A falência

A falência José de Alencar
Júlia Lopes de Almeida




Resenhas -


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Claire Scorzi 29/03/2021

Entre Realismo e Naturalismo
O mais famoso romance de Julia Lopes de Almeida chama a atenção na primeira pagina: descrevendo trabalhadores em movimento, uma escritora do inicio do século XX demora-se na descrição da seminudez desses mesmos trabalhadores homens. Parece banal, mas não; a própria autora nos informa na segunda pagina que raras eram as mulheres pela rua, quando muito as criadas e algumas estrangeiras de baixa condição. O olhar de JLA faz-se exato: ela vê, e portanto registra; ela não é mulher ou homem: é escritora. Um escritor fala do que vê.
Ainda que ao longo da narrativa, Julia Lopes de Almeida revele, nas observações, nos reparos, nos rompantes indignados de personagens femininas, a sua condição de mulher, além de escritora, de quando em quando o leitor se depara com isso, com esse olhar que enxerga e portanto registra, com esse olhar que se nega a transigir e evitar por um pudor ensinado como essencialmente das mulheres; suas figuras femininas são seres sexuados e isso fica claro; não há preocupação moral - no sentido moralista ou moralizante - ; há necessidade de ser verdadeira.
Há insinuações, pontos em aberto, psicologia e um mergulho no mundo masculino do trabalho - o trabalho que os homens fazem, que eles conhecem, o ambiente no qual eles vivem. Tudo isso não deixa de impressionar o leitor.
Um romance de narrativa ora realista, ora com laivos naturalistas (certas descrições da sujeira e da miséria são exemplos) que tem um final possível de levar o leitor a uma pergunta: "E agora?" Talvez o fim seja aquilo. Mas talvez não...
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sarittah 16/10/2022

A falência
Admito novamente que li por ser leitura obrigatória do colégio.
É um romance naturalista, que quando você começa você talvez fique um pouco perdido e diga ?nossa que chato? mas quando você pega o ritmo fica UAU.
Eu não esperava absolutamente nada desse livro mas me entregou MUITO!
a história de cada personagem, o microfeminismo, as reviravoltas, plot twists, a hipocrisia, racismo? eu não esperava nada do que me foi entregue.
O final foi simplesmente de cair o queixo.
Recomendo, apesar de não ser uma leitura muito leve. Não seria algo por exemplo que acho que teria lido por conta própria kkkkkk mas visto que li e gostei fica por isso.
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Leila 27/12/2022

Amei ter lido A falência, livro delicioso de ler e que diz muito de sua época. É clichê? sim. Já lemos 999 outros iguais? sim, mas mesmo assim é bom! Para mim em particular foi meio que "nostálgico", me lembrou da época que percorria sozinha as prateleiras da biblioteca municipal de Franca e escolhia eu mesma minhas leituras, À esmo, sem influência nenhuma e de vez em quando me deparava com leituras assim. Também temos que olhar A falência contextualizando sua época, um livro que fala sobre decadência moral e financeira num "mundo" de valores tradicionais e de aparências. Num sei não, mas tenho minha impressão que D. Júlia Lopes de Almeida deve ter sido um cadinho corajosa em expor tanto essa realidade em sua obra. Uma pena que seja um livro tão pouco comentado. É daqueles romances românticos à moda antiga, que ainda dá gosto de ler, mesmo sabendo o final, rs
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Dri 06/09/2021

Ruína
Julia Lopes é uma escritora carioca e retrata em seu livro "A Falência" as questões do século 19 em que apresenta o caráter pessoal da família de Teodoro homem rico que, por infelicidade, sofre uma grande perda financeira levando-o a cometer uma tragédia. O livro é um romance com vários estereótipos, como a superficialidade e a infidelidade. Pela visão da escritora é um livro que remete ao período do café, republicano acabando de sair do Império, período de especulações financeiras o que vem a levar a derrocada de Teodoro.
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Bianca 17/08/2020

O livro "A falência", já em seu início, demonstra aspectos naturalistas, por meio do uso da sinestesia, mostrando o ambiente cheio e confuso da produção de café de Francisco Teodoro, o qual veio de Portugal para o Rio de Janeiro, com um único objetivo: o enriquecimento pelo trabalho duro.
A história traz como foco esse personagem, que já cheio de fortuna, casa-se com Camila, pela qual Teodoro é encantado. Durante essa vida de riquezas e futilidades do casal e dos filhos, são apresentadas grandes festas, almoços frequentes com a alta sociedade...
Entretanto, a autora desmascara esse mundo trazendo críticas, de influência naturalista e realista, como a crítica ao casamento, à religião e aos resquícios da escravidão, retaratado, pricipalmente, pela negrinha Sancha.
A obra mostra também indícios de uma emancipação feminina, com destaque no final do livro.
Ao longo do livro, a história é muito bem construída com uma linguagem simples e fluída para um livro publicado em 1901, prendendo a atenção até mesmo de leitores contemporâneos. Junto com isso, há personagens que contagiam, como Ruth, com seus devaneios e amor pela arte, e Noca, influenciando todos do palacete Teodoro com suas crenças e superstições.
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Eduarda.Silva 16/07/2021

incrível...
Cuidado hah, darei apenas um spoiler.

Publicado em 1901, a obra faz parte do realismo brasileiro, mas com influencuas do naturalismo e do determinismo social. Possui um narrador em 3° pessoa e nos mostra o RJ no final do século XIX.

Francisco Teodoro era um português rico, conservador e comerciante de café, ele procurava um casamento por interesse, gostaria de uma mulher que fizesse os serviços domésticos.

Camila: jovem e bonita topou se casar com ele pela conveniência, seus pais ficaram sem estrutura no RJ e teriam que voltar para o Sergipe, então se casando, Francisco Teodoro sustentaria a todos.

O livro critica a prática do casamento por interesse (muito comum na época).

Ao desenvolver da obra, Camila tem um caso com Dr. Gervásio, ela era apaixonada desde o início, mas o Dr. só se apaixonou após ver a sua submissão a ele.

Francisco Teodoro perde toda a sua fortuna e comete suicídio, Camila, a sobrinha e os filhos vão morar em uma casa simples e se viram para sobreviver, até que houve a ideia de pedir Dr. Gervásio em casamento para que a situação melhorasse, mas diante ao pedido, o Dr. se declarou casado.

Júlia Lopes de Almeida apostou na narrativa de mulheres fortes, questionando o modelo social da época com as mulheres se "virando" sem homens.

Podemos interpretar o título de três formas, a Falência (literalmente) da empresa de Francisco Teodoro, a Falência do sistema econômico baseado no ciclo do café e na Falência do modelo de família patriarcal.
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nath191 16/01/2024

Falência
Realismo brasileiro escrito por uma mulher? Não tinha como errar.

O tipo de história que eu gosto, com personagens que eu amei, escrita do jeito que eu gosto, porém com o bônus das descrições das personagens femininas não serem feitas por um homem!!!
Nossa, isso foi realmente muito bom de ler.
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Mai.lendo 25/04/2021

Temática a frente do seu tempo
Júlia Lopes de Almeida vem com uma temática bem a frente do seu tempo, importante, e sempre tão atual. Mas a história, para mim, só começou a acontecer e se desenrolar nos últimos capítulos, a narrativa as vezes se tornava arrastada, mas havia sempre aquela sensação de saber o que viria em seguida. O final me deixou com aquela sensação de que ?tá faltando alguma coisa?.
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Itamara 31/05/2021

Uma mulher à frente de seu tempo.
Ler, descobrir e refletir a história e os fatos a partir do olhar feminino é uma experiência muito enriquecedora. Além de nos chamar atenção a história que envolve a escritora Júlia Lopes de Almeida, como o fato de ser preterida nos círculos literários de sua época e ser impedida de fazer parte da Academia Brasileira de Letras mesmo participando de sua fundação, "A falência" é uma narrativa que nos faz refletir sobre a autonomia das mulheres e que papel ela possuem em uma sociedade patriarcal.

O ano é 1891, Rio de Janeiro, economia cafeeira em expansão e o retrato de uma família burguesa em ascensão. Adultério, escravidão, fanatismo religioso, conflitos familiares, relações de conveniência e ganância ao extremo são as temáticas desenvolvidas. O mais interessante é notar que não há aqui a intenção de um moralismo tão comum em certas obras, sobretudo quando se fala da traição. Os diálogos, que para mim são o ponto alto da obra, permitem que o próprio leitor reflita e chegue à conclusão que desejar.

A descrição dos cenários é tipicamente naturalista e por diversas vezes me lembrou "O cortiço", de Aluísio Azevedo - as cores, os cheiros, os corpos dos trabalhadores do café, permitindo assim uma visualização bem clara do ambiente.

Destaque ainda para a construção das personagens femininas e o quanto elas são bem mais desenvolvidas e aprofundadas do que os homens. O enredo constantemente direciona às mulheres o papel de protagonismo e demonstram que ainda que isso não fosse estimulado, havia um certo incômodo nas relações de gênero desde muito tempo.

"Nada vale antecipar as tristezas, que nem por isso as coisas deixam de vir, pelos seus pés ou pelas suas asas, quando têm de vir"

.
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cheiro de livro 24/08/2022

simplesmente genial
o primeiro livro realista/naturalista que eu gosto na teoria e na prática. Essa autora inovou a perspectiva sobre adultério feminino, e a mulher teve um fim melhor que o homem. Eu achei q foi uma leitura envolvente e rápida (consegui ler em 15 dias, vencemo fml!
eu tb chorei pq fiquei decepcionada com homens (sim no plural, mas melhor chorar por homem fictício do que na realidade, pq assim que papelão
leiam esse livro, apenas
bj
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Sara Veronese 03/08/2021

A perspectiva feminina em um romance burguês torna o livro interessante, contudo a história acontece toda no final, o que torna A falência uma leitura arrastada, só de fato prendendo a atenção nas últimas páginas do livro. A autora consegue deixar bem nítido o fim do romantismo e o contraste com o realismo, estilo facilmente identificado dominando a escrita da obra. No geral é bom, mas a contextualização/ambientação é desnecessariamente longa
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Soares 08/04/2021

Hoje "A Falencia" foi resgatada do esquecimento graças aos vestibulares que começaram a cobrar a obra como leitura obrigatória. É triste saber que uma autora tão importante para sua época como Júlia Lopes de Almeida, até pouco tempo era desconhecida pelos estudantes.
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Lirieudo 15/11/2020

Eita que sofrimento
Saindo da ressaca com literatura clássica brasileira. O ambiente do livro é muito agradável pra mim. Amo o século XIX na literatura. Achei a narrativa lenta, mas o final foi bem mais rápido. Pense numa humilhação o desfecho.
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samir27 28/07/2021

A Falência
Por onde eu começo... Hum, eu achei um pouco complicada a leitura. Demorei pra ler e entender até porque a escrita ultiliza de termos que eu ainda desconhecia. O livro se passa no Brasil e fala da vida de Camila, sobre seus adultérios mas da me forma onde ela percebe que as mulheres da época que que viveu, onde não precisavam de homens, sejam eles amantes ou maridos. Mostra que as próprias mulheres podem sim, cuidar de si. Muito além do individual mas como num grupo, uma coletividade.
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Nélio 28/08/2021

Brasil, final do século XIX, início do período republicano. Nessa época, uma mulher – e escritora! – resolve escrever sobre, dentre outras coisas, a ruína de uma família cuja riqueza baseava-se no comércio do café. Francisco Teodoro, um português que veio com o objetivo de se enriquecer no país, teve uma vida que o levou e à sua família da pobreza à opulência, com o fruto de seu trabalho. De repente, ele se vê, por uma escolha azarada, arruinado, realmente falido.
A autora, Júlia Lopes de Almeida, carioca, era alguém que, vivendo em uma época dominada pelo universo masculino, resolve abordar a infidelidade feminina de uma maneira muito diferente do que era encontrado em outros romances da época. Camila, sua personagem, não é execrada publicamente, ou algo do gênero. Ela, simplesmente, vive seu relacionamento extraconjugal com um médico “bom vivant”, sem tantas culpas ou remorsos. Ela não é punida com o exílio, por exemplo. O que não quer dizer que ela não tinha consciência de sua culpa, uma leve “mea culpa”, não mais que isso.
O livro, cuja linguagem utilizada é bem objetiva e antirromântica, é uma obra que merece ser lida por quem reconhece o valor da nossa literatura brasileira, em diversas épocas. É uma pena escritores e, principalmente, escritoras permanecerem apagados por tanto tempo. Há muitas autoras que precisam ser resgatas do limbo literário que um projeto mesquinho e machista sem codinome, mas que persevera há muito tempo, tem construído como um cânone literário que exclui tanta gente, tanta obra, sem nos dar sequer o direito de escolher o que ler.
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