Silver Phoenix

Silver Phoenix Cindy Pon




Resenhas - Silver Phoenix


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Léka 27/02/2011

Para fãs da cultura oriental e de uma boa estória de fantasia, Silver Phoenix é um prato cheio.
Silver Phoenix: Beyond the Kingdom of Xia (“Fênix de Prata: Por trás do Reino de Xia”, em uma tradução livre) é o livro de estréia da escritora Cindy Pon, nascida em Taiwan e criada nos Estados Unidos. Sua sequência (e livro que fecha a estória, sem trilogia, quadrilogia ou 27 livros para contá-la, thank you very much) se chama Fury of The Phoenix e já está em pré-venda, com lançamento previsto para começo de abril.

Ok, devo alertá-los que sou meio suspeita para fazer essa resenha porque, bem, sou uma otaku. E gosto do filme Mulan. Gosto MUITO do filme Mulan (sim, aquele da Disney, me processe.)

Bem, Silver Phoenix acompanha a jornada de Ai Ling. Após ser recusada como noiva no que seria um casamento arranjado e, conseqüentemente, desonrar a sua família (como em Mulan. Eu disse!), a protagonista não deixa de estar aliviada: ela nunca quis aquele casamento com um completo estranho, nunca quis ser subserviente nem ter que deixar de usar suas tranças (mulheres casadas deviam usar os cabelos presos na China antiga). Poucos dias depois desse episódio, seu pai é convocado a aparecer na corte do imperador, de onde fora expulso anos antes, acusado injustamente de traição. Ele parte em direção ao palácio imperial, mas quase um ano se passa sem que Ai Ling e sua mãe tenham notícias dele.A situação financeira da família começa a deteriorar e Ai Ling decide lançar-se numa viagem rumo ao palácio imperial, em busca de seu pai. No meio do caminho ela encontra Chen Young e Li Rong. As circunstâncias unem o trio numa jornada rumo ao palácio, em uma viagem repleta de monstros do folclore chinês tentando impedi-los a qualquer custo de chegar ao seu destino. Mas por quê?

Esse é o início da estória narrada em Silver Phoenix. Trata-se de uma fantasia, mas não no estilo que estamos acostumados a ver. A verdade é que a maior parte de livros do gênero remete a uma Europa feudal (aliás, sem generalizações: a uma França feudal e outros países que conheceram essa forma de organização) e insere nela elementos mágicos como parte do cotidiano das personagens. Mas em Silver Phoenix a estória se passa no Reino de Xia, que nada mais é do que uma referência clara à China antiga. Com tintas de folclore chinês, em sua jornada Ai Ling vai encontrar deuses, demônios e monstros incomuns, que são um prato cheio para qualquer fã da cultura oriental.

A estória tem também seus pontos fracos, determinados acontecimentos desencadeiam-se muito rápido, quando poderiam ser melhor desenvolvidos, e eu sinceramente acho que “o grande cara mau” poderia ter tido mais tempo dedicado a ele e a sua estória. Os poderes de Ai Ling também se desenvolvem de modo meio “atropelado” e tem limitações muito fluídas: não tenho certeza mesmo após ter acabado o livro sobre o que ela pode fazer. Mas tudo bem. Em um panorama geral e computados os méritos do livro, tais pontos não chegam a incomodar.

As personagens são interessantes. Ai Ling é assertiva e instruída, algo bastante raro para as mulheres no contexto do livro, que, como é tão comum em sociedades patriarcais, são consideradas inferiores e de segunda classe. Inclusive, ela discute isso abertamente com Chen Young, quando ele fica surpreso pelo fato dela ter sido educada. É um ponto muito válido para ser abordado pela autora. Já Chen Young é filho de uma Xia com um estrangeiro, e sofre preconceito e desconfiança dos locais pela sua aparência. Em culturas como a chinesa na qual destoar do padrão é tão mau visto, a aparência de Che Young, que deixa claro sua origem, causa-lhe um constante sentimento de deslocamento (ele não é um Xia, mas também não é um estrangeiro). Talvez por isso ele seja sempre tão introvertido e sério, tentando adequar-se ao padrões sociais e corresponder ao que se espera dele. Por último, é digno de nota Li Rong, irmão adotivo de Chen Young (na verdade, é Chen Young que foi adotado pela família de Li Rong ainda bebê) e um giro de 180º em relação a personalidade deste último. Li Rong é expansivo, fala mais do que deve e flerta com basicamente qualquer moça que cruze seu caminho. É o alívio cômico do livro. Já li resenhas dizendo que tal comportamento é absolutamente anacrônico, porque ninguém agia assim na sociedade chinesa antiga. É verdade. Porém, o livro não se passa na sociedade chinesa antiga, mas em um mundo fantástico que simplesmente foi baseado nela. Então, não vejo problema algum.

Gostaria de ver um núcleo de apoio melhor desenvolvido, mas acho que há espaço para isso no segundo livro da série. Silver Phoenix, aliás, termina amarrando o que tinha de ser amarrado, mas deixando espaço para acompanharmos os protagonistas em uma nova jornada, se desejarmos. E obrigada Cindy Pon por um final nada piegas e até bastante realista.
Míriam Pimenta 07/07/2017minha estante
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