ainda não consigo ver essa realidade. Mas sigamos na bibliografia.
site: https://revfabioribas.blogspot.com/