Natália Tomazeli 11/03/2018Cada um pertence a todos"Se uma pessoa é diferente, é fatal que se torne solitária."
Admirável Mundo Novo está em todo o lugar. Você provavelmente ainda não notou isso, mas está sim. Porque esse foi um livro que serviu de base/inspiração para TANTA, mas tanta coisa, que eu podia fazer aqui um lista com 10 coisas (filmes, músicas, livros, palestras, séries) que referenciam esta obra.
Eu mesma fui notar que esta obra existia, faz relativamente pouco tempo, mais especificamente quando li 1984, de George Orwel. O autor se inspirou na obra de Huxley para fazer seu livro, e arisco a dizer que na verdade todas as distopias beberam um pouquinho da fonte de Admirável Mundo Novo.
Ao contrário de 1984, onde a gente tem uma sociedade construída no estilo Coréia do Norte, nesta nós temos uma coisa mais na vibe da ficção científica, onde as coisas já são pré-estabelecidas por meio da tecnologia, onde todo mundo é condicionado geneticamente dentro de laboratório. Apesar do autor levantar diversos questionamentos importantíssimos durante a história, cheguei a conclusão de que não consegui gostar do livro de fato. Fiquei querendo abandonar a leitura em muitas partes. Muito também do meu descontentamento, veio da narrativa do autor. Não tem como explicar, mas não é agradável nem dinâmica. Eu ia lendo e só ia perdendo mais e mais o interesse na trama, o que é ruim demais, já que esse é aquele tipo de livro cheio de elementos e que você precisa entender as coisas novas que o autor colocou ali. Aí, eu tinha que voltar na leitura o tempo todo, o que tornava tudo ainda mais entediante, e se eu por acaso desistisse e tentasse prosseguir, não entendia bulhufas, o que me obrigava a sempre ficar voltando e voltando. Fica inclusive aqui eleito esse o livro mais cansativo que eu li nesse ano, e uns dos mais cansativos da vida, infelizmente.
Mas vale a leitura? Na minha opinião, vale, mas com ressalvas. Sinto que eu deveria ter lido antes as obras de Shakespeare antes de ter pego esse para ler, porque tem MUITA menção a ele no livro, e sinto que eu teria tirado mais proveito se já tivesse vindo com esta bagagem literária, o que eu recomendaria para outras pessoas também, porque parecia que eu ficava perdendo muita coisa durante a leitura. Outra coisa é o fato de que, como este é um livro de distopia, é interessante já ir ler sabendo disso, pra não se perder com a trama.
Mesmo com todos os problemas, esse é aquele tipo de livro que a pessoa precisa reconhecer o mérito e tentar focar nas coisas mais icônicas, porque se não fosse ele talvez não existisse muita coisa daora que tem hoje.
Talvez também seja aquele tipo de livro que a pessoa tem que ler num momento certo na vida, onde ela já tem maturidade literária suficiente para captar a essência e absorver as coisas, senão acaba se tornando tudo bullshit, e provavelmente esse possa ser meu caso, enfim, sei lá se deu para entender rsrsrs
Por último, se você tem essa edição roxinha da "Bilioteca Azul", ignora esse prefácio e lê ele só no final, porque além dele conter spoilers, ele tá muito mais para um posfácio, nem sei porque colocaram ele aqui no início, socorro!
"Pane no sistema, alguém me desconfigurou
Aonde estão meus olhos de robô?
Eu não sabia, eu não tinha percebido
Eu sempre achei que era vivo
Parafuso e fluído em lugar de articulação
Até achava que aqui batia um coração
Nada é orgânico, é tudo programado
E eu achando que tinha me libertado
Mas lá vem eles novamente e eu sei o que vão fazer
Reinstalar o sistema
Pense, fale, compre, beba
Leia, vote, não se esqueça
Use, seja, ouça, diga
Tenha, more, gaste e viva
Pense, fale, compre, beba
Leia, vote, não se esqueça
Use, seja, ouça, digaaaaaa"