Stasilândia

Stasilândia Anna Funder




Resenhas - Stasilândia - Como Funcionava A Polícia Secreta Alemã


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Akemi.Kazihara 22/01/2024

Histórias muito boas, mas leitura um pouco cansativa
As histórias contadas no livro são muito interessantes, a Anna Funder fez um ótimo trabalho ao buscar essas pessoas. No entanto, a narrativa não foi muito agradável para mim, não sei explicar exatamente o que não gostei, poderia dizer que foi a excessiva impressão pessoal da autora que tornava a leitura cansativa.
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Biblioteca Álvaro Guerra 16/01/2024

A data é bem conhecida de todos : 9 de novembro de 1989 caía o muro de Berlim. Ela figura hoje nos livros escolares, nas efemérides dos almanaques e nas inúmeras análises produzidas
para explicar uma guinada do curso da história mundial .

site: site: http://bibliotecacircula.prefeitura.sp.gov.br/pesquisa/isbn/9788535912364
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Alan kleber 13/09/2021

"O mais absurdo sistema de vigilância de que se tem notícia até hoje - na ficção ou na realidade."

Stasiland", de Anna Funder, é uma jornada literária profunda e fascinante que nos transporta para os meandros da antiga Alemanha Oriental e nos mergulha nas complexidades do poder, da identidade e da memória. A obra, enraizada em uma investigação jornalística, transcende os limites do gênero e se transforma em uma exploração filosófica penetrante.

Enquanto mergulhamos nas histórias pessoais das pessoas que viveram sob o regime da Stasi, somos confrontados com questões profundas sobre a natureza do controle e da resistência. A narrativa revela o poder opressivo do Estado e como ele moldou as vidas de indivíduos comuns. À medida que testemunhamos os relatos das vítimas, somos levados a questionar os limites da liberdade pessoal e a vulnerabilidade das identidades sob um regime totalitário.

A busca pela verdade e a tentativa de reconstruir a história desaparecida tornam-se temas centrais na obra. Funder, com sensibilidade e empatia, traça um paralelo entre as narrativas pessoais e o processo de reconstituição do passado. Isso nos lembra do poder de resistência da memória e como a preservação da verdade individual pode ser um ato de rebelião contra a opressão.

Ao longo das páginas de "Stasiland", somos desafiados a refletir sobre a noção de poder e como ele pode ser exercido sobre indivíduos e sociedades inteiras. O retrato detalhado da Stasi nos força a confrontar nossa própria capacidade de influenciar e ser influenciados, levando-nos a explorar a natureza de nossa própria identidade em meio a forças externas.

A temática de "Stasiland" ressoa em nossos próprios tempos, evocando perguntas sobre a vigilância, o poder do Estado e a responsabilidade individual. A obra nos incentiva a confrontar as sombras do passado e a considerar como a busca por verdade e justiça pode moldar nossa compreensão do mundo em que vivemos.

Em última análise, "Stasiland" é um convite à reflexão profunda e à exploração filosófica das questões que cercam o poder, a identidade e a memória. Anna Funder nos conduz por uma jornada intelectual e emocional, incitando-nos a questionar nossas próprias convicções e a considerar a importância de preservar a verdade e a humanidade em face das adversidades mais sombrias.
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Odemilson 01/10/2020

Leia, principalmente se não for o "seu estilo" de livro!
Tirando proveito de um estilo mais jornalístico do que é comum em livros que tratam desse tipo de assunto, Anna Funder marca um golaço. Ao invés de um tratado de ciência política, de uma tese acadêmica ou de um calhamaço de dados estatisticos, sua visão nos oferece um recorte preciso, um panorama vivo e um olhar profundamente humano do que foi o domínio da Stasi sobre os cidadãos da Alemanha Oriental.

Ao escolher transmitir sua história dessa forma e não das outras, seu livro acaba por se tornar um veículo largamente mais acessível para um público mais geral. Por mais tristes que sejam as circunstâncias da maioria das histórias tratadas, a leveza com que Anna escreve e o tom de respeito e atenção às trajetórias tanto de vítimas quanto de algozes fazem com que o produto final seja superior a uma observação fria focada na denúncia ou um exercício puramente acadêmico. É possível encontrar de tudo, de momentos de humor involuntário no ridículo, a momentos de tristeza mesmo face a finais relativamente felizes.

Recomendo a leitura, mesmo (e principalmente) se não for seu estilo. É um conhecimento absolutamente necessário, sobre absurdos ridiculamente autoritários ocorridos há muito pouco tempo atrás para serem ignorados.
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Alê | @alexandrejjr 15/06/2020

De olhos bem abertos

Anna Funder realiza uma proeza que, na minha humilde opinião, deve ser celebrada: ela convence os leitores mais apegados à ficção que é possível gostar de não ficção. Portanto, esse pequeno grande detalhe já merece nossa atenção.

A autora faz aqui o que grandes escritores buscam fazer: colocar você, que está lendo, dentro da história - ou, neste caso específico, das histórias. Com uma prosa deliciosa, irônica e cadenciada somos transportados à Berlim Oriental entre as décadas de 1980 e 1990. O relato feito aqui, tão caro à prática jornalística, é lapidado com cuidado. Os leitores tornam-se, assim como Anna foi, testemunha ocular da História, aquela do "h" maiúsculo. E, para quem não viveu a época, viajamos no tempo para conhecer um dos sistemas de opressão mais terríveis criados pela humanidade: a espionagem. Aqui nem "1984" seria tão preciso a respeito das experiências vividas pelos berlinenses sob a vigia da Stasi, principal aparato de segurança do Estado Alemão Oriental.

Mas não, não é só isso. Com "Stasilândia" entendemos um pouco da política que dividiu o mundo em duas ideologias no pós-guerra. Entendemos por que a burocracia é, na verdade, uma "burrocracia". As histórias contadas neste livro mostram a potência da realidade e funcionam como um aviso à memória para que não esqueçamos: devemos ficar de olhos bem abertos a qualquer possibilidade de novos regimes totalitários.

Indicação fácil, atemporal.
Manuella_3 16/06/2020minha estante
Alê! Que resenha maravilhosa! Vai direto para os meus desejados!


Alê | @alexandrejjr 16/06/2020minha estante
Obrigado pelo elogio! Pode ir tranquila que esse livro é muito gostoso de ler. ?




Geison 29/04/2020

Ano passado completou 30 anos desde a queda do muro de Berlim e reunificação da Alemanha. Para entender melhor o assunto comecei por um livro do Michael Meyer, "1989: o ano que mudou o mundo". Mesmo depois da leitura senti que ainda faltava algo. Seu livro enfatiza entrevistas com proeminentes políticos ou com os ditos "protagonistas" de toda aquela revolução. Mas eu precisava saber os acontecimentos do ponto de vista do alemão comum. Então eu realmente encontrei o que buscava nesse livro da escritora australiana Anna Funder.

Hoje em dia, reunir testemunhos de pessoas comuns para relatarem acontecimentos históricos que mudaram suas vidas não é considerado original. Mesmo assim, essa abordagem literária ainda continua muito interessante."Stasilândia", reúne testemunhos de pessoas que tiveram suas vidas destruídas pelo regime da finada República Democrática Alemã (RDA), seja pela censura ou pela perseguição do governo. Por meio desses mesmos depoimentos é possível traçar um panorama da sociedade alemã oriental, do ponto de vista cultural, político e histórico.

O livro é realmente muito bom, pois consegue nos comover com histórias reais de pessoas que foram separadas pelo muro, que foram violentadas ou torturadas pelo regime. A autora ousou procurar entender os “dois lados da moeda”, entre algozes e vítimas, mas não caiu no erro de solidarizar-se com os vilões. O que funcionou na RDA foi uma espécie de contrato social que consistia em ceder a liberdade e direitos fundamentais a troco de subsídios do Estado. Valia mesmo a pena? De fato, existia uma qualidade de vida naquela república alemã, pois o Estado garantia emprego, educação e saúde gratuitas para população. Apesar desses benefícios, o governo não deixava de ser um regime totalitário que pouco se importava com os trabalhadores. O famigerado socialismo de discurso.

A Stasi, que dá nome ao livro, funcionava como uma espécie de polícia secreta que vigiava e delatava os inimigos do Estado. Essa instituição era o principal braço do regime e contava com uma infinidade de informantes, além de métodos científicos de organização e tortura. Dessa forma, a sociedade alemã oriental era um verdadeiro Big Brother. As punições dependiam das infrações: violar as fronteiras alemãs ou conspirar diretamente contra o governo era gravíssimo, mas até piadas públicas contra o líder do Partido Comunista eram passíveis de punição. Nas cadeias os presos sofriam constante violência psicológica e física, eram privados do sono ou sofriam interrogatórios que duravam quase um dia inteiro. Mesmo quando libertados, os presos políticos continuavam sendo monitorados e sofriam represálias.

Após a reunificação, os arquivos da Stasi foram abertos e a população finalmente pôde saber porque tiveram suas vidas ou sonhos furtados. Muitos descobriram que tiveram suas casas espionadas e sua privacidade invadida. Descobriu-se que quase toda a população esteve sob vigilância, mas boa parte boa parte dos arquivos foram destruídas e muito foi perdido.
Infelizmente, após o colapso do governo comunista, integrar-se à sociedade capitalista e globalizada custou caro aos ossies – como eram chamados pejorativamente os alemães orientais. Muitas empresas foram privatizadas e trabalhadores demitidos, descobriu-se, então, que o capitalismo também era uma decepção: salários baixos, aluguéis caros e desemprego. A frustração e competição nutriu sentimentos de extremismos e saudosismo no leste alemão. Não é toa que nessa região concentra-se a maioria dos crimes de ódio e xenofobia contra imigrantes.
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