Marcone.Procopio 09/06/2020
Eu li o livro com a sensação de que alguém estava me contando em voz alta as histórias nele presentes, ao meu lado... Como se alguém me mostrasse as imagens, as fotografias e reproduções de obras de arte, explicando-as e destacando as muito belas e pontuando as que não tinham beleza, aquelas revoltantes mas que para olhos racistas se apresentam como arte. E eu folheava com muito cuidado cada página.
Uma narrativa como a de contos e um projeto gráfico incrível que a complementa e torna as imagens tão relevantes quanto o próprio texto. Lindo. O prelúdio, a introdução e o primeiro capítulo - que versa sobre racismo científico e contextualiza o todo, são seguidos por histórias de vida e de luta de grandes mulheres e homens que lideraram e amplificaram a resistência negra não só no Brasil e em países do continente africano, mas também em países das américas do sul, central e do norte. Há também histórias chocantes, inimagináveis até o momento que alguém as conte e as valide com imagens e fontes orais ou escritas. O Ale Santos, @savagefiction, escreveu um livro histórico mas com uma narrativa atual, com várias referências à música e produção audiovisual contemporâneas. A orelha do livro já dá uma ideia: foi escrita pelo @emicida. Com uma pesquisa histórica de peso e um capricho visual acima da média, ele precisa ser lido por todxs. E como este, todos os demais livros que você ainda não leu sobre a história da escravização e o entendimento do racismo no Brasil e no mundo são imprescindíveis. E como todo livro imprescindível, vai virar fonte de consultas constantes aqui em casa.
E vale muito ouvir e também apoiar o podcast Infiltrados no Cast, também do Ale Santos. Muito bom.