Wellington V. 06/02/2010
"O Pássaro Azul é Mosca Branca..."
Consideremos as seguintes constatações que fiz sobre a obra:
1. A vida é cheia de metáforas. (Deus, talvez, seja a maior delas...) E o autor se utiliza de muitas, a exemplo da vida, para escrever a peça.
2. O livro é uma peça de teatro ambientada numa época distante, há mais de cem anos. E sua primeira publicação, em francês, deu-se em 1909.
3. Entre tantas metáforas, eu gostaria de destacar essa:
"[...]
TILTIL
Quem são essas môças lindas?
FADA
Não tenha mêdo. São as horas de sua vida, felizes por estarem sôltas e visíveis durante um momento." (MAETERLINCK, 1971, p. 75) (1)
4. Quanta graça, quanta beleza, quanta inocência em tantos trechos deste tesouro de papel. Eis que nesta citação feita acima alguns leitores, conhecedores do Kardecismo (2), poderão interpretar semelhante passagem como algo de aspecto espiritual, astral. (Será que estou sendo claro?)
5. A versão em filme, feita em 1940, pela Fox Films, dirigida por Walter Lang e com trilha sonora composta por Alfred Newmann, é um resumo -- ou deveria dizer uma síntese? -- do livro, a peça teatral. Por essa razão, quem tiver assisitido ao filme e lido o livro, notará ausências de algumas personagens. Não me atrevo a dizer que o filme é melhor que o livro nem vice-versa, porque se tratam de mídias diferentes, contando a mesma história -- pelo menos em essência. Do livro nada mais direi, com exceção disso: a versão que possuo é de 1971. Em ótimo estado de conservação. Traz uma introdução "clássica" -- o adjetivo aqui representa a ideia de modelo, paradigma, padrão de informação ao leitor --, digna de ser citada em algum TCC ou dissertação de Mestrado, de tantas informações que traz sobre o autor. Fica feito, pois, o convite aos estudantes de Letras, Literatura, Artes (Cênicas) e áreas similares a lerem e analisarem o conteúdo da obra. O livro -- bem como o filme -- poderia passar por uma análise semiótica interessantíssima.
NOTAS
(1) 1. MAETERLINCK, Maurice. O Pássaro Azul. Trad. Carlos Drummond de Andrade. Rio de Janeiro: Opera Mundi, 1971. 255 p. (Biblioteca dos Prêmios Nobel de Literatura) 2. Subjetivamente, cada hora que eu releio esse trecho, me parece remeter a fontes tão diversas como letras de música de diferentes artistas: Led Zeppelin (em "Stairway To Heaven"), Carcass (ao longo do album "Necroticism - Descanting The Insalubrious"), Pink Floyd, Mágico de Oz, etc e tal...
(2) "O reino do futuro", o antepenúltimo quadro, trata dos que ainda não nasceram, dos que deverão trazer à Terra, de suas aflições em nascer -- (re)encarnar? --, de suas expectativas quanto a tudo isso. Desde pequeno tenho me perguntado se não haveria alguma coisa de kardecista nisso. Talvez haja, afinal, Maeterlinck era um cara espiritualizado.