grmartins95 21/02/2024
Sábado de carnaval e acabei de terminar a leitura de "Entrevista com o Vampiro", de Anne Rice, livro que entrou para a lista de leitura de forma inesperada, nas rédeas do próprio desejo.
Essa "entrevista" deu o que pensar, sobretudo porque fiz sua leitura simultaneamente à de "No Caminho de Swann", de Proust. São obras com propostas muito diferentes, com dicções absolutamente distintas e que pedem uma atenção particular, mas, mesmo assim, as duas me capturaram com força. (Achei que o par, inclusive, funcionou muito bem para mim, porque me fez procurar o que é simples em Proust e complexo em Rice, saindo do que já está dado pela tradição).
Sobre o livro de Anne Rice, ele não foi o clichê de vampiros que pensei que seria. Na verdade, achei que o "vampiro melancólico" aqui funcionou muitíssimo bem, e me fez pensar na relação que nós temos com nosso tempo (e o impacto da eternidade nisso) e no apego e na nostalgia como uma espécie de sintoma melancólica.
Mas a cereja do bolo, para mim, realmente é Claudia: uma vampira - que não adoece, envelhece ou morre - com só cinco anos. Um tipo de Bella Baxter ao contrário: maturidade presa num corpo eternamente infantil. É tenso, deixa a gente mal, de vez em quando nos faz rir, mas, no geral, é só tenso, bem tenso.
site: https://youtu.be/E6klYmkJ90o?si=XrcOHVuPGhBcic3P