Fabio Pedreira 21/01/2020Bom, só que mais do mesmo Acredito que todo mundo já escutou falar de Lovecraft, seja leitor de terror ou não. H. P. Lovecraft foi um autor muito importante para a literatura com seu terror cósmico, ou seja, o terror que vem do desconhecido, de criaturas que vieram de outro mundo, sendo a mais famosa delas o Cthulhu, aquele bichinho verde de nome impronunciável e cheio de tentáculos na cara.
O autor escreveu vários contos e novelas, mas alguns deles seguem um determinado assunto. Existem os “comuns” digamos assim, os que se passam em sonhos e os cósmicos, onde as criaturas mais famosas dele habitam. É sobre esse último que esse livro vai retratar.
Composto de 10 contos, o livro traz as melhores histórias do horror cósmico. Apesar de seguir uma mesma vertente os contos são bem variados, o que não causa uma sensação de mais do mesmo. A única coisa que se repete talvez seja o fato de que geralmente é sempre um sujeito relatando uma história onde ele presenciou algo inexplicável para os olhos humanos, e todas elas ligadas as criaturas, mas ainda assim, com histórias bem diferentes e algumas com alguns plot twists bem interessantes.
Existe, porém, uma coisa que incomoda, e para quem já leu minhas resenhas de dois livros anteriores do autor sabe o que é. Trata-se do preconceito que o autor tinha, seja com negros ou com pessoas de outras nacionalidades. Antigamente alguns livros tiravam isso nas suas traduções, ou tentavam “amenizar” o caso. Nesse não sei se tentaram, mas em algumas partes é notável esse preconceito, principalmente no último conto, “A sombra sobre Innsmouth”, que apesar disso é um dos melhores contos.
Deve deixar de ler por causa disso? Acredito que não, mas vai de cada leitor, e obviamente não se pode também ignorar. No fim, é algo que incomoda, mas que não tira a importância de suas histórias. Se você quer uma resposta boa para esse dilema, recomendo que leiam A balada do Black Tom do Victor Lavalle, lançado pela Editora Morro Branco.
Mas, deixando isso de lado e analisando os contos, são todos muito bons. Se eu fosse leitor de primeira viagem do autor esse livro ganharia certamente 4,5 estrelas ou até 5. Mas como já conheço alguma coisa das 10 obras presentes, metade eu já conhecia, então não me deu aquela sensação de algo novo, apesar de que são contos muito bons. O ruim é que um dos que eu não conhecia fazem parte dos maiores contos presentes no livro e para mim foi também um dos mais tediosos, chamado “A sombra vinda do tempo”. Então foram 64 páginas que passaram bem lentamente.
Só que, felizmente, isso é bem compensado no restante e meu destaque vai para “O horror de Dunwich” e “A sombra de Innsmouth”. E para finalizar, digo que a edição é maravilhosa, capa dura, diagramação boa e tudo mais, digno de aplausos. Para os que querem se aventurar no autor é com certeza um excelente livro para começar, mas pra quem já é macaco velho talvez não encontre nada novo, e se entretenha apenas pela releitura e pela edição.