O sonho de um homem ridículo

O sonho de um homem ridículo Fiódor Dostoiévski




Resenhas - O sonho de um homem ridículo


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Alane.Sthefany 23/03/2022

O Sonho de Um Homem Ridículo - Fiódor Dostoiévski
Em ?O sonho de um homem ridículo?, o autor retoma o
tema numa nova chave, fantástica e utópica. (Cecília Rosas).

É
narrada pelo próprio homem ridículo. Solitário a ponto de
não ter nome, com plena consciência de que é, sempre foi e
sempre será ridículo.
(Celso Frateschi)

"Antes, eu ficava muito aborrecido por parecer ridículo. Não parecia, eu era. (...) A cada ano, crescia e fortalecia-se dentro de mim aquela mesma consciência de meu aspecto ridículo em todos os sentidos. Todos riam de mim o tempo inteiro. Mas nenhum deles sabia e sequer imaginava que, se alguém na Terra reconhecia de fato que eu era ridículo, esse alguém era eu mesmo."

Trata-se do indivíduo que, imerso na racionalidade
moderna, afastou Deus da própria vida e se vê apartado do
mundo e de seus semelhantes, segundo a concepção
dostoievskiana.

A melancolia, a indiferença e a condição de
ridículo lhe trazem profundo sofrimento, intensificado pela
aspereza da cidade e pela má convivência com os outros, e o
protagonista decide se matar (tirar a sua própria vida insignificante).

?O sonho de um
homem ridículo? retoma outro de seus personagens
famosos: Kírillov, de Os demônios.
No mesmo Diário de um Escritor, em 1876, Dostoiévski
escrevera que
as pessoas de repente veriam que já não têm vida, não têm liberdade de
espírito, não têm vontade e individualidade, que alguém roubou tudo delas de
uma vez [...] Reinarão o tédio e a angústia: tudo está feito e já não há mais
nada a fazer, tudo está aprendido e não há nada mais a aprender. Os suicídios
aparecerão em multidões, e não como agora, pelos cantos; as pessoas se
juntarão em massa, dando as mãos e exterminando a si mesmas todas de uma
vez, aos milhares, de alguma forma nova, descoberta por elas junto com todas
as descobertas.

Porém, decidido a se matar, o homem ridículo é abordado
por uma criança, e, apesar de afugentá-la, sente-se depois
atormentado pela situação. (Cecília Rosas).

Ao voltar para casa, o personagem apanha da gaveta de
sua mesa um revólver carregado, adquirido um mês antes
exatamente para a ocasião. No entanto, sua atitude com a
menina o perturba e essa perturbação nos aproxima ainda
mais dele. Adormece pousando a arma no peito, na altura do
coração. Sem perceber a fronteira do sono, continua, em sonhos, a raciocinar sobre os mesmos problemas. (Celso Frateschi).

O protagonista adormece e começa a sonhar. (Cecília Rosas).

Já no
limiar do adormecimento ele aperta o gatilho, mas apesar de
ter planejado meter a bala na cabeça, é o coração que ele
atinge. Sonha com seu funeral e com seu enterro. É
enterrado numa cova profunda.

O caixão se abre e ele é transportado por um ser estranho
por caminhos desconhecidos que o distanciam da terra onde
derramou seu sangue. Ele desejava o nada, por isso havia
metido uma bala no seu corpo, mas estava sendo carregado
por um ser que não era humano, mas que não deixava de ser.
Portanto, ele pensava: há vida além da morte! (Celso Frateschi).

Em sonho, o homem ridículo dá cabo de sua intenção,
mas não dá o tiro na cabeça, como pretendia, e sim no peito.
Depois de morto e enterrado, manifesta sua indignação pelo
?absurdo da continuação da existência?, já que sua
expectativa era o não ser.

"Eu havia esperado pela completa inexistência, e por isso dera um tiro no coração. Mas eis que estava nos braços de um ser obviamente não humano, mas que era, que existia: ?Então quer dizer que existe uma vida após a morte!".

Quando o personagem é levado para outro planeta. (Cecília Rosas).

A velocidade
de seu pensamento é delirante, assim como a viagem que realizamos. O homem ridículo descobre um outro sol igual
ao nosso e uma outra terra, também igual à nossa.

De repente, ele já está nessa outra terra, que o recebe
carinhosamente. Reconhece a natureza e os homens que
trazem em seus rostos a inteligência e a sabedoria. Conclui
ser o mesmo paraíso em que viveram em harmonia nossos
antepassados.

Num relato vertiginoso, o autor nos mostra como o átomo
da mentira penetrou em nossos corações e como gostamos
disso. Surgem a propriedade e a briga ?pelo meu e pelo seu?.

"Começou uma luta pela divisão, pelo isolamento, pela individualidade, pelo meu e pelo seu."

Mais uma vez aparece diante de nosso homem o mundo
dividido e desigual, a escravidão e a servidão voluntária,
onde os mais fracos se juntam aos mais fortes, desde que
estes oprimam os que são mais fracos que aqueles.

Mas nosso herói proclama ser o único culpado por
perverter essa gente e esse planeta.

"Só sei que o motivo do pecado original fui eu. Como uma triquina nojenta, como um átomo de peste, que contamina nações inteiras, também eu contaminei, comigo mesmo, toda aquela terra feliz e, até minha chegada, sem pecado. Eles aprenderam a mentir e amaram a mentira "

"[...] tudo aquilo havia sido feito por mim, somente por mim, que
eu lhes havia trazido a depravação, a contaminação e a mentira!"

Deseja ser crucificado e
até os ensina a construir uma cruz, mas eles apenas riem e
dizem que ele é um maluco e que devem prendê-lo. Assim,
num curto espaço de tempo, os dois planetas se assemelham
em suas dores e em suas misérias. (Celso Frateschi).

O narrador por fim tenta se sacrificar em nome da
redenção de todos ? pede inclusive para ser crucificado ?,
mas só consegue retornar ao que era no começo do conto:
objeto de riso geral. (Cecília Rosas).

Ele procura oferecer-se
em sacrifício, mas as pessoas se limitam a rir dele. Resolve
mais uma vez morrer, mas acorda de seu sonho e, ao acordar,
percebe que aquela pobre menina que ele ofendeu aos berros
apontava para uma outra possibilidade de vida. Decide
continuar procurando,
?E caminharei! E caminharei!?.
(Celso Frateschi).

Ao acordar, o protagonista está completamente mudado.
Ele afasta de si o revólver carregado e decide dedicar a vida à
pregação da verdade vista no sonho. O que temos aí é mais
um dos grandes temas dostoievskianos: o ?louco sábio?, que,
apesar de ridicularizado pelo mundo, segue sendo o único
capaz de dizer a verdade.
Sua condição, no entanto, não
lhe provoca raiva pelos que o ridicularizam, mas amor.
Desta forma, o conto tem um encerramento extático, no qual
o protagonista se sente enfim imbuído de uma missão, de
uma verdade e de um sentido que lhe oriente a vida.
Convertido em profeta, ele agora pretende espalhar sua
palavra. (Cecília Rosas).

[...]

O Sonho de Um Homem Ridículo, trata-se,
no conto, do mundo ideal, regido pelo amor, visto inicialmente pelo homem ridículo em seu sonho. O conhecimento deste mundo lhe restitui a vontade de viver,
dá a ele a visão da verdade e o transforma. (Cecília Rosas).

A trajetória do personagem o leva dos círculos mais
infernais do suicídio a uma descoberta espiritual que
supera o niilismo e religa o homem ridículo àquilo que ele
desvela como o sentido último e primeiro da vida: a
transcendência e a eternidade, a superação do ego e a
comunhão, Deus e a continuidade da vida após a morte. (Flávio Ricardo Vassoler).

Acreditar que o mundo pode ser acolhedor, justo e
verdadeiro seria ingenuidade juvenil ou sabedoria ancestral
que se perdeu? Uma pessoa é ridícula se acredita na vitória
do bem sobre o mal? O mundo do deus dinheiro é tudo que
podemos almejar nesta existência? Por que os adultos se
esquecem de como é ser criança? Qual é a trajetória humana,
qual é o nosso destino?

Escrito em 1877,
?O sonho de um homem ridículo?
continua tão atual quanto nossas misérias. (Sidarta Ribeiro).

Talvez, mais do nunca, necessitemos de um
projeto ridículo de nos entendermos como um todo. Talvez
ainda sejamos ridículos o suficiente para crer em algumas
criações da humanidade como a ética e a estética. Talvez a
beleza, mesmo que ridícula, ainda possua algum sentido.

Quem sabe as coisas são como são porque as forjamos assim
e não porque são inevitáveis e por isso valha a pena o
ridículo de tentar transformá-las?
(Celso Frateschi).

Trechos Preferidos ?????

Parecia-me claro que, se eu era uma pessoa, e ainda não era um nada, e até então não tinha me tornado um nada, então eu estava vivo e, por conseguinte, podia sofrer, irritar-me e sentir vergonha dos meus atos. Que assim fosse. Mas, se eu me matasse dali a duas horas, por exemplo, que me importaria a menina e que teria eu então a ver com a vergonha e com tudo no mundo?
Eu me tornaria um nada, um nada absoluto. E será que a consciência de que logo mais eu deixaria de existir completamente e de que, portanto, nada existiria, não poderia ter a menor influência nem no sentimento de pena da menina, nem no sentimento de vergonha depois do meu ato vil?
.
[...] eu me mataria com um tiro e não haveria mais mundo, pelo menos para mim.
Isso sem falar que, talvez, realmente não houvesse nada para ninguém depois de mim, e o mundo todo, logo que a minha consciência se extinguisse, haveria de extinguir-se imediatamente como um espectro, como um atributo somente de minha consciência, e seria abolido, pois, talvez, o mundo todo e todas essas pessoas fossem apenas eu mesmo.
Lembro que, sentado e refletindo, eu dava a todos esses novos problemas, que se aglomeravam uns sobre os outros, uma direção até completamente diferente e inventava coisas já completamente novas.
Por exemplo, de repente me ocorreu a estranha reflexão de que, se eu tivesse vivido antes na Lua ou em Marte, e tivesse cometido lá algum ato dos mais indecentes e infames que se pudessem imaginar, e fosse lá ultrajado e desonrado por causa dele, de um modo que se pode sentir e imaginar talvez somente às vezes num sonho, num pesadelo, e se, vendo-me depois na Terra, eu continuasse a ter consciência daquilo que eu havia feito no outro planeta e, além disso, soubesse que não voltaria nunca para lá, de jeito nenhum ? então, ao olhar da Terra para a Lua, tudo daria na mesma para mim ou não? Eu sentiria vergonha por esse ato ou não?
.
Os sonhos, como se sabe, são uma coisa muitíssimo estranha: um aparece com nitidez horripilante, com um nível de detalhamento e minúcia digno de um joalheiro, e o outro você passa por cima de tudo, sem perceber, até mesmo do espaço e do tempo.
Quem governa os sonhos, aparentemente, não é a razão, e sim o desejo, não é cabeça, e sim o coração, e, no entanto, que coisas engenhosíssimas minha razão não realizava durante um sonho! Entretanto, acontecem com ela, em sonho, coisas totalmente inconcebíveis. Meu irmão, por exemplo, morreu cinco anos atrás. Às vezes, sonho com ele: ele participa dos meus afazeres, ficamos muito entretidos, e, no entanto, ao longo de todo o sonho, eu sei e lembro perfeitamente que meu irmão morreu e está enterrado. Como é que eu não fico admirado que, mesmo morto, ele esteja ainda assim ali, ao meu lado, cuidando dos afazeres comigo?
(...)
Eles me provocam agora, dizendo que, afinal, foi só um sonho.
Mas por acaso não dá na mesma se foi um sonho ou não, se esse sonho me anunciou a Verdade? Afinal, uma vez que você descobriu e viu a verdade, você sabe que ela é a verdade, e não há e nem pode haver nenhuma outra, seja dormindo ou na vida. Pois que seja um sonho, que seja, mas esta vida, que vocês tanto glorificam ? eu queria extingui-la com o suicídio, e o meu sonho, o meu sonho, oh, ele me anunciou uma vida nova, grandiosa, renovada e forte!

[...] fui surpreendido pela ideia de que tinha morrido, tinha morrido mesmo, sabia disso e não tinha dúvidas, não via nada e não me movia e, entretanto, sentia e refletia. Mas eu logo me conformei com aquilo e, como é costume nos sonhos, aceitei a realidade sem discussão.

Eu jazia ali e, estranhamente, não esperava por nada, aceitando, sem discussão, que um morto não tem pelo que esperar.

[...] você está se vingando de mim, por meu irrazoável suicídio, através do horror e do absurdo da continuidade da existência.
.
Eu amo, eu posso amar apenas aquela Terra que eu deixei, na qual ficaram os respingos do meu sangue quando eu, ingrato, extingui minha vida com um tiro em meu coração.
(...)
Na nossa Terra, podemos amar verdadeiramente apenas com o tormento e só através do tormento! De outro modo não sabemos amar e não conhecemos outro amor. Quero o tormento para amar.
.
Nunca vi, em nossa Terra, tamanha beleza no ser humano. Talvez apenas em nossas crianças, em seus primeiríssimos anos de idade, seja possível encontrar um reflexo distante, ainda que fraco, daquela beleza.
(...) no mesmo instante, ao primeiro olhar para o rosto deles, compreendi tudo, tudo! Aquela era a Terra que não fora maculada pelo pecado original, nela viviam humanos que não pecaram.

(...) compreendi que o conhecimento deles era repleto e alimentado por percepções diferentes das nossas aqui na Terra e que suas aspirações também eram completamente diferentes.
Eles não desejavam nada e estavam tranquilos, não aspiravam ao conhecimento da vida assim como aspiramos a tomar conhecimento dela, porque a vida deles era repleta. Mas seu conhecimento era mais profundo e mais elevado que a nossa ciência; pois a nossa ciência busca explicar o que é a vida, ela mesma aspira a tomar conhecimento dela para ensinar os outros a viver.

Eles se alegravam com as crianças que surgiam em seu meio como novos participantes de sua bem-aventurança. Entre eles, não havia brigas e não havia ciúme, e nem mesmo entendiam o que aquilo significava. Seus filhos eram filhos de todos, porque todos constituíam uma só família.

[...] dava a impressão de que viviam a vida inteira unicamente para admirar uns aos outros. Era uma espécie de paixão completa e generalizada uns pelos outros.
[...] eu com frequência não conseguia olhar, em nossa Terra, para o Sol poente sem lágrimas? Que, em meu ódio pelos seres humanos da nossa Terra, encerrava-se sempre uma angústia: por que é que eu não podia odiá-los sem amá-los, por que não podia não perdoá-los.

[...] quando eles olhavam para mim, com o olhar afetuoso e impregnado de amor, quando eu sentia que, na presença deles, meu coração tornava-se tão inocente e sincero como o deles, (...)

Acontece que eu? corrompi todos eles!

Sim, sim, eu acabei corrompendo todos eles!

Só sei que o motivo do pecado original fui eu. Como uma triquina nojenta, como um átomo de peste, que contamina nações inteiras, também eu contaminei, comigo mesmo, toda aquela terra feliz e, até minha chegada, sem pecado. Eles aprenderam a mentir e amaram a mentira

Surgiram alianças, mas, dessa vez, umas contra as outras.

Passaram a torturar os animais, e os animais afastaram-se deles, em direção às florestas, e tornaram-se seus inimigos. Começou uma luta pela divisão, pelo isolamento, pela individualidade, pelo meu e pelo seu. Passaram a falar em línguas diferentes. Conheceram o pesar e amaram o pesar, ansiavam pelo tormento e diziam que a Verdade só é alcançada através do tormento

Quando se tornaram maus, começaram a falar de fraternidade e de humanidade e compreenderam essas ideias. Quando se tornaram criminosos, adquiriram a justiça e elaboraram para si códigos inteiros para mantê-la, e, para a observância dos códigos, colocaram uma guilhotina.

[...] se ao menos pudesse acontecer de voltarem àquele estado inocente e feliz que haviam perdido, e se de repente alguém o mostrasse a eles de novo e perguntasse: ?Querem voltar a ele??, certamente teriam recusado. Eles me respondiam: ?Podemos ser mentirosos, maus e injustos, nós sabemos disso e choramos por isso, e nós mesmos nos torturamos por causa disso e nos maltratamos e punimos talvez até mais que o Juiz misericordioso que nos julgará e cujo nome não conhecemos.

[...] cada um passou a amar a si mesmo mais que todos os outros

Cada um tornou-se tão zeloso de sua individualidade, que apenas tentava, com todas as forças, rebaixá-la e depreciá-la nos outros, e nisso empenhavam sua vida. Surgiu a escravidão, surgiu até a escravidão voluntária: os fracos submetiam-se de bom grado aos mais fortes, só para que aqueles os ajudassem a oprimir os ainda mais fracos que eles próprios.

[...] a sabedoria e o sentimento de autopreservação fariam finalmente o ser humano reunir-se numa sociedade racional e harmoniosa, e por isso, para acelerar as coisas, os ?sábios? tentaram exterminar, o quanto antes, todos os ?não sábios? e todos aqueles que não entendessem sua ideia, para que não atrapalhassem seu triunfo.

Finalmente, esses humanos extenuaram-se numa labuta sem sentido, e em seus rostos surgiu o sofrimento

[...] tudo aquilo havia sido feito por mim, somente por mim, que eu lhes havia trazido a depravação, a contaminação e a mentira!

[...] afinal, caminham em direção à mesmíssima coisa, pelo menos todos aspiram à mesmíssima coisa, do sábio até o último dos bandidos, só que por caminhos diferentes. Essa é uma verdade antiga, mas o que é novo aqui é o seguinte: eu nem posso me perder muito. Porque eu vi a verdade, vi e sei que os seres humanos podem ser belos e felizes, sem perder a capacidade de viver na Terra. Eu não quero e não posso acreditar que o mal seja o estado normal dos seres humanos.
Mas é só dessa minha crença que todos riem. Mas como eu poderia não acreditar: eu vi a verdade ? não é que a inventei com a mente, eu a vi, eu vi, e sua imagem viva preencheu minha alma para sempre. Eu a vi numa completude tão plena, que não posso crer que ela não possa existir para os seres humanos.

[...] é isso que os zombeteiros não compreendem: ?Teve um sonho?, dizem eles, ?um delírio, uma alucinação?. Ora essa! Será que é tão complicado?! E eles são tão orgulhosos! Um sonho? Que é um sonho? E a nossa vida não é um sonho?
Digo mais: pois bem, que isso nunca se cumpra e que o paraíso não exista (pois isso eu entendo!) ? mesmo assim, hei de pregar. E, entretanto, é simples: num só dia, numa só hora, tudo logo se arranjaria!
O principal é amar os outros como a si mesmo, isso é que é o principal, e só isso, não precisa de rigorosamente mais nada: imediatamente você descobre como se arranjar. E, entretanto, isso é só uma velha verdade que foi repetida e lida um bilhão de vezes, mas que não se assentou! (...)
Se todos ao menos quiserem, no mesmo instante tudo há de arranjar-se.
wild at heart 26/09/2023minha estante
caraio escreveu uma bíblia maluco




Fabio 13/02/2024

"Quem governa os sonhos, não é a razão, mas o desejo, não a cabeça, mas o coração"
(Editada)

"O Sonho de Um Homem Ridículo" escrito em 1877, é uma das mais brilhantes obras do gênio da literatura mundial, Fiódor Mikhailovitch Dostoiévski, e constitui como obra chave da fase tardia de um dos maiores romancistas e pensadores da história, no qual condensa todas as suas grandes obsessões utópicas num texto conciso, melancólico e impactante.

A novela "O Sonho de Um Homem Ridículo" é narrada em primeira pessoa, e sob a perspectiva de um personagem cheio de som e fúria, que de tão solitário, não possui nome e refere-se a si mesmo o tempo todo como " o homem ridículo". Vislumbramos, então, quando o indivíduo, que imerso na racionalidade moderna, aparta-se do mundo e de seus semelhantes, e que, ao se auto depreciar na condição de "ridículo", sofre com a melancolia e a indiferença, e intensificados pela aspereza do ambiente e a má convivência, decide por abandonar a propria existência.

O "Homem ridículo", vagando pelos labirintos frios e escuros de São Petersburgo, perdido em devaneios lúgubres, aceita seu desafortunado destino, quando, em trégua a torrente cessa, o céu se abre e revela uma estrela, como na ribalda de um palco em um espetáculo bruxuleante, o qual fascina o herói de um modo hediondo, e lhe introduz a convicção de que a única escapatória à inércia, está na morte. Durante o devaneio estelar, uma menina desamparada em seu extremo tormento, clama por socorro, mas na sua delirante obsessão, o "Homem ridículo", repele furiosamente a jovem, que em desabalada carreira, foge do semblante de cólera e loucura. Resoluto, o homem, evade-se, e mais tarde, naquela mesma noite, ao tentar consumar seus intentos doentios de tirar apropria vida, recorda-se da jovem e infeliz criatura, o qual expulsou, e depreende o quão cruel e desprezível foi ao ignora-la. Em breve lampejo, ao mentalizar a fatídica cena, de modo quase epifânico, compreende, que os traços de compaixão, discordam de suas convicções de aniquilamento (niinista) , então, o breve abalo, embute dúvidas em seu coração, que, o atormentam ainda mais, até que finalmente em torpor realiza uma viagem onírica sem precedentes, que transformará para sempre a sua existência, e lhe apresentará ao insofismável axioma de sua vida.

Em "O Sonho de Um Homem Ridículo", somos lançados ás implacáveis garras inebries da mente protagonizadora, e acompanhamos todos os delírios, sonhos e loucuras, impressas em cada linha da obra, que num ambiente sombrio repleto de melancólicas, nos fazem remeter a um tipo de purgatório, onde nos enxergamos na persona de Dostoiévski, que ao olhar para dentro, descobre a origem de suas angustias e arrependimentos, e naquele estado de inevitável apreensão e espera, aguardamos junto com os personagens a sentença final do Mestre da Vida.

Doistoiéviski, ao desnudar a mente do protagonista, nos apresenta, o íntimo do ser humano, seus tormentos e seus anseios mais profundos, até mesmo os mais ínfimos e irrisórios, que normalmente escapam dos olhares menos atentos, e nos prova ademais, o quão insalubre é uma vida sem motivações; aquela centelha de vida, que chamamos de força essencial, que sempre nos impulsiona a almejar o próximo passo, a nova página, e a lutar incansavelmente pela felicidade. Força interna essa, que, também nos faz enxergar, e a sentir a culpa e o arrependimento, que, normalmente são os entraves da vida, mas nos leva a compreender, que tais vicissitudes, são intrínsecas a todo homem, que foi maculado pelo pecado original, e que, o próprio ser, precisa encontrar meios para sobreviver a eterna dualidade que é inerente a cada indivíduo, e apaziguar a sempre-luta interna, entre o bem e o mal interior.

Trata-se de uma viagem onírica, onde a apatia, a culpa, a plenitude, o desespero e a esperança, estão lado a lado o tempo inteiro, lutando por supremacia, e o autor ao percorrer por toda a história da humanidade apenas num instante, onde o tempo se equivale ao "tempo de crise", desagua em aguas profundas quando, reverbera-nos, que os sentimentos sobrepõem a racionalidade em todas as instâncias, e que, tal premissa não aceita argumentos ou discursos lógicos, mas matem-se de forma resoluta do incio ao fim pelas vias da sensibilidade, e quando, de forma lacônica, evoca os mitos da criação e da escatologia, acaba entregando uma variante fantástica da queda.

"O Sonho de Um Homem Ridículo", é um manifesto crítico ao niinismo, ao ateismo e as vertentes radicais do socialismo, e mesmo que a imagem da "Idade de Ouro" relatada no texto tenha sido inspirada nos socialistas utópicos franceses, a base e estrutura primordial da obra, está no caminho da iluminação, da redenção e da fé, que são características das narrativas dos santos nas eras patrísticas, e que imprimem as ideias messiânicas do compositor, que enxergava no amor cristão pelo sofrimento, um caminho para alcançar a redenção.

Os signos que Dostoievski constrói dentro de suas obras, são claros, mas oferecem múltiplas traduções, e cabe ao leitor interpretar as nuances psico filosóficas próprias de cada fase da escrita do autor, e que devem estar sempre em consonância com o momento histórico/social e as fases da composição filosófica, entretanto no que se refere aos temas abordados pode-se, vez ou outra encontrar vestígios de contradições, mas não se enganem, trata-se da profusa característica incólume do estilo dostoievskiano, inclusive dos copiosos debates dicotômicos, que permeiam toda a prolífica obra, pois, Dostoiévski representava a mais perfeita antítese, o maior dualista da literatura, possivelmente da humanidade.

De escrita poderosa e indefectível, num mundo cinza de miséria e escuridão, "O Sonho de Um Homem Ridículo", nos leva a uma profunda reflexão sobre a nossa existência e os sentimentos que nos consomem; sobre ações e reações, sobretudo, o amor e o sofrimento, e nas breves páginas dessa novela, somos transportados para dentro da mente de um dos maiores pensadores da história, que de maneira quase biográfica, traduziu em palavras, os delirantes pensamentos utópicos de um sofredor, as beiras do irresistível precipício de sua existência


Aqueles que, mesmo percorrendo esse texto, um tanto quanto prolixo, permanecerem na dúvida, principalmente, quanto à importância de se ler e estudar a obra desse gênio da leitura, advirto. Dostoiévski influenciou a escrita de boa parte de seus pares coetâneos, inclusive vários dos "Monstros Sagrados" da literatura universal, e pesou de forma bem profunda na filosofia e na psicanalise contemporânea que, ajudaram a moldar o mundo que, hoje conhecemos, e que, de forma genuína, agiu sobre os maiores intelectos da humanidade e transformou a maneira que enxergamos a vida, a morte e tudo que há entre esse espaço temporal.
Duda.bae 13/02/2024minha estante
Resenha perfeita como sempre, Fabio!! ???
Preciso ler algum livro do Dostoiévski um dia ainda!!! ?


Mel 13/02/2024minha estante
Suas resenhas são tão MARAVILHOSAS!!! Eu não tenho mais adjetivos para expressar minha total admiração por seu dom da escrita!
PARABÉNS... Como sempre você dá um show no quesito, resenha!!!
????


Mariana 13/02/2024minha estante
Brilhante é essa resenha! ?????. Meu querido, você é um resenhista sensacional e não há como dizer ao contrário. Você adentra a alma do autor e traz pra nós impressões tão verídicas que não há como não se impressionar! Parabéns por essa belíssima escrita e por se permitir ser profundo! Você é incrível ?????


Fabio 13/02/2024minha estante
Dudinha, minha querida, muito obrigado, pelo carinho e pela presença de sempre!!!???
O dia que quiser, só falar que agente programa uma LC... falando nisso, as minhas companheiras de LC em David, Copperfield e eu estamos, pensado em ler Crime e Castigo, do Dostô, depois que terminamos a LC do Dickens, se quiser, bora juntos!!!!


Fabio 13/02/2024minha estante
Mel, minha gêmea amada!???
Sou totalmente grato por suas belíssimas palavras!??
Simplesmente , Obrigado!???


Fabio 13/02/2024minha estante
Mari, minha querida amiga!!!?
sabe, o quão importante suas impressões são para mim!
obrigado pela amizade, pela paciência e principalmente pelo incentivo! ?????????????
Você é incrível minha querida!


Mariana 13/02/2024minha estante
Nem é preciso paciência, só me deslumbro e aproveito sempre. Conte muito comigo ??????????


Duda.bae 13/02/2024minha estante
Falo sim, Fabio, obrigada!! Me avisa depois também quando forem começar, se eu conseguir leio junto!!! ??


Fabio 13/02/2024minha estante
Mari???


Fabio 13/02/2024minha estante
Combinado, Dudinha, eu te aviso sim, mas vai demorar uma dias ainda, porque falta aproximadamente umas 250 páginas de David Copp


Fabio 13/02/2024minha estante
Combinado, Dudinha, eu te aviso,.com toda certeza!?


Aline MSS 13/02/2024minha estante
Ainda não me sinto segura pra ler o autor, mas toda vez q leio uma resenha sua dos livros dele fico com vontade de arriscar. Quem sabe esse ano? Tenho 2 pockets e é capaz de pegá-los pra ler pela fofura.???


Regis 13/02/2024minha estante
Esse foi meu primeiro livro do Dostoiévski e me apaixonei completamente por sua escrita. Sua maravilhosa resenha, Fábio me fez recordar da tarde que peguei esse livro para ler e me encantei. Obrigada por isso. ???


Gabriela_Sut 14/02/2024minha estante
Resenha incrível, Fabio, como sempre! E o livro também parece maravilhoso, mal posso esperar para ler este, se não me engano tenho ele no meu kindle!


Camila Felicio 14/02/2024minha estante
Excelente resenha Fábio???


Elton.Oliveira 14/02/2024minha estante
Parabéns Fábio ! ????
Já adc dois de Dostô pra esse ano ... Esse parece ser um espetáculo! Vou deixar na espera ?


Fabio 14/02/2024minha estante
Aline, muito obrigado pelo carinho e presença de sempre, e fico imensamente feliz de te incentivar a ler esse gênio da leitura.
Só por esse fato, valeu o esforço que dediquei a essa resenha!
Obrigado!?


Fabio 14/02/2024minha estante
Regis, esse livro influenciou muito da minha adolescência, mas não tanto quanto, impactou nessa releitura.
Sinto que, ao reler, eu reencontrei comigo mesmo naquela época e pude vislumbrar, o quão importante é reler as obras desse gênio, que tem esse poder influenciador sobre todas as distintas fases de nossas vidas.


Fabio 14/02/2024minha estante
Regis, esse livro influenciou muito da minha
adolescência, mas não tanto quanto, impactou nessa
releitura.
Sinto que, ao reler, eu reencontrei comigo mesmo
naquela época e pude vislumbrar, o quão importante
é reler as obras desse gênio, que tem esse poder
influenciador sobre todas as distintas fases de
nossas vidas. E como você, eu também fiquei o tempo todo com aquela sensação nostálgica!!!??
Muito obrigado pelo carinho, minha querida!?


Fabio 14/02/2024minha estante
Gaby, muito obrigado, minha querida!???
Aproveite que, já tenha ele, e leia, porque, eu posso garantir que não vai se arrepender !???


Fabio 14/02/2024minha estante
Camila, minha querida, muito obrigado pelas palavras. Estou lisonjeado!!!???


Fabio 14/02/2024minha estante
Elton, meu brother, agradeço pelas palavras!
Fico feliz que essa sua lista esteja aumentando, ainda mais quando são os livros do Dostoievski!
Valeu, cara!?


Pedro 14/02/2024minha estante
"O Sonho de Um Homem Ridículo é um manifesto crítico ao niilismo, ao ateísmo e às vertentes radicais do socialismo."

Cara, depois de ler isso aqui, eu serei obrigado a ler essa obra.

Mais uma excelente resenha, meu amigo. Aliás, dentre tantas maravilhosas, acho que essa foi a mais aprofundada e detalhada.
Parabéns!
????????


Mimi Macedo 14/02/2024minha estante
Nossa! Tava inspirado em. ??


Fabio 14/02/2024minha estante
Pedrão meu amigo, muito obrigado!??
As críticas ao niilismo são, criticas abertas, inclusive, o próprio protagonista, antes da sua epopéia, era niinista. ( Como o próprio Dostoievski, antes da prisão na Sibéria)
E sobre o aprofundamento da resenha, eu me empolgo demais quando se trata de filosofia, ainda mais, quando é da filosofia dostoievskiana!???


Fabio 14/02/2024minha estante
Mimi, estava sim kkkkk
Nem ficoi evidente né? ???


GessicaM 14/02/2024minha estante
Resenha maravilhosa. Emocionante, cheia de aprofundamento e poética. Sensacional ????.


GessicaM 14/02/2024minha estante
Resenha maravilhosa. Emocionante, cheia de aprofundamento e poética. Sensacional ????.


Mimi Macedo 14/02/2024minha estante
Nadinha de evidências kkkkk


Fabio 14/02/2024minha estante
Gé,.minha querida, muito obrigado!???
Estou lisonjeado com suas palavras,... Sério... Muito obrigado!???


Fabio 14/02/2024minha estante
Mimi ??????


Flavia_Lo 14/02/2024minha estante
Resenha incrível, Fa ??
Tô buscando livros de países diferentes pra sair do eixo eua/Inglaterra, estou aceitando indicações ??


Fabio 15/02/2024minha estante
Obrigado, pelo carinho e presença de sempre Flavinha, minha querida!?
Feliz que tenha gostado da resenha!!!?
Sobre os livros eu vou te enviar, aqueles que costumo indicar, e que estão fora dos costumeiros países de língua inglesa!?


Ivone. 15/02/2024minha estante
Resenha impecável Fabio, parabéns!
Quero iniciar ler Dostoiévski por Noites Brancas, ainda esse ano


CPF1964 15/02/2024minha estante
Resenha ESPETACULAR, Fábio. Ridículo é aquele que não acompanha suas resenhas.


Mel 15/02/2024minha estante
Concordo plenamente, mano Cassius!! ?


CPF1964 15/02/2024minha estante
??????, Sister ??


Fabio 15/02/2024minha estante
Ivone, muito obrigado, pelas belíssimas palavras!??
Lisonjeado!!!?
Noites Brancas, é um ótimo livro para inicias nos textos de Dostoievski, porque, não é denso, mas mantem a essência da escrita do mestre russo.
Ótima escolha!
Só não esquece, depois de viar aqui para dizer o que achou do seu primeiro Dostô!


Fabio 15/02/2024minha estante
Cassius, meu amigo, me deixou sem palavras aqui ?
Obrigado!!!?


Fabio 15/02/2024minha estante
Cassius, meu amigo, me deixou sem palavras aqui ?
Obrigado!!!?


Fabio 15/02/2024minha estante
Ahh minha, querida gêmea, ,obrigado por esse carinho!!!?


Edson 17/02/2024minha estante
Excelente resenha meu amigo, parabéns! Ao lê-la, lembrei de uma máxima no meio militar: quando achar que não aguenta mais, ainda tem 30%. Assim aconteceu com o Homem Ridículo, quando iria dar cabo da vida, lembrou de alguém em desespero e voltou atrás. Excelente livro pra dar um up no nosso ânimo.


Léo 17/02/2024minha estante
Uau, excelente resenha, Fábio, adorei. ??? Esse foi o primerio livro que li do autor, pretendo ler Crime e Castigo esse ano.


Fabio 17/02/2024minha estante
Muito obrigado, Edinho, meu amigo!!!!?
Concordo contigo, esse livro nos faz acreditar que a humanidade, tem jeito!?


AndrAa58 17/02/2024minha estante
????? que resenha... Fábio. Fiquei até encabulada para comentar ?
Brilhante, você conseguiu reviver toda a minha experiência de leitura... E olha que tem tempo, viu? Lembrei de mim da época ?, senti, revivi, adorei! Muito obrigada. Ler suas resenhas são um prazer e um motivo para voltar sempre por aqui ?


Fabio 17/02/2024minha estante
Muito obrigado, Edinho, meu amigo!!!!?
Concordo contigo, esse livro nos faz acreditar que a humanidade, tem jeito!?
Sobre a máxima militar, eu já conhecia, mas em outro formato... e você sabiamente apontou a analogia entre ela e o homem ridículo ???


Fabio 17/02/2024minha estante
Muito obrigado, Léo!?
Fico feliz que tenha gostado da resenha, e ainda mais feliz em saber que lerá a maior a obra prima do autor, que, com toda certeza será um divisor de aguas em sua vida como leitor, como foi na minha!
Eu pretendo reler Crime e Castigo esse ano, pois a primeira leitura foi há séculos atras (kkkkk), e pretendo resenha-lo logo após, então, depois de sua leitura, dá um pulo aqui pra dizer o que achou!!!


Fabio 17/02/2024minha estante
Andréa, minha querida, muito obrigado!???
Estou lisonjeado com suas belíssimas palavras... e até me deixaram sem jeito por aqui!!!?
Fico feliz que, a resenha tenha despertado em ti essas belas e bem vindas lembranças sobre esse livro, que para mim, esta no rol de mais impactantes de minha vida!
Eu agradeço demais por compartilhar essas experiências comigo, e aproveito a oportunidade, para expressar meu carinho por ti, e para dizer o quão sou fã de suas resenhas!!!?


Ma_ah 21/02/2024minha estante
Uau!! Parece muito bom. Sua resenha me conquistou e preciso ler, tipo, pra ontem ??????


Fabio 21/02/2024minha estante
Mah, muito obrigado!!!?
Leia e depois volte aqui para debatermos sobre a obra, principalmente sobre o poder reflexivo, que ela imprime em nós!


Ma_ah 22/02/2024minha estante
Pode deixar ???????




Regis 30/07/2022

Maravilhoso e imersivo
O Sonho de um Homem Ridículo; escrito por Dostoievski em 1877, trás um personagem niilista, que chega a conclusão de que nada mais importa, que tudo lhe é indiferente, e que, se assim o for: para que continuar a viver?

?Parecia-me evidente que, se eu sou um homem e ainda não sou um nada, e enquanto não me transformei num nada, então estou vivo, e consequentemente posso sofrer, me zangar ou sentir vergonha pelos meus atos. Que seja."

Esse homem transportado para outro lugar durante um sonho, me deixou completamente devastada com a descrição melancólica e lúcida das falhas da humanidade, e de como nos corrompemos e ainda assim nos achamos sábios em nossa degradante ignorância.

Essa leitura ascende uma compreensão dos caminhos traçados pela humanidade e de como tudo chegou aonde está, mas também mostra como é dificílimo para os mesmos percorrer o caminho inverso e buscar a mudança.

É um livro maravilhosamente bem escrito, que desperta sentimentos e pensamentos profundos, e ao término, me fez desejar: que ter fé na humanidade fosse algo mais fácil nos dias de hoje.

Recomendo muitíssimo essa leitura.
DANILÃO1505 30/07/2022minha estante
Parabéns, ótimo livro

Livro de Artista

Resenha de Artista!


Fabianne 16/09/2022minha estante
Menina suas resenhas são maravilhosas.
Te seguindo para ler as próximas


Regis 16/09/2022minha estante
Obrigada Fabianne. ?
Amo ler, e escrevo apenas o que a leitura me desperta.
Fico feliz que tenha gostado. ?




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FSouzaPinto 08/03/2024minha estante
Ufa! Ainda bem que esse já li.... hahahaha ?


Michela Wakami 08/03/2024minha estante
????
Que maravilha! ?

Você gostou?


FSouzaPinto 08/03/2024minha estante
Gostei sim ??


Michela Wakami 08/03/2024minha estante
????


Jordana Borges 12/03/2024minha estante
Ganhei ele em um amigo oculto, estou doida pra ler!!! Q


Jordana Borges 12/03/2024minha estante
Ganhei ele em um amigo oculto, estou doida pra ler!!! Que bom que gostou amiga!!


Michela Wakami 12/03/2024minha estante
Que legal, amiga! Torcendo para você gostar, também.??




Henrique508 11/01/2024

Um Detalhe
Fui atrás desse livro por conhecer o autor, não sabia o que esperar além do que já havia experimentado em outros livros seus.
Foi uma viagem para uma premissa nova e instigante, uma personagem medíocre que sonha o extraordinário, acompanhada de uma escrita sutil e atraente que dança por entre pensamentos conflitantes e inconsistências do indivíduo.
Foi como conhecer e admirar um detalhe novo em algo que já se conhece.
Recomendadíssimo para quem já leu o autor e para quem não o leu ainda, vá no Memórias do Subsolo primeiro.
Aurea25 11/01/2024minha estante
Só li crime e castigo e irmãos Karamazov dele. Foi pegar esse memórias aí


Thiago548 11/01/2024minha estante
Vale a pena comprar?


Ester479 11/01/2024minha estante
Já leu Noites Brancas? Acho um dos melhores pra começar.


Helvark 11/01/2024minha estante
esse conto literalmente consegue sintetizar todo pensamento de Dostoievski, agora, por que 3?


Henrique508 21/01/2024minha estante
Eu li noites brancas faz bastante tempo, gosto bastante tmbm, mas meu preferido ainda é o memórias do subsolo


Henrique508 21/01/2024minha estante
3 pq 5 é o memórias kkjjkjjkkkjk




laxxal 15/12/2021

Eu fiquei encantado com esse livro, não esperava que fosse gostar tanto assim da história e dessa edição maravilhosa.

O sonho de um homem ridículo fala sobre esse homem ridículo que desistiu da vida, nada mais faz sentido ou diferença para ele e é em seu sonho que ele finalmente descobre a "verdade", encontrando um sentido para sua vida, uma palavra para espalhar no mundo.

Adorei a forma com que o protagonista descobre o mundo perfeito e em como aquilo impacta a sua vida, fazendo diversos contrapontos entre razão e emoção e a descoberta do "bem e do mal".

Dostoiévski propõe que esse mundo perfeito somente é alcançável por meio da religião, porém, (quem sou eu para criticar Dosto também) eu acredito que um mundo melhor tenha muito mais ligação com a propagação do amor, respeito e empatia do que qualquer outra coisa.
Gostei muito muito, foi uma ótima primeira experiência com Dostoiévski. Recomendo!
Ju Giaccaglini 17/12/2021minha estante
Adorei a sua resenha


laxxal 18/12/2021minha estante
aah muito obrigado!! fico feliz, esse livro é excelente


Nada 18/12/2021minha estante
Eu gostei, que neste livro está presente Niilismo, que os jovens da época do Dostoievski estavam tento esse pensamento, e no final o existencialismo, aonde ele desiste de morrer, e sua vida ganha um sentindo, que é passar a verdade adiante




Cinara... 21/02/2022

"No entanto, em meu amor por eles, havia uma angústia: porque não podia amá-los sem odiá-los?"


Tenho pra mim que deve ser comprovado cientificamente que por onde o ser humano (pelo menos os seres humanos desta terra) chega ele corrompe tudo.
Penso também o quão chato pode ser uma terra onde todo mundo é feliz, já que a felicidade é algo comum, como algo tão gratuito seria tão bom? Claro pensando como um ser humano desta terra e não da outra! ? Eu mesma chegaria corrompendo tudo!
Não consigo enxergar bem sem mal, amor sem ódio, alegria sem tristeza, etc... etc...
Resenha perfeita para quem não leu o livro não entender nada!

?
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jupitereis 17/04/2022

denso pra [*****]
comecei a ler russos a pouco tempo, e Dostoievski sempre foi um dos que me deu mais medo, pela densidade das coisas que ele escreve, e esse não poderia ter me assustado mais (risos). Não acho que seja um conto bom pra se iniciar nessa loucura dos russos, porque como os textos de apoio falam, é uma grande junção de diversos aspectos de outras obras do autor. É um livro que claramente vou precisar ler de novo no futuro, porque existem muitas entrelinhas incríveis pra serem decifradas, desde a grandiosidade da humanidade até nosso pequeno aspecto particular do inconsciente. É DENSO, muito denso. e existem aspectos psicológicos absurdos.
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Lia 08/03/2022

Leia e releia...
Que maravilha, li em uma hora mas vai ser um livro que demorará para ser digerido... Vou pesquisar mais sobre a vida e a obra de Dostoïevski.
Acho que temos um novo autor favorito: depois de "O eterno marido", "Noites Brancas" e "Sonho de um homem ridículo"...
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Emily977 22/02/2024

?Não quero, não posso acreditar que o mal seja a condição normal das pessoas?.

Pra ser sincera não sei bem o que falar sobre esse livro, acho que ele precisa ser lido pra ser entendido
Achei muito interessante e profundo.
A obra fala sobre como a sociedade ruma a perdição. Sobre um homem ridículo, vazio, que planeja o suicídio, que depois de negar ajuda a uma menininha desesperada tem esse sonho que faz com ele mude suas ideias.

"O principal é amar os outros como a si mesmo, isso é que é o principal, e só isso, não precisa de rigorosamente mais nada: imediatamente você descobre como se arranjar. E, entretanto, isso é só uma velha verdade que foi repetida e lida um bilhão de vezes, mas que não se assentou! ?A consciência da vida está acima da vida, o conhecimento das leis da felicidade está acima da felicidade?: é contra isso que se deve lutar!"

Leitura curta, rápida e bem fluida. Uma excelente leitura que vou guardar em mim por um bom tempo
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Vinicius 02/05/2022

A humanidade tem salvação?
Primeiro contato com Dostoiévski e muito positivo. Uma visão crítica a uma sociedade extremamente racionalista, pautada apenas pela ciência. Os textos de apoio são excelentes e acrescentam muito à leitura, nos contextualizando as motivações do autor.

Leitura leve e recomendada!
Marcelo 02/05/2022minha estante
Salvei a dica! Obrigado ??




Lu_Augusto 28/01/2024

Dostoiévski coloca muitas referências nessa curta história, nem todas consegui perceber sozinho, mas depois de ler um trecho do professor Flávio Ricardo Vassoler, especialista no assunto, percebi o quanto é rico esse texto.
Começa com a personagem principal num momento indiferente com o mundo, um pensamento niilista, pensando em se matar porque não vê, ou encontra sentido em nada no mundo. Mas quando ele achava que tudo estava decidido vê que sua determinação não era tão forte assim.
Num sonho ele passa por uma jornada digna de a Divina Comédia, de Dante Alighieri para no final encontrar seu paraíso.
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dafsss 24/05/2023

Sonhos são coisas estranhas
Na minha visão é uma obra sobre pessimismo X realidade. O mundo não pode ser de todo ruim, não? Há belas coisas e belas pessoas nele. O personagem era muito pessimista e após um sonho ele se tornou propenso a observar: há pelo o que viver.

Sobre edição: achei que há muitos textos de outras pessoas. Nem tudo agrega à história. Por vezes fica cansativo e não dá ânimo pra ler.
Pedro Evaristo 26/05/2023minha estante
Esse livro não conhecia, já vou ir atrás pra poder ler!


dafsss 26/05/2023minha estante
É ótimo! E outra: curtinho, a leitura flui rápido




Bellesbooks 13/07/2022

Sonho ou pesadelo?
Não sei se foi uma boa ideia ter o primeiro contato simultaneamente com o Dostiéseviski e essa obra. Não funcionou para mim, não é meu tipo de leitura, mas valeu a pena a tentativa.
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