Marcos 20/07/2020
O (RE)INÍCIO E O LEGADO CONSTRUÍDO NAS TREVAS
O (RE)INÍCIO E O LEGADO CONSTRUÍDO NAS TREVAS
Quando se fala no homem morcego, automaticamente, somos remetidos a sua personalidade soturna e o seu ar tenebroso. De fato, antes mesmo de analisarmos sua extensa liturgia, a primeira imagem que se tem é sempre a de um homem profundamente atormentado por um crime que vitimou seus pais e que, como remédio, abraçou as trevas como forma de tentar seguir em frente.
Mas nem sempre foi assim.
O emblemático personagem criado em 1939 por Bill Finger e Bob Kane teve incontáveis facetas até o seu “último recomeço”. Somente no ano de 1986 o Batman, da forma que hoje o conhecemos nos filmes e até nos jogos, teve sua gênese definitiva. E os responsáveis por tamanha façanha foram Frank Miller e David Mazzucchelli.
Assim surgia “Batman - Ano um”, a obra que ressignificou a mitologia do Morcegão, uniu a excelente história assinada por Miller e a incrível narrativa gráfica de Mazzucchelli. Particularmente não acho suficientemente justo afirmar que essa obra é apenas um dos maiores clássicos da DC ou que conta a história do primeiro ano de Bruce Wayne como Batman, Ano um revoluciona e reinterpreta a origem do Homem-Morcego e do próprio James Gordon.
Não há, definitivamente, uma magia fabulosa ou heroísmo em demasia neste enredo, este Batman não foi pensado para ser um “cavaleiro da esperança” ou um representante da moral e dos bons costumes”. O seu estado de tristeza constante, a ira, a revolta e o desejo de vingança é o que representa a psique do protagonista. E o ponto mais controverso de tudo é que o vigilante encapuzado é que é a verdadeira faceta do personagem.
Portanto, resta-nos concluir que Bruce Wayne é a fantasia escolhida para proteger a identidade do homem morcego que é o verdadeiro eu interior do personagem principal.
Ano um é o que costumam chamar de “a origem definitiva” e confesso que fico mais fã do personagem a cada leitura que faço.