Su 28/01/2016
Comprei esse livro em 2012. E, sinceramente não esperava muito dele. Li ele em duas partes e, talvez isso tenha influenciado meu primeiro julgamento, que não foi muito bom. Mas, me alegro muito por ter decidido relê-lo agora.
Sonia é uma inglesa que recebeu um convite de viajar para Granada, na Espanha, para comemorar o aniversário de uma amiga. A intenção delas era passar seus dias dançando tango.
Mas, Sonia teve uma agradável surpresa quando entrou no café El Barril, a fim de obter um pouco de café. Enquanto folheava um guia turístico, o garçom puxa conversa com ela e, lhe conta um pouco da Guerra Civil espanhola sob a perspectiva da família Ramírez proprietária do bar.
Concha e Pablo tiveram quatro filhos e os criaram em aparente normalidade até Franco instaurar um regime militar. Depois disso nenhum deles estava seguro. Mercedes, Emilio, Ignacio e Antonio vão ver suas vidas serem transformas pela guerra.
Não tenho palavras para descrever esse livro. A autora consegue descrever paixão, amor filial, tensão e dor de forma magnífica.
“Alguns minutos se passaram. Javier estudava aquela mulher que se transformara em outra pessoa enquanto dançava. De forma bastante inesperada, ela o emocionara. Antes, talvez uma única vez em sua vida, uma bailaora conseguira inflamá-lo, no mais das vezes sentia-se como um cavalo de carga levando um fardo pesado. Fazia tempo que decidira não acompanhar ninguém. Com essa moça, fora um dueto.”
“Perder pessoas para ambos os lados do conflito era um duplo infortúnio para a família Ramírez, e estavam aturdidos por terem sofrido aquele golpe. No decorrer das semanas seguintes, sobreviveram imersos num estado de descrença entorpecida, sem se darem conta do fato de que acontecimentos semelhantes estavam ocorrendo em todo o país. Naquele período, não existiu para eles o consolo de saber que sua família não era a única a ser submetida àqueles horrores imprevistos.”
“Naquela fração de segundo, antes do momento sem volta, Antonio hesitou. Havia um homem à sua frente, mais jovem do que ele, cabelos crespos, traços angulosos; os dois poderiam ser tomados como primos. Só a cor da camisa revelava a Antonio que aquele homem pertencia ao lado nacionalista. Era unicamente uma questão de pigmento na tintura da roupa o que o instruía a acabar com a vida do outro, e, se deixasse de fazê-lo agora, provavelmente perderia a dele.”
“— Sabe tão bem quanto eu o que acontece com os que tentam. São destruídos. Completamente. — Pronunciou a última palavra com ênfase. Seu tom mudara por inteiro. — Para mim, trata-se de proteger o espírito humano — continuou. — Para outros, deve ser lutar até o último suspiro. Minha resistência a esses fascistas é ir com eles, sorrir, mostrar que não podem esmagar minha alma, minha verdadeira essência.”
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