Isabella.Wenderros 06/07/2021Devorei!Em meados do século 17, a Igreja Católica decidiu que era necessário povoar a Colônia brasileira, além de fortalecer o domínio cristão numa terra que acabara de ser colonizada. Assim, decidiram enviar jovens órfãs para se casarem com os portugueses que viviam nas terras além-mar. Os noivos custeariam as despesas da viagem, elas não seriam mais um problema para as casas de misericórdia em Portugal e criariam lares religiosos para suas famílias.
Elisa perdeu os pais ainda na infância e passou sua juventude entre conventos. Sem nenhum parente ou dote que garantisse sua segurança, sabia que seu futuro era incerto. Quando chega à Corte uma solicitação para que algumas donzelas sejam enviadas para o Brasil, ela está entre as escolhidas. Se casar com um desconhecido em uma terra estranha não é seu desejo, mas não existem outras opções. Assim, a protagonista embarca numa viagem perigosa que a levará para um lugar completamente diferente de tudo o que conhece e descobre que seu destino pode ser melhor do que jamais imaginou.
Felipe é filho de portugueses e vive uma vida incerta: nunca fica muito tempo no mesmo lugar, está sempre embrenhado no sertão em busca de ouro. Quando recebe a incumbência de ir até o porto buscar algumas jovens que serão casadas com homens da região, aceita a tarefa contra sua vontade, mas parte. Assim que chega e encontra o grupo de mulheres, uma se destaca e chama sua atenção. A atração surge de maneira instantânea, mas ele sabe que não existe chance de proximidade. Entretanto, no meio da viagem algo ocorre e os dois saem em busca de uma pessoa raptada. É assim, em meio ao mato, sujeira e perigo, que um amor floresce e o destino mostra que tem as rédeas da situação.
Entrei nessa leitura sem grandes expectativas e já no começo percebi que seria difícil parar. Sheila conseguiu prender minha atenção do início ao fim, me transportou para um Brasil pós-colonização onde a tensão entre os nativos e os portugueses estava em ebulição e criou um romance que me encantou. A pronta atração entre os protagonistas foi tão intensa que eu consegui sentir através das páginas, foi do jeito que gosto e não me pareceu forçado.
Elisa é uma personagem forte, que sempre sonhou em ter a liberdade de tomar suas próprias decisões, mas nunca teve essa chance. Sua beleza foi o que chamou a atenção de Felipe, mas sua coragem e resiliência foram os fatores que fincaram raízes no coração daquele homem, que ao perceber esses traços, incentivou que ela continuasse assim e não tentou modificar suas características mais marcantes. Além de valorizar as qualidades na jovem, também fazia algo raro: respeitava os povos que já estavam ali antes que qualquer Europeu pisasse naquelas terras, apesar de ter um passado repleto de violência quando se tratava dos índios. Nas páginas finais, fiquei angustiada e com medo de que a nova felicidade dos dois fosse destruída e que, mais uma vez, a moça fosse tratada como um objeto para ser vendida a quem pagasse mais.
Fui positivamente surpreendida, me envolvi com o romance, gostei dos personagens e não consegui parar até terminar. Já estou com o próximo livro da trilogia no Kindle e mal posso esperar para conhecer ainda mais Catharina.