Malone morre

Malone morre Samuel Beckett




Resenhas - Malone morre


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Loren 06/02/2017

Quando a edição faz a diferença
Eu não conhecia Samuel Beckett, e não conheço a proposta / corrente literária do qual o autor faz parte. A edição da Folha de São Paulo o descreve como "um dos maiores escritores da segunda metade do século XX", ganhador do prêmio Nobel de 1969, e sem grande introdução à obra em si.
Existem livros que não dependem de introdução prévia, de informação sobre o autor e contexto da obra, ou da boa vontade do leitor.
Este não é um desses livros.
Uma história curta, não convencional, e que oscila entre momentos em que o leitor se vê afetado pela narrativa, e outros - muitos outros - em que não é possível o mínimo envolvimento com a obra.
Aqui fariam toda a diferença textos de apoio que preparassem o leitor para o conteúdo do livro, que o contextualizassem historicamente, para que este pudesse ser absorvido no que tem de melhor para oferecer. Em suma, colocassem o leitor no estado de espírito necessário para Malone morre. Sem isso, é uma edição crua, que provavelmente só será plenamente aproveitada pelos já iniciados em Beckett.
Matheus.Rocha 19/12/2018minha estante
concordo com tudo que você disse. O livro não é, nem um pouco, envolvente.


Michel 25/06/2019minha estante
De fato, eu o classificaria como consequencial, não serve como leitura iniciante do autor, o que foi o meu caso...




17/11/2016

Li esta edição procurando o trecho abaixo, mas não encontrei. Parece-me que este trecho é da tradução de Paulo Leminsky.
"Levei um tempão para encontrá-lo, mas eu o encontrei. Como o reconheci, não tenho a mais vaga ideia. E o que poderia tê-lo mudado tanto ? A vida, quem sabe, as tentativas de amar, de comer, de escapar dos que querem vingança. Escorrego para dentro dele, sem dúvida na esperança de aprender alguma coisa. Mas são camadas geológicas sem restos fósseis nem vestígios. Acabarei achando vestígios nesse terreno. Foi no coração da cidade que o encontrei sentado num banco. É quase um velho agora. Como o reconheci ? Pelos olhos, quem sabe ? Não, não sei como o reconheci, não vou me retratar de nada. Talvez nem seja ele. Pouco importa. Agora, ele é meu. É um ser ainda vivo e, é inútil dizer, do sexo masculino; vive essa vida crepuscular que é como uma convalescença, se é que minhas lembranças são minhas , e que você saboreia perambulando depois do sol, ou sob a superfície, nos corredores do metrô. Em volta, há o fluxo dos fodidos da vida, comprando passagens, carregados de bagagens, eternamente ali onde não é preciso, no momento em que não é preciso estar." ( Malone Morre. Samuel Beckett).Tradução de Paulo Leminsky. Círculo do livro.
Juliana 13/04/2018minha estante
Página 57 com esse final traduzido como "Por toda parte é a multidão dos de saco cheio, pegando as passagens, carregados de malas, eternamente lá no lugar errado na hora errada."




Na Nossa Estante 31/10/2016

Antes de mais nada gostaria de avisar: escrever sobre Malone Morre não foi um exercício fácil. Samuel Backett abriu mão de todos os artifícios tradicionalmente facilitadores da leitura, o texto não é divido em capítulos, os parágrafos são longos, nem sempre ele respeita as regras da gramática em um texto difícil de adjetivar.

Nele conhecemos Malone, um homem já idoso, doente, preso em uma cama de um lugar indefinido, pode ser um hospital, asilo, manicômio, casa de repouso... Ele não sabe onde se encontra, nós também não sabemos. Estando em dias de morrer, Malone se mune de lápis e caderno e para preencher seu tempo ocioso escreve o inventário de seus poucos bens e histórias aleatórias sobre personagens igualmente aleatórios, os quais podem ter ligação com seu passado ou não.



Nada é claro ou óbvio em Malone Morre. Se as histórias contemporâneas pecam pelo excesso de explicações, os autores e autoras constantemente fazendo questão de explicar milimetricamente ao leitor todas as suas intenções ao expor seus personagens a essa e aquela situação, Beckett não libera nada. Há ao nosso dispor apenas o personagem principal e sua viagem psicológica através das histórias absurdas criadas por ele, as descrições milimétricas do quarto onde vive, a paisagem vista de sua janela, os seus pertences. Se tudo aquilo tem significado implícito, se há alguma critica a realidade, se cabe problematização ou não, se há sentido para tudo isso... Bem... Cabe ao leitor a responsabilidade de ligar os pontos, procurar sentidos, descobrir se há genialidade na história realmente ou os elogios ao autor são vazios e o "Imperador está nu"¹.

Para mim, evidente mesmo no texto de Samuel Beckett são sujeitos marginais: pobres, mendigos, doentes, subempregados, habitantes daquele mundo existente abaixo da linha da pobreza. Ele aborda o cotidiano dessas pessoas de uma forma muito crua, assertiva, sem dramas, sem aquela romantização da vida tão corriqueiramente feita para arrancar lágrimas de nosso coração sensível. A vida, ou a sub-vida, dos miseráveis emerge da narrativa de Beckett como o que é: ABSURDA.

Todas as histórias contadas por Malone, quer façam parte do seu passado ou não, são absurdas. O próprio Malone e seu inventário de objetos pessoais equilibrados entre souvenir e lixo, esse homem idoso isolado em um quarto de um local desconhecido a ele mesmo, imobilizado em um cama sem contato com qualquer ser humano, é um absurdo. Malone Morre é chocante, cru, ABSURDAMENTE REAL, palpável, encontrável em qualquer esquina... Como pode??!?!?

Dito isso, preciso admitir, as 128 páginas de Malone Morre me soaram tão pesadas quanto por exemplo as mais de mil páginas de Os miseráveis. A temática dos dois livros são semelhantes, divergindo apenas quando Victor Hugo te mata de tanto chorar e Samuel Beckett só te deixar "absurdada" no canto, pensando em o quanto a vida é absurda.
____________________________

Notas:
¹ Referencia ao clássico conta de Hans Christian Andersen "A nova roupa do Imperador".

site: http://www.oquetemnanossaestante.com.br/2016/10/malone-morre-resenha-literaria.html
Michel 25/06/2019minha estante
Gosto de ler boas resenhas e a sua está ótima. Precisamente as mesmas sensações que tive ao término desta leitura. Gosto de acompanhar bons resenhistas, pois sou um eterno aprendiz... Estarei visitando o site e seguir seus trabalhos.

Abraços!!




Pandora 14/10/2016

Antes de mais nada gostaria de avisar: escrever sobre Malone Morre não foi um exercício fácil. Samuel Backett abriu mão de todos os artifícios tradicionalmente facilitadores da leitura, o texto não é divido em capítulos, os parágrafos são longos, nem sempre ele respeita as regras da gramática em um texto difícil de adjetivar.

Nele conhecemos Malone, um homem já idoso, doente, preso em uma cama de um lugar indefinido, pode ser um hospital, asilo, manicômio, casa de repouso... Ele não sabe onde se encontra, nós também não sabemos. Estando em dias de morrer, Malone se mune de lápis e caderno e para preencher seu tempo ocioso escreve o inventário de seus poucos bens e histórias aleatórias sobre personagens igualmente aleatórios, os quais podem ter ligação com seu passado ou não.

Nada é claro ou óbvio em Malone Morre. Se as histórias contemporâneas pecam pelo excesso de explicações, os autores e autoras constantemente fazendo questão de explicar milimetricamente ao leitor todas as suas intenções ao expor seus personagens a essa e aquela situação, Beckett não libera nada. Há ao nosso dispor apenas o personagem principal e sua viagem psicológica através das histórias absurdas criadas por ele, as descrições milimétricas do quarto onde vive, a paisagem vista de sua janela, os seus pertences. Se tudo aquilo tem significado implícito, se há alguma critica a realidade, se cabe problematização ou não, se há sentido para tudo isso... Bem... Cabe ao leitor a responsabilidade de ligar os pontos, procurar sentidos, descobrir se há genialidade na história realmente ou os elogios ao autor são vazios e o "Imperador está nu"¹.

Para mim, evidente mesmo no texto de Samuel Beckett são sujeitos marginais: pobres, mendigos, doentes, subempregados, habitantes daquele mundo existente abaixo da linha da pobreza. Ele aborda o cotidiano dessas pessoas de uma forma muito crua, assertiva, sem dramas, sem aquela romantização da vida tão corriqueiramente feita para arrancar lágrimas de nosso coração sensível. A vida, ou a sub-vida, dos miseráveis emerge da narrativa de Beckett como o que é: ABSURDA.

Todas as histórias contadas por Malone, quer façam parte do seu passado ou não, são absurdas. O próprio Malone e seu inventário de objetos pessoais equilibrados entre souvenir e lixo, esse homem idoso isolado em um quarto de um local desconhecido a ele mesmo, imobilizado em um cama sem contato com qualquer ser humano, é um absurdo. Malone Morre é chocante, cru, ABSURDAMENTE REAL, palpável, encontrável em qualquer esquina... Como pode??!?!?

Dito isso, preciso admitir, as 128 páginas de Malone Morre me soaram tão pesadas quanto por exemplo as mais de mil páginas de Os miseráveis. A temática dos dois livros são semelhantes, divergindo apenas quando Victor Hugo te mata de tanto chorar e Samuel Beckett só te deixar "absurdada" no canto, pensando em o quanto a vida é absurda.
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Notas:
¹ Referencia ao clássico conta de Hans Christian Andersen "A nova roupa do Imperador".

site: http://www.oquetemnanossaestante.com.br/2016/10/malone-morre-resenha-literaria.html
Walkí­ria Silva 13/04/2018minha estante
undefined


Pandora 14/04/2018minha estante
Como?


Walkí­ria Silva 14/04/2018minha estante
Oi, Pandora! Esse "undefined" às vezes aparece quando abrimos a resenha para ler, mesmo sem digitarmos nada, não sei o motivo também. Rsrs. Eu estava olhando as resenhas sobre esse livro
ontem.


Walkí­ria Silva 14/04/2018minha estante
Livro ontem*


Pandora 14/04/2018minha estante
Aaaah! Entendi!


Walkí­ria Silva 14/04/2018minha estante
:)




Adriana Scarpin 01/07/2016

De fato, este livro é estruturalmente brilhante (e aí também descobrimos qual foi a inspiração literária para Dalton Trumbo escrever Johnny Got his Gun), mas alguma coisa não me fez gostar tanto dele quanto Molloy.
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ClaudiaOSimoes 26/09/2012

Uma leitura pesada mas fácil
O narrador desta história está preso a uma cama, num hospital ou sanatório, essa informação não é específica. Começa por dizer que vai morrer, desabafando que não lhe sobra muito tempo. Malone vai descrevendo aquilo que vê, aquilo que sente em relação à vida e à morte. Malone observa outro rapaz e a sua família relatando o que acontece num caderno com um lápis. É um livro triste, com excertos maravilhosos. Citação: “Nada é mais real que nada”. Não é uma leitura fácil, completamente diferente do livro “À espera de Godot”. Este livro faz parte de uma trilogia, sendo este o segundo. Não li os outros, brevemente não pretendo ler, quem sabe no futuro. Uma leitura emocional e um tanto pesada.

Samuel Beckett é um autor extraordinário, uma agradável surpresa. Vale a pena conhecer.
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