spoiler visualizarDanilo 18/08/2022
O anticristo
O livro em questão foi escrito um ano antes de Nietzsche perder sua lucidez, mais precisamente em 1888.
O conteúdo trás uma das mais afiadas análises sobre o cristianismo em sua forma mais ameaçadora e nociva.
Sendo usado como instrumento de manipulação, trazendo a vitória dos fracos, doentes e rancorosos sobre os fortes, orgulhosos e saudáveis, tudo na base de uma forte persuasão, dando sustentabilidade a uma grande ilusão.
Fala das mudanças de foco em que o cristianismo opera, se comparado a outras religiões, estabelecendo que o centro da vida é o além e não o mundo presente.
Logo de cara, no prefácio, Nietzsche já faz questão de enfatizar que o livro é para os mais raros, ou seja, pouquíssimos, que na visão do mesmo se trata da verdadeira "elite", com pensamentos e idéias consideráveis, capazes de transcender os limites da intelectualidade.
Uma nova busca ao além-homem, um homem capaz de conviver com as suas limitações e superações, sempre classificando o homem moderno como um ser fraco e domesticado, devoto da compreensão e do perdão exacerbado, que fica feliz com tão pouco, para ele bastando apenas um sim ou um não.
Algo que também merece menção e destaque no livro, é a tentativa de Nietzsche obter um espaço mais abrangente para críticas em relação aos valores estabelecidos pelo cristianismo em seus dois mil anos de existência, sempre representados pela dualidade criada ao longo desses anos, como o céu e o inferno, Deus e o Diabo, o mal e o bem, o corpo e a alma, dentre tantos outros, que na visão do autor é apenas uma corrente de forças capitaneada pelo acaso.
Baseado no título da obra se supõe que o autor irá atacar a Cristo de maneira ríspida e violenta, o que não é bem assim, ele define o mesmo como alguém ingênuo, que queria mudar o mundo com as suas ações, vindo a criticar o que vinheram a fazer com a sua imagem logo depois do seu ato final, acusando inclusive o apóstolo Paulo por ter modificado o real significado sobre os ensinamentos de Cristo, acrescentando vários tipos de cultura e transformando tudo em uma verdadeira instituição, da maneira que sua conveniência achasse melhor.
Voltando ao conceito de dualidade, é aqui onde surge toda a terrível situação envolvendo o juízo final, fazendo Nietzsche afirmar que a partir desse ponto o evangelho morre, deixando o sacerdote livre para reinar com a invenção do pecado , suas punições e consequências.
Temos também citações de outras religiões em comparação com o cristianismo, sendo o budismo a mais interessante, sendo considerada mais benevolente pelo autor, por não fazer lutarem contra o pecado, mas sim contra o sofrimento.
Categorizando o budismo como uma religião para homens mais evoluídos, sem a pretensão do cristianismo em dominar o homem os tornando doentes e dependentes de algo platônico, sempre buscando algo para colocar a culpa diante do seu fracasso ou sofrimento, dessa forma dando origem ao diabo, novamente voltando para questão da dualidade, o divino e o profano, o bom e o mal.
Enfim, o livro contém muitas informações,muitas referências, tem uma linguagem complexa, podendo gerar várias interpretações, satisfazendo uns e outros não.
No seu término a mensagem real passada pelo autor seria incentivar
o espirito livre, apenas para vivermos,
sem pensar se estamos ou não
cometendo pecados, livre para fazermos o que quisermos, colocando Deusa apenas como um
estado de espírito, pois Cristo não
morreu na cruz por nós, mas sim para
mostrar como devemos viver, sem
preocupações, sem instituições que o
manipule e diga o que fazer para ser
aceito no juízo final.
O livro pode ser lido tanto pelo cristão como pelo não cristão, fanáticos não, passem longe, vocês usam vendas.