claudio.louzd 04/03/2021
Clássico FIlosoia Anti Religião Ilógico Injusto Incorreto Infeliz
De novo, começo com minha assertiva modesta: quem sou eu para criticar um Nietzsche?
Consciente disso, vamos à crítica!
Eu me pergunto se vale a pena ler Nietzsche, tendo ele ideias e visão de mundo tão opostas às minhas. Acabo me rendendo à sua fama e constantes menções em outras obras.
O resultado é ter subsídios para, em uma conversa, demonstrar que o alemão não é uma figura incontestável. Ao contrário, neste livro, em especial, N. demonstra toda sua soberba, falta de empatia e capacidade de contradição imediata, com poucas páginas de diferença... Mais: silogismos burros, simplificações infantis, omissões imperdoáveis, citações desastrosas.
A impressão é que ele teve algum tutor na infância, de forte posição religiosa, que o magoou profundamente E transmitiu uma concepção muito equivocada do que é o Cristianismo. Digo isso mesmo considerando o quanto a religião evoluiu nesses mais de 100 anos.
Eu, como Cristão, repudio 90% das palavras críticas de N., como injustas, inadequadas, equivocadas e até mesmo pueris.
Um dos pontos mais incorreto é a ideia de que a Igreja quer tolher o prazer. Claro, se pincelar trechos da Bíblia, como ele fez, essa impressão pode ser natural. Quem conhece um mínimo da Bíblia, contudo, sabe que em trechos distintos, o Livro defende posições diametralmente opostas. Então usar uma parte específica dA Obra, descontextualizada, para criticar o cristianismo é tão inacreditável que faz crer que ele tenha escrito com má fé.
Outra possibilidade é que a sífilis, já adiantada em 1888 (contraída em 1866, crises de loucura conhecidas em 1889), tenha afetado seu princípio da realidade. Especialmente pela incongruência de ideias dentro do mesmo livro.
Além de uma das obras mais incoerentes dele, é a que menos me acrescentou.
Não dá para omitir que, mais uma vez, surgem trechos em que se enxerga pq o nazismo bebeu tanto dessa fonte: o homem superior, o direito a tripudiar sobre os mais fracos, alguns são eleitos que devem ter mais direito que outros, combate à compaixão como fraqueza dos valores cristãos, desprezo aos freios morais, só para citar algumas pérolas.
Se fosse um livro de um completo desconhecido, a chance de o leitor considerar o autor um completo idiota seria enorme. Repito: enorme!
Acho interessante citar um trecho do prefácio, de Ciro Mioranza, para ilustrar do que falo: "...é o grito veemente e mesmo feroz de um ATEU. ... para os cristãos um livro escandaloso, pérfido, malcriado, produto de um pensador que leva até limites impensáveis seu ódio contra uma religião; para os fanáticos de qualquer outra religião que não a cristã - que aqui é a grande vítima - para os fanáticos, para eles não há espaço disponível nesta introdução; nem deveria haver em qualquer outra publicação, porquanto eles fogem dos limites do pensar, do agir e do crer." Parabéns, Ciro!