O Inventor da Solidão

O Inventor da Solidão Paul Auster




Resenhas - O Inventor da Solidão


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none 06/01/2021

Duro e singelo
Composto por dois textos. O primeiro "Retrato de um homem invisível" mostra a vida de uma família na casa do avô paterno do autor. Um sujeito calado, misterioso e que nunca agia com naturalidade diante das outras pessoas porque guardava um segredo de família muito duro: um assassinato.
O outro texto O livro da memória é um livro sobre livros. Reconta as coincidências e vivências de um homem diante da paternidade, da relação entre pai/filho, o tempo e a morte. Dialoga com Proust, Sheherazade, Jonas, Carlo Collodi/Pinóquio.
Recomendo a leitura para quem curte ensaios literários. O narrador vai e volta da ficção para a realidade remetendo ao texto de W Sebald (Os anéis de Saturno).
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regifreitas 01/09/2022

O INVENTOR DA SOLIDÃO (The invention of solitude, 1982), de Paul Auster; tradução Luiz Roberto Mendes Gonçalves.

Foi com a publicação deste livro que o nome de Paul Auster surgiu como um dos mais promissores autores estadunidenses na época. Hoje, Auster é um autor renomado, e considerado por muitos como um dos grandes nomes da literatura contemporânea do seu país.

O INVENTOR DA SOLIDÃO é dividido em duas partes. Em "Retrato de um Homem Invisível", Auster conta a história de seu pai, poucos dias após seu súbito falecimento, em 1979. Ao colocar em ordem os pertences e documentos do pai, ele vai resgatando a imagem desse homem, tentando dar sentido a sua existência. O pai sempre fora um estranho para o próprio filho, alguém cuja marca principal foi a da "ausência". Durante a infância do autor eles praticamente não tiveram contato - "ele saía cedo para o trabalho, antes de eu acordar, e voltava para casa muito depois que eu havia sido posto na cama". Mesmo quando estava presente, o pai dava a impressão de alguém que nunca estava realmente onde estava. É melancólica e tocante, e minha parte preferida do livro.

Já na segunda parte, "O Livro da Memória", o próprio Auster resgata suas experiências de vida, fatos que marcaram o início da sua trajetória como escritor. Logo após a morte do pai, há o término do seu casamento, do qual resulta, principalmente, a falta do convívio diário com seu filho, Daniel, o lado mais duro do divórcio. A solidão aqui é representada pelo próprio ato da escrita, a de alguém que passou boa parte da sua vida adulta sozinho, num cômodo, diante de uma folha em branco, criando histórias. É a parte, repleta de citações e referências a obras e artistas diversos, na qual Paul Auster destila toda a sua erudição.

Paul Auster já esteve entre meus autores favoritos; acompanhava com entusiasmo seus lançamentos. Mas com o tempo essas leituras foram ficando espaçadas; suas últimas publicações não me atraíram tanto. Entretanto, gosto muito dos primeiros livros dele, que foram também meus primeiros contatos com sua escrita. Este é um deles.

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P.S.: Este é dos livros mais antigos da minha biblioteca, ainda da época do Círculo do Livro, do qual fui assinante. Volto a ele muitos anos depois. Já era minha intenção relê-lo há algum tempo. Mas recentemente acompanhei pela imprensa sobre a morte de Daniel, o filho de Auster, aos 44 anos, em abril deste ano, após uma sucessão de tristes eventos familiares. Na mesma hora me veio a lembrança de como Paul falava com carinho do seu relacionamento com o filho, ainda uma criança de poucos anos na época da escrita deste livro. E ao relê-lo agora, principalmente nas passagens que tratam de Daniel, é inevitável uma ponta de tristeza por tudo o que aconteceu recentemente.
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Fabio Shiva 02/12/2011

Há muito tempo eu queria ler um livro desse autor, que me foi muito bem recomendado.

Talvez “O Inventor da Solidão” seja o livro menos indicado para se iniciar na obra de Paul Auster. Por outro lado, foi um belo começo!

Pois certamente Paul Auster escreve muito bem. Um autor inteligente, erudito e criativo, com um estilo elegante e com um “sabor” muito próprio.

O desafio vem do livro não ser de ficção, mas autobiográfico, e portanto uma obra atípica. O livro é dividido em dois textos, “Retrato de um Homem Invisível” e “O Livro da Memória”. São dois textos complementares, embora muito distintos entre si. No primeiro, Auster mergulha na vida do pai recentemente falecido e reconstrói sua difícil relação com ele. E no segundo mergulha em si mesmo, tecendo um brilhante mosaico com pepitas arrancadas das profundezas da memória.

Admirei intensamente a habilidade, coragem e o talento do autor. Não posso dizer que compartilho de sua visão de mundo, marcada pelo pessimismo.

Essa diferença tornou-se mais pronunciada em “O Livro da Memória”. Auster refere-se continuamente ao acaso para expressar o seu assombro com a sincronicidade. Uma obstinada recusa em atribuir significado ao que lhe causa assombro o leva a concluir que a vida não tem sentido.

Não pude deixar de comparar com Hermann Broch, que é tão intelectual quanto (ou até mais), e nem um pouco “bonzinho”, mas que conseguiu extrair mais substância de sua intelectualidade.

Penso que um livro como esse pode ser nocivo, por induzir ao erro. O mergulhador que não encontra a pérola no fundo do oceano não deve culpar o mar. Ele é que não soube mergulhar.

Ainda assim, gostei muito de ter lido esse livro e pretendo ler outros do mesmo autor.

(21.11.11)


Comunidade Resenhas Literárias

Aproveito para convidar todos a conhecerem a comunidade Resenhas Literárias, um espaço agradável para troca de ideias e experiências sobre livros:
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http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=36063717
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http://www.comunidaderesenhasliterarias.blogspot.com/
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http://www.facebook.com/groups/210356992365271/
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Tim John 16/08/2022

Uma boa leitura casual, não tão filosófica quanto se espera
Muito bom porém com partes desnecessariamente extensas. Da para refletir bastante sobre como um escritor escreve e sobre como a vida pode ser vivida de vários jeitos. A visão do pai do auto pelo autor é muito bem descrita e, a segunda parte do livro é linda em suas referências e suas questões.
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Julia.Eleguida 08/01/2017

O primeiro livro de prosa de Paul Auster, escrito em uma época delicada, um momento que presenciou várias perdas. O livro é sobre este momento, a perda do pai, a a crise no casamento, a criação do filho. Em sua escrita o autor tenta expressar seu pensamentos conflitantes, neste momento de solidão, de perda e transformação.

O livro foi dividido em dua partes. O primeiro relata sua relação difícil com o pai ausente, na busca de descobrir quem é este pai, através dos objetos que este conservou. A segunda é uma reflexão sobre memória, como se o autor tentasse expor toda a confusão pela qual estava passando, através de fluxos de pensamento, lembranças, de imagens, lugares que visitou, exposições que presenciou, coincidências que ele chama de rimas da vida.

Dentre suas lembranças faz relações entre o holocausto, o sofrimento de guerra, e a dor de perder um filho, traz referências a Mallarmé e Rembrandt que perderam seus filhos jovens, e o prenúncio desvairado de Cassandra. Uma autobiografia que se enriquece entre tramas, referências, citações literárias e momentos históricos.
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Wendell 30/07/2022

Muito volátil.
Resumidamente, o livro é uma mistura de "QUE LIVRO FODA" e "eu deveria jogar isso fora". Tem como tirar boas lições e a escrita é muito boa e contínua, porém, a partir da segunda parte do livro, a escrita começa a ficar redundante e, as vezes, desnecessária... Não recomendo a leitura, há livros melhores por aí.
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Antonio.Torres 10/07/2018

Relacionamento com o Pai
Me lembrou um pouco a A Morte de Pai, do Karl Ove.. Texto de final sensibilidade e uma delícia de ler. É um livro pequeno com três histórias.. esta é a primeira.. muito bom!
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Cassionei 15/11/2021

O ESCRITOR E SEU PAI
Relutei um pouco em reler O inventor da solidão, de Paul Auster, já que sabia que um de seus temas é a relação paterna e que a narrativa se iniciava com a morte do pai do autor. Meu pai morreu há quase cinco anos, num acidente, e, como Auster, também tive que “entrar na mente do meu pai”, no meu caso revirar sua marcenaria, seu canto de trabalho, enquanto o escritor teve que mexer na casa paterna. Nossos pais morreram com idades próximas, 66 e 67, e já não viviam com suas primeiras esposas. O livro, além de tudo isso, nasce no ano em que nasci, 1979. Obras do acaso que é, diga-se, outro tema da obra.

A primeira parte é um ajuste de contas do escritor ainda em formação com o pai que recém-faleceu. Um pai que inventou sua solidão é “inventariado” pelo filho que inventou também a sua. Algo não resolvido entre os dois ganha uma tentativa de solução através da escrita, porém sem sucesso: “Houve uma ferida e agora me dou conta de que é muito profunda. E o ato de escrever, em lugar de cicatrizá-la como eu acreditava, manteve esta ferida aberta”.

Na segunda parte, o ato de escrita é a sua solidão. “Passou a maior parte da sua vida de adulto inclinado sobre um pequeno retângulo de madeira, concentrado em retângulo ainda mais pequeno de papel branco. Passou a maior parte de sua vida de adulto sentando-se, pondo-se de pé e dando passeios de um lado para o outro. Esses são os limites do mundo conhecido”. O livro é o produto dessa solidão: “Cada livro é uma imagem de solidão. É um objeto tangível que se pode levantar, apoiar, abrir e fechar, e suas palavra representam muitos meses, quando não muitos anos da solidão de um homem, de modo que com cada livro que se lê pode se dizer a si mesmo que está enfrentando a uma partícula dessa solidão. Um homem se sente sozinho em um quarto e escreve. O livro pode falar de solidão ou companhia, mas sempre é necessariamente um produto da solidão”.

Estive ainda mais uma vez na marcenaria do meu pai antes de ser demolida. Como ficou abandonada e não sabíamos o que fazer com ela, acabou sendo invadida e esvaziada por ladrões. Levaram quase tudo que podiam. Em meio a algumas caixas atiradas pelo chão, encontrei uma carteirinha de um clube com sua foto, da época em que tinha 35 anos, quando trabalhava na cidade de Venâncio Aires, onde, por obras do acaso mais uma vez, também fui trabalhar anos depois. O olhar do pai mais jovem se encontra com o do filho, e o olhar diz “eu falhei na vida, mas também fiz coisas boas. Falhe e faça coisas boas também, meu filho”.

É o que venho tentando fazer, meu velho, é o que venho tentando fazer.

site: https://cassionei.blogspot.com/2021/08/o-escritor-e-seu-pai.html
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