Annie 11/10/2011Quando fui incumbida de resenhar UM SONHO A MAIS, não achei a princípio que o livro fosse me agradar. Eu gosto de romances, eu gosto de ler autores brasileiros, mas admito que não é o meu forte. Sou dos romances sobrenaturais, das leituras pesadas cheias de filosofia e ciência política, além de tijolos com histórias reais e relatos frios, sem falar das leituras técnicas. Então, tendo esse tipo de trajetória, que eu cheguei até o livro de Nanda Meireles.
Sim, ele pode ser considerado por alguns um mero clichê dos romances vendidos nas prateleiras e sim, ele tem um belo casal no estilo 'perfeito demais para existir'. Porém ele é vivido não na realidade da tradicional High School norte-americana com a pressão dos SAT's, líderes de torcida, futuros universitários que ganham bolsa por praticar algum esporte hiper importante pro mundo, além de alunos fazendo aulas e atividades extras em busca de uma vaga numa boa univerdade, que será particular na maioria das vezes. A autora situou a história num ambiente familiar. Um lugar onde milhares de brasileiros andam todos os dias, com as dificuldades sociais e financeiras, com os problemas de infra-estrutura no transporte urbano. E acredito que esse seja um diferencial marcante do início ao fim.
Fabiana é centrada, com um objetivo e um propósito. Que mudam depois que alguém entra na vida dela e cria um redemoinho de emoções na cabeça de uma garota de 17 anos. Em sua vida, existia apenas o melhor amigo Dinho, um gigante desengonçado que vai parar na mesma sala em que Fabiana está estudando durante o início do Ensino Médio. Eles seriam melhores amigos para sempre, essa era a conclusão de ambos. Após algum tempo Mel e Dane entram na história e trazem um equilíbrio entre ‘viver a vida que se tem’ e ‘viver para a vida que se espera ter um dia’.
Achei alguns pouco diálogos muito certinhos no gênero politicamente correto, algo que me soou muito forçado (eu não conheço nenhum aluno de 17 anos que num momento de raiva, diga apenas DROGA ou qualquer coisa similar. Eu que fui criada de uma forma que seguia a etiqueta, por mais educada que fosse/seja ainda assim diria algo muito mais eloquente e que demonstrasse com sinceridade minha raiva, indignação, revolta ou qualquer coisa se algo me tirasse do sério...mesmo que viesse seguido de um 'me desculpe, foi inapropriado').
O livro num todo é MUITO BOM. Não é apelativo, não dá o tom promíscuo que se teima em jogar nos livros que se passam durante os últimos anos de colégio (cheio de garotas desfilando sexo, fumando e bebendo como se isso fosse o mais natural, quase um padrão comportamental).
Outra coisa que achei muito interessante foi construir parte da história em cima visão que Fabiana tinha quanto algumas pessoas, para só criar o choque de realidade quando o livro se aproxima do fim e tudo começa a fazer um sentido mais que perfeito - do mesmo jeito que acontece em tantas situações durante o Ensino Médio. De repente tudo desmorona e você cai na real de que quase colocou seu futuro a perder. São amizades que fazemos e pensamos serem não só sinceras, mas eternas...e que tem um preço alto demais, mesmo que não consigamos ver.
Eu li o livro em mais ou menos 18 horas (eu tenho o hábito de anotar em quantas horas eu leio livros com menos de 300 páginas, já que eles são raros na minha estante). Não achei desgastante, cansativo ou entediante. Pelo contrário, de certa forma me divertiu. Tem um leve toque que faz o tempo passar sem ser maçante.
A resenha já deveria ter sido postada a pelo menos 2 semana eu acho...mas como estive doente, infelizmente só pude fazer isso agora. Como eu disse, considerando a idéia equivocada que tive quando recebi o material para leitura, eu achei o livro bem legal. Engraçado como algumas primeiras impressões podem ser equivocadas. Daí o ditado de ‘não julgar um livro por sua capa’!