Fundamentos da Metafísica dos Costumes

Fundamentos da Metafísica dos Costumes Immanuel Kant




Resenhas - Fundamentação da Metafísica dos Costumes


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Omo Felipe de oxalá 02/03/2024

Você deve dever?
Kant realmente me surpreendeu, não que eu concordei com ele mas me chamou atenção.
Sim concordo que a liberdade não existe pois a razão contrapõe a emoção, isso parece contraditório? (Leia).
Mas a razão não pode ser pura pois a moral é um emaranhado de atividades, a emoção é uma atividade valida na vida humana.
Leitura que todos estudantes de filosofia devem ler.
Um bom filosofia lê, mas nem tudo deve-se ser levado para o coração ???
Obrigado miguxos
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heroany 03/12/2023

No final parecia que eu tava no começo
Esse texto tem a pior escrita que já vi. Kant já não é um dos filósofos mais fáceis de se entender e as traduções as vezes não ajudam.
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Gualter 12/11/2023

Primeira leitura
Este foi meu primeiro contato com uma obra de Kant. Como era de se esperar, a leitura é complicada em alguns momentos,mas via de regra é possível compreender razoavelmente o que se diz.
Para um texto como esse, é necessário conhecer bem um pouco de Kant e sua filosofia, um conhecimento prévio da maneira como kant pensa ajuda enormemente na compreensão.
Ditas está coisas, a obra é provavelmente uma das mais convincentes tentativas de fundamentar a moralidade a parte de justificativas religiosas ou meramente pragmáticas.
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Luzetti0 17/07/2023

Ótimo livro, uma leitura bem densa, recomendo que antes de ler busque entender, ainda que por cima, alguns conceitos que Kant cita, e aquilo que ele buscava demonstrar em seus escritos, para na hora de ler não se sentir tão perdido.
Achei vários pontos interessantes, como quando ele explica que uma ação moral só pode advir de alguém que haja sem basear-se em uma finalidade ou que seja levado a agir por suas próprias inclinações; ou ainda que nossas ações devem ser precedidas pela reflexão que busca visualizar se aquilo que estamos prestes a realizar está sendo segundo uma máxima que poderia tornar-se lei universal. E também sempre deixa bem pontuado que nós, como seres racionais, e fins em nós mesmos, nunca devemos usar de outro como mero meio para suprir nossas inclinações e atender aos nossos desejos, ao invés disso temos o dever de tratar os nossos semelhantes fins em si.
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MaitA.Trindade 22/03/2023

#pensativa
Oq kant pensaria d'eu ta pirateando a fundamentacao da metafisica dos costumes por uma questao de vida ou morte..
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Gabriel 07/06/2022

Fundamentação da metafísica dos costumes
Kant é conhecido por ser o filósofo que pôs fim aos intermináveis debates entre os filósofos empiristas e racionalistas através da revolução copernicana e da teoria dos juízos, mas há de dar-se destaque às reflexões morais feitas pelo autor em "Fundamentação da metafísica dos costumes".
Kant fala, na referida obra, basicamente, de diferentes formas de agir em qualquer situação e busca, em sua teoria, um aparato imutável e sempre correto de agir.
Nesse sentido, cria os imperativos categórico e hipotético, de modo a fazer valer a máxima da obra: "procede como se a máxima de tua ação devesse ser erigida, por rua vontade, em lei universal da natureza".
A leitura é muito boa e possui uma linguagem relativamente simples, sendo recomendada a todos aqueles que gostem de filosofia ou ciências sociais.
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Yuririn 06/06/2022

acho melhor ler esse livro se vc já conhece pelo menos um pouco das ideias de Kant, ele não é mal escrito, mas as ideias são complicadinhas, fica bem mais fácil quando vc tem uma noção do que ele está falando, tem bastantes conceitos elaborados e precisa prestar atenção pra não perder nada. Como não tinha o livro físico durante a leitura, achei que não aproveitei tanto quanto poderia, pois gostaria de ter anotado nele as conexões que eu fazia e o que eu entendi de cada ideia exposta por ele.
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Samuel M de Paula 30/12/2020

Me falta ainda brio para compreender essa obra
A primeira vez que ouvi falar da obra foi durante um vídeo do professor Clóvis de Barros Filho, na qual ele exclamava sobre a necessidade de sairmos da nossa zona de segurança. Desse vídeo nasceu a intenção de em algum momento da minha vida vir a ler essa obra, esse ano realizei isso e...

Fundamentação da Metafísica dos Costumes é claramente uma das obras mais influentes da história da filosofia moral, a estruturação do texto exige do leitor um pré-conhecimento sobre o tema e uma leitura atenta, pois de forma magistral Kant amarra o tema de sua primeira página até sua última.

...com isso chego a conclusão de que tenho muito que aprender e reler essa obra durante a minha até o momento em que eu possua brio suficiente para entendê-la.


Segue link do vídeo que me levou a leitura dessa obra.

site: https://www.youtube.com/watch?v=QqDHVd0iKh4
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Amanda Celeste 29/12/2020

Interessante, porém muito redundante
"Fundamentação..." fala sobre o ser humano como uma finalidade em si, sobre a dignidade humana e sobre a fundamentação a priori (ou seja, a fundamentação inerente, independente de exemplos ou do meio) da moralidade humana, tentando discorrer sobre o que torna o ser humano um ser moral independentemente da influência da sociedade ou da religião. Apesar da temática interessante, é um texto surpreendentemente repetitivo para um livro tão curto.
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TalesVR 06/10/2019

Livro de Ouro da Filosofia Moderna
É impossível passar por um curso de Humanas sem passar pelo pensamento de Kant, esse que foi com toda a certeza o maior filósofo da Idade Moderna e alguns autores chegam a dizer que de todos os tempos. Essa obra possui conceitos que são amplamente utilizados em dissertações, teses e julgamentos de Tribunais superiores.

A ideia última de liberdade é um convite à Filosofia e ao bem-viver. A filosofia kantiana é um convite à vida autônoma, à maioridade intelectual, à Filosofia tal qual Sócrates e Platão idealizaram.
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Mateus.Ferreira 06/01/2017

Leia mil vezes, quando chegar na milésima primeira se depare com a sua ignorância.
Um livro super complicado, exige uma leitura minuciosa e com uma pitada de paciência.
nati 14/01/2017minha estante
Meu amor tu é tão inteligente, coisa fofa! Te amo


Mateus.Ferreira 14/01/2017minha estante
Me ama nada.




Tarcisio 17/11/2015

“Se a razão não quer se submeter à lei que ela se dá a si própria, tem de se curvar ao jugo das leis que um outro lhe dá; pois sem alguma lei nada, nem mesmo o maior absurdo, pode exercer-se por muito tempo” Immanuel Kant.
KANT, Immanuel. Fundamentação da Metafísica dos Costumes. São Paulo: Martin Claret, 2008, 96 p.

TARCISIO PADILHA
Acadêmico do Centro Universitário – Católica de Santa Catarina.

Immanuel Kant (1724-1804) é um dos mais importantes filósofos modernos, promoveu modificações radicais no modo de pensar sobre a filosofia, fugindo do empirismo predominante até então, representado pela obra de David Hume. É responsável por inaugurar uma nova concepção filosófica, baseada na razão. A obra que apresentamos Fundamentação da Metafísica dos Costumes é considerada por muitos filósofos como uma das mais importantes sobre a moral.
A presente obra é composta por um prefácio e por três seções. O prefácio apresenta de maneira geral a temática. As seções desenvolvem um escalonamento, do conhecimento moral da razão comum para o conhecimento filosófico; da filosofia moral popular para a metafísica dos costumes; por fim, da metafísica dos costumes para a crítica da razão prática pura.
No prefácio, Kant (2008, p. 13-18), descreve as divisões da filosofia grega - física, ética e lógica – bem com seus respectivos princípios - conhecimento racional da matéria segundo leis da natureza; conhecimento material dos objetos submetidos às leis da liberdade; conhecimento formal do entendimento, da razão em si e das regras universais do pensamento, sem distinguir objetos. Sendo que a lógica não tem parte empírica, enquanto que a ética determina as leis da vontade humana é afetada pela natureza. Diferente da filosofia empírica, a filosofia pura apóia-se em princípios a priori. A ética tem na antropologia prática sua parte empírica e na moral a parte racional. Portanto, a ética deve separar os elementos empíricos do racional e descobrir as fontes a priori de seus princípios.
Na filosofia moral, para uma lei valer moralmente como obrigação, ela deve ter em si uma necessidade absoluta. Os princípios baseados na experiência não podem ser considerados leis morais, mas apenas regras práticas. A filosofia moral não dependendo em nada do conhecimento do homem fornece as leis a priori. Porém, as inclinações impedem a esse de aplicar uma razão pura prática que ele mesmo concebe. Assim, a metafísica dos costumes é necessária para fornecer os princípios a priori a fim de evitar as perversões dos costumes. O que é bom moralmente está conforme à lei moral e se cumpre por amor à lei. Assim, a Fundamentação é uma preparação para a Metafísica dos Costumes.
O autor na primeira seção partindo do conhecimento moral da razão vulgar pretende chegar ao conhecimento filosófico. Para isso, inicia definindo alguns conceitos como boa vontade, única “coisa” considerada boa sem limitação. As demais constituições do homem só são boas se a vontade também for. Até mesmo a felicidade é corrigida por uma boa vontade, a qual nos torna de fato dignos da felicidade. Não é boa pelo que faz, antes é pelo que é em si mesma (KANT, 2008, p. 21-24)
Já a razão é a faculdade prática que influencia a vontade, não deixando prevalecer os instintos e inclinações, mas antes deve produzir uma vontade boa em si e não boa como meio para atingir fins diversos. Outro conceito é o de dever que contém em si o de boa vontade. Assim, uma ação só será moral quando essa ação for praticada por dever e não apenas conforme o dever. Exemplifica:
Os homens conservam a sua vida conforme o dever, sem dúvida, mas não por dever. Em contraposição, quando as contrariedades e o desgosto sem esperança roubaram totalmente o gosto de viver, quando o infeliz, com fortaleza de alma, mais enfadado que desalentado ou abatido, deseja a morte, e conserva, contudo, a vida sem a amar, não por inclinação ou medo, mas por dever, então a sua máxima tem um conteúdo moral (KANT, 2008, p. 25).
Sendo assim, a vontade boa se identifica com a vontade de agir somente por dever, em contrapartida praticar algo por inclinação, mesmo conforme o dever, não é um ato moral. Logo, o “dever é a necessidade de uma ação por respeito à lei” que “manda obedecer a essa lei, mesmo com prejuízo de todas as minhas inclinações” (KANT, 2008, p. 28). Portanto, para que uma ação seja moralmente boa: “devo proceder sempre de maneira que eu possa querer também que a minha máxima se torne uma lei universal” (KANT, 2008, p. 28).
Por fim, Kant (2008, p. 31-33) afirma que “o conhecimento do que cada homem deve fazer, e por conseguinte saber, é algo que compete a cada homem, mesmo o mais vulgar”, mas só adquire a capacidade de julgar se elimina todos os motivos sensíveis das leis práticas. Assim, é necessário passar do conhecimento vulgar à filosofia prática que ajudará na dialética entre as máximas e as inclinações.
Kant (2008, p. 37-42), na segunda seção, buscando a transição da filosofia moral popular para a metafísica dos costumes, defende que o conceito de dever apesar de ser tirado do uso vulgar da razão prática não é um conceito empírico. O dever em geral reside na idéia de uma razão que determina a vontade por motivos a priori e não pela experiência (a posteriore). Assim, “todos os conceitos morais têm a sua sede e origem a priori na razão” e “devem valer para todo o ser racional em geral”.
Sendo que a vontade não é em si totalmente conforme a razão, “está sujeita a condições subjetivas”. Por isso, a determinação da vontade é uma obrigação, segundo leis objetivas. Um princípio objetivo que obriga a vontade representa o mandamento da razão. Surge daí, o imperativo que é a fórmula do mandamento. “Todos imperativos exprimem-se pelo verbo dever”. Bom é tudo o que determina objetivamente a vontade por meio de representações da razão e por princípios válidos para todo ser racional. Os imperativos exprimem a relação entre leis objetivas do querer e a imperfeição subjetiva do ser racional e da vontade humana (KANT, 2008, 43-44).
Os imperativos podem ser divididos em hipotéticos e categóricos. Os hipotéticos “representam a necessidade prática de uma ação como meio de alcançar qualquer outra coisa que se quer”. Já os categóricos representam “uma ação como objetivamente necessária por si mesma, sem relação com qualquer outra finalidade”. O imperativo diz qual ação é boa e representa a regra prática em relação com uma vontade. Assim, o imperativo hipotético visa a pratica de ações em favor da felicidade, enquanto o imperativo categórico “não se relaciona com a matéria da ação e o seu fim, mas com a forma e o princípio do qual a ação deriva”, sendo assim, um imperativo da moralidade, pertencente aos costumes em geral e busca sua possibilidade a priori, fora da experiência (KANT, 2008, 45-51). Portanto, a partir da universalidade da lei, que constitui propriamente a natureza, ou realidade das coisas, daí que o imperativo universal do dever pode se exprimir assim: "age como se a máxima de tua ação devesse tornar-se, pela vontade tua, em lei universal da natureza" (KANT, 2008, 52).
Para Kant, “o homem, e, duma maneira geral, todo o ser racional, existe como fim em si mesmo, não só como meio para o uso arbitrário desta ou daquela vontade” e o desejo universal de todos os seres racionais deve ser libertar-se de suas inclinações. A partir disso, define a terceira forma do imperativo categórico: "age de tal maneira que a humanidade em qualquer pessoa seja usada como fim e nunca como meio" (KANT, 2008, 58-59).
A vontade é legisladora de si mesma e por isso está submetida à lei da qual é autora. Ela não depende de um interesse qualquer. É, por isso, o único imperativo possível como incondicional. Assim, para Kant (2008, p. 63):
“O conceito segundo o qual todo ser racional deve se considerar, por todas as máximas de sua vontade, o legislador universal, para julgar a si mesmo e às suas ações desse ponto de vista, conduz a um outro conceito bastante fecundo que se lhe relaciona e que é o de reino dos fins”.
Entende por reino “a ligação sistemática de vários seres racionais por meio de leis comuns”. Essa relação é possível devido à autonomia da vontade, que é a parte da vontade que constitui uma ordem a si mesma. E o princípio da autonomia é que as suas máximas venham a valer para todos, fundamento da dignidade da natureza humana e racional. Assim, “a moralidade consiste pois na relação de toda a ação com a legislação, através da qual somente se torna possível um reino dos fins”. E, a dignidade do ser humano está na obediência da lei que ele mesmo “simultaneamente se dá a si mesmo” (KANT, 2008, p. 64).
Distingue autonomia da vontade de heteronomia da vontade. Aquela deve ser reconhecida a priori pela razão pura prática e, sendo assim, é o único princípio da moral, de onde procede os imperativos categóricos; essa é a legislação universal baseada na natureza dos objetos, que só permite imperativos hipotéticos, ou seja, o agir orientado pelo querer outra coisa, constituindo assim princípios ilegítimos da moralidade (KANT, 2008, p. 70-71).
Encerra essa sessão, classificando os princípios possíveis da moralidade segundo o suposto conceito fundamental de heteronomia, a saber: são princípios empíricos quando derivam do conceito de felicidade e não servem para fundar leis morais; ou, são princípios racionais se derivam da perfeição como possível ou independente da nossa (como a vontade de Deus). Para o autor, o princípio mais condenável é o da felicidade própria que:
Atribui à moralidade móbiles que antes a minam e destroem toda a sua sublimidade, juntando na mesma classe os motivos que levam à virtude e os que levam ao vício, e ensinando somente a fazer melhor o cálculo, mas apagando totalmente a diferença específica entre virtude e vício (KANT, 2008, p. 72).
A última sessão é a tentativa da transição da metafísica dos costumes para a crítica da razão prática pura. Para isso, começa definindo (de forma negativa) o conceito de liberdade como chave da explicação da autonomia da vontade: a liberdade é a propriedade da vontade, enquanto causalidade dos seres racionais. Sendo a vontade uma espécie de destino dos seres racionais, esses se tornam livres quando escolhem a lei moral que irá reger as suas vidas. Deve-se pressupor a liberdade como propriedade da vontade em todos os seres racionais. Mas, a razão prática pura não pode deduzir o conceito de liberdade e a possibilidade de um imperativo categórico (KANT, 2008, p. 79-80).
Por isso, a liberdade precisa ser demonstrada a priori como pertencente à atividade de seres racionais em geral e dotados de vontade. No sentido prático, é livre todo aquele que só age sob a idéia de liberdade. Porém, tanto liberdade e legislação da vontade são autônomas e uma não pode explicar a outra (KANT, 2008, p. 80-81).
Para Kant (2008, p. 84) o homem não tem um conceito a priori de si, visto que não se cria a si mesmo. Recebe o conhecimento a partir das experiências, mas também é dotado da razão pura. Por isso, o homem é ser do mundo sensível e do mundo inteligível. Assim, a razão é a faculdade que o distingue em si das outras coisas. Sendo que esta está acima do entendimento, que é passivo aos sentidos. O homem como ser racional deve pertencer ao mundo inteligível. Por isso, ele é livre, quando ascende ao mundo inteligível e à moralidade. Mas, quando obrigado, pertence ao mundo sensível, ainda que ao mesmo tempo pertença ao inteligível (KANT, 2008, p. 82-86).
Seguindo o pensamento platônico, Kant (2008, p. 86-87) afirma que se o mundo inteligível é o fundamento do mundo sensível, “terei de considerar as leis do mundo inteligível como imperativos para mim e as ações conforme esses princípios são deveres”. E “esse dever categórico representa uma proposição sintética a priori”. O indivíduo, tendo a consciência de possuir uma vontade boa que constitui a lei do mundo inteligível, vê o dever moral como um querer próprio necessário na medida em que pertencente também ao mundo sensível.
A liberdade da vontade e as leis naturais são conceitos de necessidade, ou seja, de conhecimento a priori. Mas, “a liberdade é só uma ideia da razão cuja realidade objetiva é duvidosa”, enquanto a natureza “é um conceito do entendimento que demonstra [...] a sua realidade por exemplos da experiência”. Aparenta assim uma contradição, mas não pode havê-la, pois não se pode renunciar a esses conceitos, mesmo que a razão não possa explicar a possibilidade da liberdade. Enfim, essa é válida, somente como pressuposto necessário da razão e da vontade (KANT, 2008, p. 88-90). Assim:
A impossibilidade subjetiva de explicar a liberdade da vontade é idêntica à impossibilidade de descobrir e tornar concebível um interesse que o homem possa tomar pelas leis morais; e, no entanto, é um fato que ele toma realmente interesse por elas, cujo fundamento em nós é o que chamamos sentimento moral, sentimento que alguns têm falsamente apresentado como padrão do nosso juízo moral, quando é certo que ele deve ser considerado antes como o efeito subjetivo que a lei exerce sobre a vontade e do qual só a razão fornece os princípios objetivos (KANT, 2008, p. 92).
Portanto, a liberdade é o pressuposto para a validade do imperativo categórico e da lei moral. No entanto, a razão humana é incapaz de explicar como uma razão pura possa ser prática (KANT, 2008, p. 93-94).
Conclui que o uso prático da razão conduz à necessidade absoluta das leis das ações de um ser racional. O incondicional necessário, a liberdade, deve ser aceito como pressuposto. Caracterizando, assim, como um defeito da razão humana em geral, não conceber uma lei prática incondicionada como necessidade absoluta (KANT, 2008, p. 95-96).

REFERÊNCIAS

BARROS, Everton Oliveira. Fundamentação da Metafísica dos Costumes (Immanuel Kant). 2009. Disponível em: < http://filopensante.blogspot.com.br/2009/07/
fundamentacao-da-metafisica-dos.html>. Acesso em: 20 nov. 2014.
ÉTICA MODERNA. Resumo sistemático de KANT: Fundamentação da Metafísica dos Costumes. Disponível em: < http://www.discursus.xpg.com.br/textos/fumetcos.html>. Acesso em: 14 nov. 2014.
JÚNIOR, Gilberto Miranda. Fundamentação da Metafísica dos Costumes: resenha. 2009. Disponível em: . Acesso em: 18 nov. 2014.

KANT, Immanuel. Fundamentação da Metafísica dos Costumes. São Paulo: Martin Claret, 2008.

MARTINS, Reno Sampaio Mesquita. Um estudo sobre a fundamentação da metafísica dos costumes à luz de Immanuel Kant. 2010. Disponível em:
< http://www.jurisway.org.br/v2/dhall.asp?id_dh=4099>. Acesso em: 18 nov. 2014.

PAGOTTO­EUZEBIO, Marcos Sidnei. Considerações acerca da Fundamentação da Metafísica dos Costumes de I. Kant: Liberdade, Dever e Moralidade. 2007. Disponível em: < www.hottopos.com/notand14/marcos.pdf>. Acesso em: 20 nov. 2014.

VALADÃO, Suelem Cabral. Fundamentos da Metafísica dos Costumes. Disponível em: < http://www.coladaweb.com/filosofia/fundamentos-da-metafisica-dos-costumes>. Acesso em: 20 nov. 2014.
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Lauro Edison 21/07/2011

Fundamentação da Metafísica dos Costumes - Immanuel Kant
(Texto escrito há 7 anos, em 20.09.04)

Quando um filósofo tentou, em vão, justificar racionalmente a existência da moral

Em 1785 um homem chamado Immanuel Kant escreveria a Fundamentação da Metafísica dos Costumes. O título "oficialesco" já deixa entrever que seu objetivo filosófico só poderia pretender ser algo definitivo e perene, completo, livre de contradições, conclusivo. Como tudo em sua vida, Kant também argumentava seguindo estritamente pelos caminhos seguros, firmes, matemáticos. Sua vida extremamente regrada faz compreender o motivo pelo qual este filósofo preferiu defender uma teoria tão repressiva e, não bastasse isso, trabalhar ferozmente no sentido de torná-la inquestionável.

Obviamente, ele não o conseguiu. Ainda assim é fantástico acompanhar a incrível habilidade com que ele conduzia sua argumentação. Seu processo sistemático pouco (ou nada) importava-se com a inteligibilidade do texto. Tinha por gosto complicar a vida do leitor. Kant é prolixo. Com alguma paciência, entretanto, é possível se entusiasmar com as acrobacias lógicas de sua mente. E, apesar de ter, na prática, sedimentado o falso valor da moral na sociedade, foi Kant o primeiro a colocá-la no campo da filosofia e, portanto, torná-la passível de questionamentos.

Neste livro, afinal, Kant se ocupa em estabelecer as bases para justificar a necessidade real e a existência concreta do princípio moral. Antes, porém, ele trata de renovar o conceito de lei moral, tirando-o do campo dos dogmas e o trazendo para o campo das idéias e da razão. Para tanto o filósofo parte de um pressuposto. Erro fatal em filosofia. Ele pressupõe que a natureza concedeu a razão ao homem como forma de superar o instinto animal, de substituí-lo. Não se pergunta, por exemplo, sobre a possibilidade de que o instinto animal não seja algo que o ser humano precise superar. E provavelmente não é. Ainda assim, cínico ou ingênuo, Kant prossegue. Argumenta que a vontade de satisfazer um desejo é movida pelo impulso, ao passo que a vontade de obedecer a razão é gerada por um motivo. Deste ponto ele deriva a idéia de que somos livres somente quando nos submetemos à lei moral universal, que nada mais é do que a obrigação de agir racionalmente. Escravidão, neste caso, é sucumbir aos impulsos irracionais.

Percebe, contudo, que uma lei universal não pode jamais se basear na experiência, que é algo eventual e inconstante, mas deve, pelo contrário, ser perceptível a priori, ser demonstrável, portanto, através de uma razão pura, uma razão que se apóie apenas em lógica, que é uma propriedade constante do universo. Assim como você não precisa experimentar nada para ter a convicção de que dois mais dois são quatro, Kant pretende formular o princípio moral de maneira igualmente inquestionável e segura. Procura encontrar a lei moral na pura lógica inerente aos seres racionais e ao universo, derivando daí uma obediência irrestrita.

Apenas deste modo ele consegue elaborar uma teoria moral livre de contradições e sem quaisquer exceções, porém não sem uma série de implicações estranhas ao bom senso, como o dever de falar a verdade a um assassino que esteja caçando seu amigo. Mas enquanto não encontra o ponto de apoio que procura, ele desenvolve o "interior" de sua teoria, numa espécie de "como seria se fosse". Discorre sobre os detalhes da suposta lei universal inerente a todos os seres racionais e à qual todos eles devem obediência.

Quando finalmente o livro chega no ponto de demonstrar que o princípio moral é mais que uma abstração sem valor, isto é, que existe de fato na lógica do universo e dos seres racionais, parece esbarrar nas próprias regras de argumentação que criou. Ou simplesmente na razão. O problema óbvio é: se o princípio moral é algo que deve prevalecer sobre qualquer possibilidade de prazer "efêmero", então deve, ao ser respeitado, causar uma satisfação que supere qualquer gozo inferior. No momento chave, porém, Kant admite não poder investigar racionalmente a necessária "satisfação natural" que um indivíduo racional deveria sentir ao obedecer à lei. Contenta-se, neste caso, em dizer que este sentimento moral, embora não possa ser provado, é obviamente sentido até pelo "pior facínora", segundo suas palavras. Seria como a lei física da inércia, que não se pode provar e ainda assim "sabe-se" que existe (ou seja, não se tem certeza!). O filósofo lutou tanto para ser incontestável e terminou por cair em uma mera questão de preferência, ou até de alergia.

Ao mesmo tempo em que Kant via a moral como uma lei a ser obedecida - ponto indispensável para desqualificar e punir quaisquer possíveis atos "imorais" -, percebia que a atitude moral verdadeira, enquanto universalmente correta, só poderia ser espontânea. Viu-se em apuros lógicos. Postulou, portanto, a existência de um sentimento moral inerente ao ser humano, que não pôde provar [mesmo porque, como o éter dos físicos, não existe].

Este sentimento moral, que se tornou o "Calcanhar de Aquiles" da teoria kantiana, seria o responsável pela suposta "satisfação maravilhosa" sentida por quem dispusesse somente de atitudes racionais. "Atitude racional", para Kant, no entanto, nada mais é do que evitar quaisquer impulsos irracionais - que muito corriqueiramente são prazerosos ou buscam o prazer. Sua teoria pretende, portanto, e sem qualquer sucesso, que o maior prazer que existe é, precisamente, evitar todos os outros. Não bastasse, ele ainda batiza esta repressão aos "terríveis desejos irracionais" de liberdade. Ser livre seria, portanto, sujeitar-se a leis que te proíbem de ter qualquer forma de tesão.

Como esperado, sua tentativa de racionalizar um dogma resultou, de forma previsível, em destruir o mesmo dogma. Apesar disto Kant sedimentou o "espírito moral" na civilização. Um filósofo deve, em tese, procurar a verdade livre de quaisquer intenções preliminares. Mas especialmente Immanuel Kant, influenciado por forte educação religiosa, nunca esteve sujeito a esta lógica simples. Em sua época o aconselhável não era "tentar entender como o mundo é", mas sim "tentar entender como o mundo é uma confirmação dos dogmas cristãos". A existência de Deus e a decorrente necessidade de justiça, compaixão, humildade e outros preceitos afins eram fatos consumados. Duvidar era crime. Filosofar, portanto, era apenas ratificar as afirmações religiosas através da razão. Neste cenário a boa vontade para com os deslizes lógicos de Kant só poderia ser algo de estonteante. Nada mais genial, entretanto, do que afirmar que Deus não pode ser confirmado pela razão e, ainda assim, está assegurada sua existência pela fé. ? Ok, isto não é da "alçada" da razão...

*****

(21.07.11)

P. S.: a parte onde afirmo que Kant foi o primeiro a colocar a moral no campo da filosofia é ridícula, rsrsrs. Na época eu não conhecia história da filosofia, tinha uma ideia vaga sobre a Igreja ter reprimido o pensamento desde sempre e resolvi chutar. Ignorando Hobbes, Hume, Locke... Mesmo Platão, Epicuro, Aristóteles... errei feio.

P. S.²: de modo geral, ainda concordo com este texto. Mas penso que ele é vago. Super resumindo os remendos que eu faria, hoje penso que só existe racionalidade (ou irracionalidade) em relação a objetivos. Uma pedra não pode ser racional ou irracional, pois não tem objetivos. Mas nós temos. E nossos objetivos são, precisamente, os nossos "impulsos animais" - são eles que determinam o que nos causará prazer ou sofrimento. São eles que nos motivam. O que Kant deprecia como "impulsos irracionais" são, na verdade, a base de nossas decisões racionais. Ele não poderia estar mais errado: ignorar nossos impulsos animais é ignorar nossos objetivos. É o cúmulo da irracionalidade. E nem sei se eu sabia disto na época, mas esta é exatamente a crítica que Nietzsche faz a Kant.
Elder Prates (Escritor) 17/11/2014minha estante
Não é só superficial o seu texto, Lauro. Ele possui vários pontos de vista que não existem no texto de Kant e nem condizem com a moral kantiana. Existem colocações subjetivas, não sendo assim, fidedigno ao texto.


Nandy 14/11/2021minha estante
Ih virou hater do kant? Kkk


Elder Prates (Escritor) 05/01/2022minha estante
Não, Nandy. É só questão de fidelidade acadêmica; em um texto filósofo é preciso primeiro entender e depois sim refutar ou concordar com o texto, no entanto, também usando argumentações lógicas e filosóficas. Um texto filosófico não é como uma literatura que permite a opinião dada por gosto, mas sim, com embasamento. Senão você não sabe o que é Filosofia.




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