Três guinéus

Três guinéus Virginia Woolf




Resenhas -


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adel 11/08/2023

Três moedas veias e sem valor pra ajudar um sistema inválido se isso já não for o progresso eu não sei mais o que é.
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tbbrgs 25/08/2022

Três Guinéus: como evitar a guerra?
Virginia Woolf está entre as escritoras que mais tenho lido nos últimos anos: esse é o sexto livro que leio dela, apesar de ser o primeiro que decido resenhar. A escrita dela nunca antes tinha me deixado na mão, sempre a considerei fluida, fossem ensaios ou ficção. Mas, pela primeira vez, me vi diante de uma leitura densa.

Em Três Guinéus, Virginia tentou estabelecer uma conexão entre o patriarcado e o militarismo e, para isso, criou dois personagens: uma missivista e um advogado. Esse advogado teria enviado, três anos antes, uma carta à missivista pedindo sua ajuda num esforço para evitar a guerra. Assim, surgiu Três Guinéus, que consiste na carta em resposta dessa missivista ao advogado. No entanto, o percurso argumentativo criado por Virginia é difícil de ser seguido, pois essa carta é dividida em três partes e as duas primeiras partes não respondem diretamente a pergunta do advogado sobre como evitar a guerra, mas traçam um caminho em direção a outras cartas, aludidas ou citadas, que também pedem a ajuda da missivista para duas outras causas (contribuir para o fundo de reconstrução de uma faculdade para mulheres e para que as filhas dos homens instruídos consigam ingressar em profissões e ganhar a própria vida). A partir da argumentação, nessas duas primeiras partes da carta, do motivo pelo qual ambas as causas deveriam ser apoiadas (sob certas condições), Virginia Woolf começa então a esclarecer a questão inicial referente à guerra, na terceira e última parte.

Em suas explicações, ela usa e abusa de casos de pessoas reais e da vida cotidiana, retirando excertos de jornais diários, citações de biografias, fatos da história, dados e estatísticas de livros de referência. Particularmente, foi isso o que tornou a leitura ainda mais difícil: a quantidade de notas no fim do livro explicando o contexto de cada caso, de cada vida, de cada fato e acontecimento era surpreendente.

Dessa maneira, o principal argumento de que Virginia se utiliza é que as mulheres precisam de independência econômica e liberdade intelectual, argumento que, segundo ela, está ligado ao esforço de como evitar a guerra, pois a guerra é um produto do homem. Assim, se as mulheres tiverem oportunidades para ascender através das camadas sociais por meio de sua independência econômica e liberdades intelectuais e, consequentemente, se tornarem as novas líderes da sociedade, elas poderão gerir, então, uma nova, reformulada e pacífica sociedade.

Analisando esse argumento sob uma ótica contemporânea, eu diria que discordo de Virginia, pois não creio que a guerra é um instinto masculino. Não creio em instintos de gênero. Acredito que os homens e as mulheres nascem e logo lhes são determinados papéis de gênero a cumprir. Os homens devem ser durões, não podem chorar e acham que têm esse tal de instinto bélico, um instinto arraigado à masculinidade tradicional que lhes diz que devem ir à guerra, defender a pátria, lutar com bravura e blablabla. Mas, na verdade, eles devem começar a criar uma masculinidade desconstruída, esquecer os instintos de guerra e pensar em como seria uma sociedade livre das armas e das disputas, prezando pela paz. Virginia Woolf, obviamente, não pensa sobre esse aspecto. A crítica sobre os papéis de gênero com relação à masculinidade bélica está ainda muito à frente de seu tempo. Eu quis apenas apimentar a discussão. Fim da resenha.
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pinksuricato 19/11/2021

O que devemos fazer para evitar a guerra?
Eu sou uma declarada fã dos ensaios de Virginia Woolf, e estava empolgada para ler esse livro. Aqui a estrutura utilizada na obra é muito interessante e um pouco diferente de outros ensaios que li da autora: é através de uma carta, escrita por uma personagem fictícia para responder outra carta fictícia, que Virginia tenta responder uma questão: o que devemos fazer para evitar a guerra? A carta-ensaio, além disso, é dividida em capítulos, o que se torna bastante coerente no decorrer da leitura do livro, bem como as fotos incluídas na edição.

Virgínia escancara, escavando a história com o auxílio de biografias e outros livros, as raízes dos mecanismos que, na época, limitavam e impediam mulheres de ter ou expressar alguma opinião ? e, se não pudessem fazer isso, algo tão básico para qualquer ser humano, como poderiam efetivamente impedir a guerra? A solução para o problema, o rascunho de um futuro mais iluminado, está presente nas páginas do ensaio, onde é possível ver o esboço de uma sociedade que não apenas contribui para a liberdade e independência de todos os seres, mas também que não considere mais a guerra como uma opção.

Ao final do livro, há um posfácio escrito por Naomi Black e traduzido por Lúcia Leão, que pode ser lido como uma análise da visão política de Virginia a partir de suas ações ? e não apenas obras ? em vida. É um complemento bastante rico para a a leitura do ensaio, e a inclusão desse posfácio me fez gostar ainda mais dessa edição do livro lançada pela Autêntica.
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José Cláudio 02/06/2021

Nessa obra conhecemos a faceta de ensaísta da grande Virgínia Woolf, famosa por obras-primas como Ao Farol e Mrs. Dalloway. Ela articula muito bem suas opiniões sobre o papel da mulher na sociedade num texto em formato epistolar. Destaco também a qualidade da edição da Editora Autêntica, com capa dura e sobrecapa muito bem feitos, tudo isso ajuda na experiência de leitura!
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Antônio 04/04/2021

Constantemente exaltada pela qualidade dos seus textos ficcionais, Virginia Woolf também produziu ensaios importantes sobre política. Antes de tudo, Virginia produziu textos feministas, preocupados com a política e a apresentação de alternativas radicais ao patriarcado e ao sistema capitalista como um tudo.

Sim, conforme aponta Naomi Black e também é possível aferir em alguns momentos da sua ficção, Virginia se opunha diretamente ao capitalista, criticando o sistema por diversas vezes. No entanto, o seu feminismo não pode ser identificado como um feminismo socialista.

Em "Três Guinéus", as propostas feministas de Virginia vão desde o salário para o trabalho doméstico até a completa superação da sociedade que vivemos a partir de valores que impulsionam a competitividade, a hierarquização de seres humanos e a violência institucional, bélica e de gênero. Seu feminismo enxergava para além da igualdade formal e material de homens e mulheres, mas também analisava as estruturas de poder inerentes às instituições.

Fruto da sua época, Virginia Woolf foi uma feminista pacifista e suas ideias devem ser enxergadas tanto na inserção do contexto que ela viveu, mas também como a frente do seu tempo.
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