Lusia.Nicolino 17/04/2021
Contamos a história ou a história nos conta?
Vinte anos e um dia nasceu de uma história verdadeira. Federico Sánchez, pseudônimo usado pelo próprio Semprún nos tempos de sua militância clandestina, é nosso narrador e nos conduz por três momentos sobrepostos da história da Espanha.
O que se passou no 18 de julho de 1936 e que ecoa pelos próximos vinte anos? Que estranho ritual o historiador estadunidense assiste em julho de 1956? Fechando o ciclo em 1985.
Personagens complexos, que relatam encontros com Ernest Hemingway, o toureiro Dominguín, Enrique Mújica e outros líderes comunistas da época, enquanto desvendamos segredos de alcova de Mercedes e seu amado esposo José María. Que papel caberá aos gêmeos Lorenzo e Isabel? Não é fácil acompanhar a narrativa e o compasso dos personagens fictícios entre os reais, mas é uma jornada com um final surpreendente, história e erotismo na medida exata de nossa compreensão. Quando contamos uma história podemos começar de várias maneiras, mas ela sempre vai terminar no mesmo ponto, principalmente as mais tristes.
Quote: "Fosse como fosse, os acontecimentos daquela tarde de julho pareciam ter se esvaziado de sua substância, como se só fossem isso, um conto, e ao começar a contá-lo mais uma vez Mercedes sentiu-se entediadamente submersa na realidade de um relato e não no relato de uma realidade. Como se o importante já não fosse a verdade da tarde do dia 18 de julho, vinte anos antes, mas a do relato: em si mesma, num desenrolar autônomo do ‘era uma vez’."
site: https://www.facebook.com/lunicolinole