Laura 08/02/2024
??Se eu tivesse qualquer noção de tempo, saberia que era época de Carnaval, único momento do ano em que os escravizados tinham liberdade para se distrair como bem quisessem. Então, eles vieram correndo de todos os cantos da ilha para tentar esquecer que não eram mais humanos.??
.
Nos autos do processo das ?bruxas de Salem?, há uma breve menção a uma das acusadas como ?Tituba, uma escrava que veio de Barbados e que aparentemente praticava hoodoo?
Nada mais se sabe de Tituba: de onde era, que idade tinha, como foi parar em Salem, o que se passou com ela, quem a comprou depois, pelo preço de sua ?estadia? na prisão, suas correntes e algemas?
A grande lacuna da vida de pessoas que foram submetidas à escravidão, que perdem não apenas a liberdade, mas também o direito a saber a história de suas origens, é preenchida pela linda escrita de Maryse Condé, escritora nascida na ilha de Guadalupe (departamento ultramarino da França no Caribe).
.
Com grande habilidade e com uma escrita poética e, ao mesmo tempo, bastante dura, Maryse cria para Tituba uma história prévia a Salem e, também, posterior ao julgamento, do qual saiu inocentada porém, não livre.
.
Um livro bastante diferente e que dá vida e história de vida a uma personagem que, segundo pensamento vigente a sua época, não merecia qualquer outra nota ou informação que não ?Tituba, uma escrava que veio de Barbados e que aparentemente praticava hoodoo?
.
A edição brasileira que eu li, traz prefácio de Conceição Evaristo, que traz uma análise bem interessante da obra. Como eu sempre faço, deixo o prefácio para depois de concluir a leitura da obra. Prefiro criar a minha própria interpretação conforme vou lendo.
.
Eu, Tituba - Bruxa Negra de Salem | Maryse Condé | Rosa dos Tempos | 250p | ??