Danniki 11/01/2023
Como seria para os surdos no “Sons da fala”?
O conto faz parte do Projeto Cápsula da editora Morro Branco, que disponibiliza seis contos gratuitos.
É meu primeiro contato com a autora Octavia Estelle Butler, e gostei de conhecer a escrita dela. O conto surgiu após a autora testemunhar uma briga no ônibus que a levou a pensar "se algum dia a espécie humana ia crescer o bastante para aprender a se comunicar sem de algum modo usar os punhos", e então lhe ocorreu a primeira frase do conto de apenas 33 páginas em uma pandemia que afeta a compreensão da fala e da escrita. Uma história curta cheia de violências sem cabimentos, porém descobrimos que uns comunicam com gestos e eles tentam o seu melhor mesmo brigando sem poder soltar o verbo!
Eu particularmente achei muito interessante, pois em nenhum momento é lembrado que existe a língua de sinais, mais provável que a autora não conhecia ou não quis trazer este tópico. Pois a história foi publicada em 1983 e American Sign Language (ASL) já tinha visibilidade nas áreas educacional e acessibilidade, diferente do Brasil - infelizmente aqui é um país muito atrasado, ainda estamos na luta de oficializar Libras (Língua Brasileira de Sinais) e há grandes falhas nas acessibilidades nas áreas educacional, saúde, trabalho e não termina por aqui, mas vamos deixar isso de lado - fiquei refletindo, baseado na minha experiência pessoal por eu ser surde. Normalmente a comunidade surda tem dificuldade de compreender a língua portuguesa, não irei entrar em detalhe, mas quem tiver interesse fica a vontade para me procurar que explico o geral, mas resumindo há falha de comunicação entre as famílias que não sabem Libras. Então, quando chegou a quarentena de 2020, eu tive o privilégio de entender a situação, porém muitos surdos ficaram no prejuízo, praticamente sendo os últimos a entender o que estava acontecendo e com isso foi através de Libras nas redes sociais como IG, por exemplo! Tanto que você pode perceber que a LIbras ganhou visibilidade nas músicas sertanejas durante a quarentena, duvido que você não se lembre da janela pequena com um intérprete fazendo caras e bocas no ao vivo do Youtube!
Então, se a língua de sinais fosse incluída no conto, sem dúvida o mundo continuaria mesmo sem a compreensão da fala e da escrita! Portanto imaginei como estariam os surdos se comunicando na língua, mesmo sem entender que o mundo perdeu o som das falas… Interessante, não é?
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