Babi159 07/12/2021
“Saudades do que a gente não viveu...”
Citando nosso menino Neymar, o “adolescente” de 30 anos, inicio meu breve comentário sobre o clássico nostálgico da série Vaga-lume. Eu, até o que sei, não era adolescente no auge dessa coleção infanto-juvenil, mas cresci vendo exemplares como o de “Sozinha no Mundo” circulando pela casa, e isso me causa uma sensação de saudade e infância inexplicáveis. Essa edição do livro que li, inclusive, têm vários rabiscos meus quando era criança, possivelmente ainda não alfabetizada.
Quanto ao livro, é interessante ler uma obra dos anos 1980. O vocabulário da época usado pelo Marcos Rey é politicamente incorreto até dizer chega, principalmente no que tange gordofobia. A personagem Marina não é vista como uma garota. Ela é auferida na obra pejorativamente como “gorda”, “gorducha” e não há sequer uma atitude dela que o autor não remeta ao fato dela estar acima do peso. A menina não pode nem respirar aliviada que o autor já cita algo como “se respirar aliviada aumentasse o peso, Marina ficara mais gorda naquele momento”. Isso que a personagem é do “bem”, imagina se fosse do “mal”.
A personagem principal, Paula, é meio egoísta. Achei super estranho o fato dela perder a mãe e seguir normalmente, apenas tentando achar o tio para ficar livre de um internato. As interações dela com Regina, uma senhorinha gravemente doente, também são pra lá de estranhas no início. Outra questão que não desceu foi ela, uma menina de 14 anos, ter uma sorte sobrenatural ao andar sozinha em São Paulo. Ela simplesmente só encontra pessoas inofensivas nesse ínterim, que a ajudam de todas as formas possíveis. Óbvio que tem um personagem específico que deseja se aproveitar da menina, mas nada absurdo perto do que ela poderia encontrar em uma ficção adulta.
O ponto alto do livro, no entanto, são as reviravoltas. Marcos Rey consegue prender o leitor para só deixar o livro quando desvendar o principal mistério, uma característica desse tipo de obra. Talvez por isso fizesse tanto sucesso com os adolescentes dos anos 70, 80, 90 e início dos anos 2000.
Achei interessante que o último livro da série, já sem tanto sucesso assim nos anos 2000 com a geração xarope Harry Potter, foi lançado em 2008, PORÉM há dois livros lançados em 2020 e 2021. Interessante também ver os autores que compuseram a série, como por exemplo, Marçal Aquino, que ficou bem conhecido pelo genial “Eu Receberia as Piores Notícias de Seus Lindos Lábios”. Vale a pena revisitar esses clássicos que encontramos empoeirados, em meio a faxinas, rs. Nostalgia pura!