@livrostasticos 29/07/2020
O Filho das Sombras é um seguimento digno de Filha da Floresta. É uma história lindamente escrita, comovente e emocionalmente impactante. No entanto, meus sentimentos de admiração por esta obra estão misturados com um pouco de decepção. A maior parte das pessoas que conheço que leram o livro acharam essa história tão notável quanto a primeira, e eu, definitivamente, achei que a primeira era uma história melhor. Então digo decepcionante, porque entrei nessa nova aventura esperando que ela fosse igualmente boa, se não melhor, que sua antecessora, e não o foi. Não que seja um livro ruim, de forma alguma.
O primeiro livro, Filha da Floresta, foi uma jornada emocional. Foi uma história sobre família, sacrifício, sofrimento, violência e força. Empurrou os limites da resistência, quase ao ponto de ruptura, até quando tudo o que eu queria era levantar as mãos em derrota por Sorcha e pedir a saída mais fácil, mesmo sabendo que a alternativa era perder tudo. Mas mesmo por tudo isso, a história foi linda, mágica e romântica. O livro me impactou profundamente e me deixou com o coração na mão.
Enquanto que o primeiro livro foi essa tempestade de emoções o segundo foi mais... calmo, talvez. Não me entendam mal, eu amei o livro; a escrita da autora é lindíssima, o enredo foi interessante e alguns dos rumos tomados no livro genuinamente me surpreenderam.
Porém, Liadan experimentou pouco ou nenhum crescimento ou desenvolvimento enquanto personagem. Desde o início ela já é uma personagem extremamente bem desenvolvida, uma protagonista modelo. Quase perfeita, muito embora não chegue a ser irritante por isso. Liadan é fiel, determinada, obstinada e muito sábia para a idade –o coração de Sevenwaters, como foi dito várias vezes no texto–, então foi decepcionante ver que sua personalidade não passou por muitas mudanças, apesar dos eventos que enfrentou. Em vez disso, seus irmãos, Niamh e Sean, são muito mais falhos e humanamente realistas do que Liadan, passando por estágios de crescimento muito mais drásticos do que ela, mas apesar disso, eles não se enquadram no suficiente da história e senti muita falta do o forte vínculo entre irmãos que é tão palpável entre Sorcha e seus irmãos.
De modo geral, este livro não tem a sutileza e profundidade do primeiro, mas, considerando todos os outros fatores, ainda era uma história muito boa. A escrita é forte, os personagens são fortes (embora um pouco perfeitos demais ou um pouco falhos demais), e a história em si é forte. O romance do livro também está entre as coisas que gostei. Liadan e Bran foram um casal interessante de acompanhar, o romance deles muito mais físico do que tivemos entre Sorcha e Red o que, honestamente, foi uma mudança muito bacana. Uma leitura fantástica, quero logo o terceiro!