z..... 23/04/2015
Lembrando o 22/04...
Obra de resgate histórico da descoberta do Brasil, com textos interessantes e ilustrados. Inicia-se com a visão do descobrimento, pelos navegadores e indígenas, e depois exalta três momentos: A história portuguesa até o 22/04/1500, descrições do descobrimento e os eventos vivenciados por Cabral e sua esquadra após a partida do Brasil.
O primeiro momento, apesar da importância, penso teve mais atenção e foi centralizador (metade do livro dedica-se a isso). Algumas das informações curiosas em minha leitura:
- a visão fantasiosa e desconhecida dos mares e terras distantes, acreditando-se em seres mitológicos e fim do mundo repentinamente em um abismo (independente dos perigos, reais ou não, os navegadores foram ousados e dispostos a uma vida de privações - com sede, fome, noites mal dormidas e doenças rotineiras - sujeitos a intempéries diversas e morte em estatísticas muito altas);
- o "mico do Vasco da Gama" nas Índias (o navegador foi o descobridor da rota e, na tentativa de estabelecer um acordo financeiro em Salicute, foi mal visto pelos "hábitos excêntricos" dos europeus - peludos e de poucos banhos, ou seja, fedorentos - e com presentes que foram menosprezados diante da opulência encontrada na região);
- a escolha do Cabral para chefiar uma importante esquadra, já que não tinha experiência como navegador (o mesmo tinha a seu encargo a liderança diplomática e militar, e a navegação contava com experientes navegadores, como Bartolomeu Dias. Cabral era um homem muito alto, de família nobre e foi orientado a trajar-se com muita elegância em novo contato em Salicute, para acordos comerciais).
Na parte do descobrimento, as terras eram chamadas de Pindorama pelos nativos e Cabral tinha optado por um caminho diferente para chegar nas Índias, entre outras coisas, pelo conhecimento passado por Vasco da Gama (que passou próximo a costa brasileira à distância de avistar aves no retorno para Portugal, após a descoberta das rota das Índias contornando a África). Ô coisa, não! O frei que celebrou a primeira missa no Brasil (Henrique de Coimbra) também foi pioneiro em Portugal, presidindo condenações nos miseráveis tribunais da inquisição (o homem se tornou inquisidor). Gostaria de ter visto mais da cultura em Pindorama e a brevidade no livro foi a única coisa que não gostei.
O retorno foi o que achei mais interessante! Vemos uma viagem conturbada para as Índias, com histórias interessantes entre tragédias e conquistas (exemplo, nessa jornada morreram o Bartolomeu Dias e o Pero Vaz de Caminha). Outra descoberta, pelo menos para mim, foi o conhecimento de outras cartas e autores da expedição de Cabral, como a Carta de Mestre João (quero ler essa também!).
A obra tem muito mais que isso.
Não me tomem por valorizar spoiler! Foi só um sabor e instigação para essa agradável obra.