Carol 15/02/2020Impressões da CarolLivro: o ano do macaco {2019}
Autora: Patti Smith {EUA, 1946-}
Tradução: Camila von Holdefer
Editora: Companhia das Letras
168p.
2016 foi o ano do macaco, pelo calendário chinês. O ano em que Patti Smith fez 70 anos, o ano em que dois de seus melhores amigos morreram, o ano em que Donald Trump venceu as eleições americanas.
Foi Walter Benjamin que trouxe para o campo teórico a figura do flâneur, um andante, um explorador de ruas, praças, da cidade, enfim. E, Patti Smith, ao escrever suas memórias de 2016, é a flâneuse, por excelência.
Entre a realidade e o sonho, entre shows e cidades mundo à fora, Smith medita sobre a passagem do tempo e sobre perdas. Envelhecer é perder quem sempre esteve conosco.
Se Patti Smith publicar sua lista de compras da farmácia, eu lerei. Amo como a arte está presente em sua vida. Cada livro lido, cada autor que ela descobre, as músicas, as cidades por que passa. Eu me identifico demais. Só em "o ano do macaco", anotei 43 referências de autores e livros.
Quem a acompanha pelo Instagram - sério, sigam essa mulher - já sabe da capacidade que ela tem de transformar pequenas coisas em poesia. Uma artista que compartilha com os fãs seu processo criativo, sua vida. Uma artista completa.
"o ano do macaco" é um livro imperdível para quem é fã de Patti Smith ou para quem ama andar por uma cidade a esmo, encontrar um café interessante, abrir um livro e divagar.
"É lá que encontro os arquivistas da Casa Fernando Pessoa, onde sou convidada a passar um tempo na adorada biblioteca pessoal do poeta. Deram-me luvas brancas que me permitem examinar alguns dos livros favoritos dele. Há romances policiais, coletâneas de poemas de William Blake e Walt Whitman, e seus preciosos exemplares de As flores do mal, Iluminações e os contos de fadas de Oscar Wilde. Os livros parecem uma janela mais íntima para Pessoa do que sua própria escrita, pois ele criou várias personas que escreveram sob aqueles nomes, mas tinha sido o próprio Pessoa quem adquiriu e amou aqueles livros. Essa pequena compreensão me intrigou." p. 94-97