Viagem

Viagem Cecília Meireles
Cecília Meireles




Resenhas - Viagem


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Nath 29/09/2020

O tempo transcende, o tempo passa, e a vida continua a ser cantada em poesia
Quando eu comecei a leitura dos primeiros poemas desse livro, eu fui tomada por um enorme sentimento de surpresa, espanto e deleite. Sentimento esse que só foi crescendo, crescendo e crescendo com o passar das páginas, até o ápice final, que culminou num misto épico de variadas emoções internas.

Ouso a dizer, sem sombra de dúvida, que a Cecília Meireles tem um poder quase místico de fazer poesia. E nesse livro, TODOS os poemas foram ditados pelo sentimento da solidão e da solidão da vida humana; o que muito me agradou, pois eu sou uma pessoa essencialmente livre e aprecio bastante os meus momentos de solitude, das reflexões internas e da introspecção. Enfim, a solidão do eu lírico.

A Cecília usou e abusou aqui da metáfora e da simbologia, criando imagens da vida humana tão límpidas quanto cristalinas! E em alguns poemas, eu até cheguei a me emocionar, tamanho o poder de suas palavras em mim.

O livro já iniciou com uma dedicatória da Cecília para os seus amigos portugueses. E em alguns poemas eu reconheci nitidamente a Cidade do Porto, de Portugal, e das minhas próprias andanças por lá. O que me deu um gostinho todo nostálgico a leitura, e me colocou um sorriso no rosto á todo momento.

Por fim, foi extremamente difícil escolher os meus poemas favoritos. O meu livro ficou cheio de marcações com passagens inesquecíveis, e que eu vou querer reler para o resto da minha vida! Mas alguns poemas foram especiais, pois me tocou íntima e pessoalmente. Alguns, são:

* RETRATO
* CONVENIÊNCIA
* CANÇÃO
* MURMÚRIO
* TERRA

E..

* SERENATA *

"Permite que feche os meus olhos,
pois é muito longe e tão tarde!
Pensei que era apenas demora,
e cantando pus-me a esperar-te.

Permite que agora emudeça, amor:
que me conforme em ser sozinha.
Há uma doce luz no silêncio
e a dor é de origem divina.

Permite que volte o meu rosto
para um céu maior que este mundo,
e aprenda a ser dócil no sonho
como as estrelas no seu rumo." / VIAGEM, Serenata, 1939

É LINDO LER CECÍLIA! Sem dúvida, entrou para o meu TOP 5 melhores livros de 2020.
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Katia Rodrigues 08/11/2021

"...com a Morte aprendi essas relações entre o Efêmero e o Eterno"
Considero esta como uma das melhores leituras da vida. Viagem reúne poemas de profunda sensibilidade que flertam com a melancolia de temáticas como a da transitoriedade da vida, do amor, do infinito e do tempo. Com destaque para a fugacidade do tempo e a efemeridade das coisas.

Nessa obra, Cecília traça o caminho da reflexão filosófica e existencial, porém sem assumir uma postura de racionalidade, a reflexão se dá a partir das próprias experiências e do exame aguçado dos próprios sentimentos: a morte dos pais quando menina, a morte da avó que a educara, o suicídio do primeiro marido, o silêncio, a solidão. Foi antes de tudo uma escritora intuitiva.

Nas palavras da própria poetisa: " Acordar a criatura humana dessa espécie de sonambulismo em que tantos se deixam arrastar. Mostrar-lhes a vida em profundidade. Sem pretensão filosófica ou de salvação - mas por uma contemplação poética afetuosa e participante". Maravilhosa, né?!

Cecília faz parte do grupo de poetas da segunda geração do Modernismo brasileiro, junto, por exemplo de Vinícius de Moraes. Ambos Espiritualistas. Vinícius desenvolve um caminho em direção à percepção material da vida. Enquanto que Cecília desenvolve uma poesia intimista e reflexiva, de profunda sensibilidade.

A frequente presença de elementos como o vento, a água, o mar, o ar, o tempo, o espaço, a solidão e a música dão a poesia de Cecília um caráter fluido e etéreo. A musicalidade também é um elemento marcante desse livro. Como no poema Fim:

Ó tempos de incerta esperança
que assim vos desacreditastes!
Cresceram nuvens sobre a lua
e o vento passou pelas hastes.

Vinde ver meu jardim sem flores
no presente nem no futuro,
e a mão das águas procurando
um rumo pelo solo escuro!

Vinde ouvir a história da vida
no sopro da noite deserta.
Caíram as sombras das vozes
dentro da última estrela aberta.

Ai! tudo isto é letra do horóscopo...
E só tu, Estátua, resistes!
— Mas, embora nunca te quebres,
terás sempre os olhos mais tristes.

Viagem marca o início da maturidade poética de sua obra e afiança Cecília como a principal voz feminina de nossa poesia moderna. Por fim, Cecília merece ser lida.
Gio 08/11/2021minha estante
Que beleza de resenha! E esse poema hein... segunda-feira animada.... kkk


Katia Rodrigues 08/11/2021minha estante
Valeu ? eu sempre acho minhas resenhas chatíssimas kkkkk

Ahhhhh eu amo uma poesia melancólica ? E esse da Cecília é até esperançoso, entra na categoria realista esperançoso, como diria Ariano Suassuna "O otimista é um tolo. O pessimista, um chato. Bom mesmo é ser um realista esperançoso"


Gio 08/11/2021minha estante
Chatas nada! Traz até o contexto da escritora, inclusive fazendo paralelo com outro poeta. Eu, que conheço pouco de ambos, já posso me situar um pouquinho.

Realista esperançoso é um jeito bonito de dizer pessimista-otimista, kkkk.

Poesia melancólica... coloca o Alberto Caeiro neste potinho? Acho que gosto tbm...


Katia Rodrigues 08/11/2021minha estante
Caeiro é 100% realista esperançoso kkkkkkkk

Essa pegada de apreciar a realidade da vida, sem idealizações, sem complicações reflexivas, encaixa no realista e a parte esperançosa fica por conta da exaltação da prureza das coisas, da simplicidade e tals


Gio 08/11/2021minha estante
Eh, definitivamente, gosto disso.

Quando tiver lido algo muito potente, que esteja te transbordando e tu queiras compartilhar com alguém, não me importo nem um pouquinho se escreveres num bilhete e deixar lá na minha caixa de correio. ?


Katia Rodrigues 08/11/2021minha estante
Combinado hein ?




TalesVR 04/02/2024

Monumental
Livro muito gostoso de ler, os poemas vão aparecendo num misto de melancolia, reflexões pessoais, uma pitadinha de erotismo e o resultado é ótimo. Versos tão pequenos com uma riqueza tão grande por trás.
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antuan_reloaded 03/06/2023

[8/10]
"Levou somente a palavra
deixou ficar o sentido."

"Virei-me sobre a minha própria existência, e contemplei-a."

Em "Viagem", Cecília Meireles condensa seu projeto literário no limiar entre a tradição e o moderno. Aqui vislumbramos um conjunto de poemas com métrica e rima bem definidos misturados com aqueles de versos livres e brancos.

Com isso, a poeta desenvolve poética extritamente sensorial na qual sobressaem alguns signos. O mar, o som, as ondas, a música volta e meia se firmam como lugares-comuns. De alguns versos, por vezes, se desprende o cheiro de sal e maresia.

Quanto à temática, boa parte gira em torna da efemeridade da vida e o eu-lírico busca na contemplação dos signos supracitados explicação para a sua existência. São poemas, portanto, que se afastam do simbolismo de outrora.
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Aline 18/12/2022

Incrível
Comecei lendo sem esperar nada, mas me surpreendeu muito. Cecilia trouxe diversas reflexões profundas sobre a vida e assuntos que remetem a introspecção do ser humano.
Incrível!
Obrigada Cecilia Meireles
Luíza 19/12/2022minha estante
Morta de vontade para ler por causa dos trechos que vc postou aqui




LiteraLucas 18/03/2024

Impermanência!
É incrível como a literatura de Cecília Meireles é uma Estrela Simbólica e impermanente, num contexto de literatura nacional dogmaticamente realista, materialista e definitiva. O futuro da literatura brasileira está na obra de Cecília!
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Ana 28/11/2013

No livro Viagem a autora Cecília Meireles demonstra sensibilidade, talento e destreza na arte de fazer poesia. É neste livro que encontramos aquele trecho famoso do poema Onda "Quem falou de primavera/ Sem ter visto teu sorriso/ Falou sem saber o que era" que nunca deixa de emocionar. Acredito que qualquer um tem vontade de rabiscar a estrofe em um papel, em uma mensagem de texto ou no canto do caderno para dedicar àquela pessoa especial.
Há também outros poemas lindíssimos nesta obra entre eles o poema Canção que traz uma sensação pessimista e agonizante. Nele o eu lírico abre o mar com as mãos para naufragar seus próprios sonhos e, então, termina dizendo: "Depois, tudo estará perfeito/ praia lisa, águas ordenadas,/ meus olhos secos como pedras/ e as minhas duas mãos quebradas."
Em suma,essa obra literária vale muito a pena para todo aquele que gosta de poesia. Recomendo.
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Paloma.Ferreira 14/05/2021

Particular
Acredito que lerei Meireles pelo resto da vida, sem fadigas. A sua escrita é tão particular e ao mesmo tempo tão plural. Textos cheio de subjetividades que invadem o leitor e simplesmente casa com o seu humor, com o seu sentimento e pensamento. Uma escrita simples, mas direta, preenchida de analogias, como todo bom poema.
Os poemas colocam em voga a melancolía, a solidão, a mesmice, os motivos...

"EU CANTO porque o instante existe
e a minha vida está completa.
Não sou alegre nem sou triste:
sou poeta."

A viagem e uma viagem única e particular no seu próprio eu, nas entranhas mais profundas do ser, nas relações intrapessoais e interpessoais, na infância e na fase adulta.

"Irmão das coisas fugidias,
não sinto gôzo nem tormento.
Atravesso noites e dias
no vento.
Si desmorono ou si edifico,
si permaneço ou me desfaço,
? não sei, não sei. Não sei si fico
ou passo."

E no final a vida é a simples canção do viver, é o ritmo do existir.

"Sei que canto. E a canção é tudo.
Tem sangue eterno a asa ritmada.
E um dia sei que estarei mudo:
? mais nada."
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Juliana Amaro 10/06/2021

Ótimo livro
Retrata uma permanente viagem interior; intimista e introspectiva, sugerindo num tom leve e delicado, temas de solidão, melancolia, fuga pelo sonho, o vazio do existir, saudades e o sofrimento.
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Qlucas 09/08/2021

Aquele canto interior
É um livro com poemas lindos que abordam, através do cantar lírico, os aspectos da transitoriedade da vida humana, a fugacidade dos sentimentos e momentos, a valorização do instante:
'ÉS PRECARIA, e veloz, Felicidade,
Custas a vir, e, quando vens, não te demoras
(...)'
Há um poema tão estranho, tão enigmático, como pode uma se trabalhar arduamente para naufragar seus sonhos e, mesmo assim, sentir realizado?
''(...)
Chorarei quanto fôr preciso
para fazer com que o mar cresça,
e o meu navio chegue ao fundo
e o meu sonho desapareça.
Depois, tudo estará perfeito:
praia lisa, àguas ordenadas
(...)
As imagens e sensações que são transmitidos pela utilização de palavras que intercalam os sentimentos humanos e motivos do cantar com os elementos da natureza são outro ponto que achei belíssimo: o mar e o vento.
''Encoste-me a ti, sabendo bem que eras somente onda, sabendo bem que eras nuvem, depus a minha vida em ti.
Como sabia bem tudo isso, e demi-me ao teu destino frágil, fiquei sem poder chorar, quando cai.''
Preciso reler, sem dúvidas, pois não entendi tudo, mas do pouco que entendi, me cativou muito.
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mari 26/06/2022

Uma viagem pela obra de Cecília
Primeiro eu queria expor que eu comecei a ler esse livro há anos atrás e só acabei recentemente. Não sei, talvez eu não estava preparada para ele antes e ele não fazia tanto sentido quanto ele deveria para manter a minha atenção, mas acredito que o tempo que eu passei lendo foi o necessário. E hoje eu posso dizer que ele é um livro tão sutil, mas tão forte e como a Cecilia escreve lindamente, admito que alguns trechos eu não compreendi totalmente, mas teve alguns que eu não consegui segurar o choro.
Não tenho muito mais a acrescentar, mas queria deixar aqui um dos meus poemas favoritos e que eu sempre me emociono:

- Criança

Cabecinha boa de menino triste,
de menino triste que sofre sozinho,
que sozinho sofre - e resiste.

Cabecinha boa de menino ausente,
que de sofrer tanto se fez pensativo,
e não sabe mais o que sente.

Cabecinha boa de menino mudo
que não teve nada, que não pediu nada,
pelo medo de perder tudo.

Cabecinha boa de menino santo
que do alto se inclina sobre a água do mundo
para mirar seu desencanto.

Para ver passar numa onda lenta e fria
a estrela perdida da felicidade
que soube que não possuiria.

É isso, leiam Cecilia ela tem muito muito para mostrar e tocar esse seu coraçãozinho como uma boa poesia sempre faz.
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Ges 02/11/2020

Cecília tem meu coração.
Cecília foi uma das melhores leitiras desse ano. Me vi em tantos poemas. Sua sensibilidade acessa nossa alma de uma forma tão delicada mas ao mesmo tempo avassaladora. Poemas como serenata, retrato, criança...
vou carregar comigo para sempre.
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nicolasramos 01/11/2021

Julgando pelas minhas preferências, uma obra de poesia dificilmente me cativa. O que torna ?Viagem?, de Cecília Meireles, uma rara e belíssima exceção. No decorrer dos noventa e nove poemas que o compõem, foram despertos em mim sentimentos sobre os quais eu pouco ou nada conhecia, como se cada um deles estivesse esperando o momento certo para amadurecer; há obras que só se pode degustar de maneira proveitosa em momentos muito específicos da vida. Creio que essa é uma delas.

Por aqui, a minúcia serve-se acompanhada da espontaneidade. Autora dispõe suas palavras na intenção de dar voz aos seus pensamentos, sem perceber que, ao fazer isso, acaba por emancipa-las de si para o mundo. Dessa forma, seus temas caem como um manto sobre a mente de quem se aventura por essa peregrinação, apropriando para si aquilo que um dia já foi do outro. A despretensão é responsável por atingir picos deliciosos de conforto e leveza, e, em sua intimidade, Cecília consegue fazer desabrochar sementes de esperança no ledor.

O tempo e a sua passagem vão de inimigos a aliados e de aliados a inimigos em sua relação estrita com a poetisa. Um foco é sempre colocado sobre os ciclos da vida, abordando tudo como passageiro e, a cada análise, um presságio sobre o futuro. Há beleza na solidão, mas Cecília resiste em enxerga-la. Sua visão de amor é deturpada, a idade vem, entretanto, o aprendizado parece demorar mais. Nunca se sabe o suficiente para viver em paz, sem turbulências. A mente da escritora borbulha em meio a sua bagagem, que se faz pesada, porém soa tão rala para si mesma. A insuficiência do ser.

Toda a reflexão proposta é ambientada pela escolha primorosa da autora de inserir a natureza com avidez sobre cada poro desse livro. O relatar do mundo ao seu redor é um dos principais artifícios para Meireles. Como leitores, somos convidados a visitar o mar sem sequer molhar os pés, a sentir a brisa do topo de uma montanha, enrolados em um cobertor sobre o sofá da sala, ouvir o estridular de um grilo ou assistir as estrelas brilhando no céu, sentados no banco do ónibus a caminho do trabalho. O poder de enquadrar a atmosfera é uma das maiores qualidades da carioca e é com ele que ela elabora essa admirável viagem.
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silveira3 13/02/2023

Viajei
Ler essa coletânea parece uma viagem mesmo. uma sensação constante de estar suspenso no espaço esperando o próximo destino (a maioria, acho que nem sabia que existia em mim, apesar de acontecer uma certa identificação)

alguns dos meus favoritos:

- motivo
- retrato
- canção (pus meu sonho num navio)
- gargalhada
- terra
- diálogo
- ressurreição
- epigrama n?8
- onda
- pergunta
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