Infância

Infância Maksim Górki




Resenhas - Infância


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guidenker 26/07/2011

Infância -Maksim Górki
Esse livro me emocionou desde a primeira página. É linda a visão de mundo do pequeno Aleksiei que passa a ser criado pelos avós após a morte do pai.
Aleksiei nem sempre entende bem o mundo no qual ele vive. Mas descreve poeticamente a vida russa em Níjni e sua família violenta e paradoxalmente afetuosa. Sofremos junto com ele a ausência da mãe, a cureldade dos tios e a rabugice do avô; e recebemos junto com ele todo o amor e carinho que a avó tem para oferecer.
É divertido acompanhar seus questionamentos religiosos contrapondo o Deus do avô (cruel e cheio de ira) e o Deus da avó (amoroso e amigo de todos, inclusive dos animais).
Mas o que mais me agradou foi a descrição das pessoas que passam tão brevemente por sua vida. Fiquei até com vontade de conhecer o Coisa Boa, sujeito de poucas palavras mas extremamente eloqüente e sábio em tudo o que diz.
Esse é um dos melhores livros que eu já li. Recomendo.
Bom, o resto é spoiler.
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Carol 18/09/2020

Que livro mais lindo! Não queria que acabasse ... Leksiei conta com a mais pura inocência e as mais simples palavras sua visão do seu mundo e da sua família. É tocante demais, a literatura russa é de um sentimentalismo encantador. Já quero ler as outras obras do autor!
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Mama 29/09/2023

Uma das melhores leituras de 2023
Que livro maravilhoso! Meu primeiro contato com a literatura russa já me arrebatou completamente. O livro me fez viver uma experiência que nunca tive, que é a vivência e a troca de experiência com uma avó e um avô. Chorei bastante ao longo do livro, a leitura é muito gostosa, apesar de trazer um sofrimento profundo. Amei!
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Alessandra 29/12/2009

O Menino de Ouro
Quem viu o filme A Menina de Ouro ou leu o livro, e leu também a Trilogia Autobiografia de Máximo Gorki, vai entender a comparação, embora o primeiro trata-se de um drama fictício e o segundo da vida real, ambos ficção e realidade abordam o mesmo tema — a força visceral, colossal que é capaz o ser humano em meio as torrenciais tempestades da vida.
Sem proteção de pai, nem amor de mãe, um menino, abandonado a própria sorte contando apenas com a avó, infelizmente por um curto período de sua vida, a única fonte de amor para a criança, Gorki. Uma avozinha analfabeta, doce, meiga, uma pessoa notavelmente bondosa, de imensa generosidade, “interessantíssima”, tão admiravelmente humana; talvez tenha sido ela a responsável ainda que sem perceber em evitar que Gorki tenha entrado na marginalidade, que insistentemente a vida em muitas situações desesperadoras de extrema e cruel miséria tantas vezes tentou empurra-lo.
Uma obra permeada de paixão, sofrimento, amargura, revolta, e ao mesmo tempo lirismo, toques de humor e muita observação sobre a condição humana e afiadíssima critica contra a injustiça, a crueldade humana; nela se pode perceber um Gorki sensível, inteligente e generoso, que tem um olhar apaixonado pela natureza, os animais, as pessoas, a alma humana, as coisas...
Um homem que atravessou o inferno, mas sobreviveu; uma trilogia humana e comovente, porem um relato duro e cortante, e ao mesmo tempo de uma beleza e sensibilidade tocante, especialmente quando o autor relembra saudosamente a avó...
É possível perceber em alguns momentos uma leve melancolia do autor, esta sufocada por uma revolta contra o egoísmo, a crueldade e a mesquinharia humana, ao recordar suas experiências passadas.
Um menino que passou pelas camadas mais pobres e rudez, que chegou a passar meses lavando fradas num rio quase congelado em troca apenas de comida, que sonhava em estudar, em cursar a universidade, e mal conseguiu terminar o primário; que compensou esta deficiência lendo livros e mais livros; que não teve infância, nem adolescência, passou fome, frio, sofreu a solidão, lutou contra o desanimo o desespero, que muitas vezes esteve perto de um fim trágico.
É incrivelmente surpreendente que tenha sobrevivido a tudo isso, e se tornado um grande escritor; que passou por uma miríade de profissões, muitas vezes braçais, pesadas demais pra um menino, explorado, se matando de trabalhar e ainda passando necessidades...
Para mim a Trilogia Autobiográfica de Gorki é uma lição de vida, amor e fé, revelando uma força inesgotável, um exemplo de coragem e caráter; e Ganhado Meu Pão, o segundo volume é admiravelmente bem escrita, num momento de muita inspiração, revelando um grande talento do escritor ao usar a pena. A Trilogia não é de forma alguma, mas poderia ser um grande livro de auto-ajuda. Depois de ler esta Trilogia Autobiográfica, meses depois eu já havia lido toda a Obra de Máximo Gorki traduzida para a Língua Portuguesa, faltando somente o livro: Lenine.
Toda a sua obra é repleta de sensibilidade, humanismo, generosidade para com a vida, a natureza, o homem e em especial e principalmente a mulher. Máximo Gorki era feminista, pois suas obras sempre de uma maneira ou de outra eleva a mulher, enaltece suas qualidade se mostrando condescendente, sensível e devotando profundo respeito e admiração a mulher, e demonstrando um grande pesar ao saber que existiam mulheres que ainda se colocavam na condição de meros objetos de “diversão para os homens” como ele mesmo cita isto na Trilogia e também em muitas obras que saíram da sua pena.
Gorki se vivesse em nosso tempo é quase certo que seria também um ativista ecológico, pois há descritivas, belas e românticas passagens suas sobre a natureza, sua beleza e valor.
Alias em carta sua a Lenine (esta que faz parte de outra obra). O escritor se mostra preocupado com o desperdício e a importância do reaproveitamento de materiais de demolição. Isto era admirável numa época que não se previa as conseqüências catastróficas da poluição, destruição da natureza, e importância fundamental da reciclagem para a preservação de recursos naturais. A preocupação do escritor não era com a destruição da natureza não era possível prevê isso, mas sim com o povo. É criticava que era justamente as pessoas mais pobres que moravam em casas simples, muitas vezes com as janelas faltando vidros em pleno e rigoroso inverno russo, estas justamente que ao demolirem uma construção para ser erguida outra, não se interessam em aproveitar os materiais das construções antigas.
Mostrava grande preocupação com a necessidade do governo reduzir gastos desnecessários quando o povo ainda vivia na pobreza.
Sem duvida Gorki não era uma pessoa comum e estava à frente de seu tempo, muito informado sobre sua época, admirava imensamente a ciência e tudo que ela poderia trazer de frutífero para a sociedade, tenha uma paixão desmedida pela literatura, se tornou intelectual apesar do meio social miserável em que nasceu, e viveu por muitos anos, e muito contribui nesta área com suas obras e principalmente valorizando e organizado obras de outros escritores e personalidades. Um homem que via a importância das crianças conhecerem a vida de Edison, Darwin, Garibaldi e Beethoven entre tantas personalidades importantes.
Sobre todos os aspectos Gorki foi um homem extremante interessante, admirável, sensível. Ainda que tenha cometido erros, vivendo numa época conturbada e de grandes transformações políticas, que seja visto com maus olhos por alguns por ter travado relações com Stálin, este que Gorki nunca admirou, nem foi amigo, alias amizade e admiração ele nutria pro Lenine, mas que devido a sua visão humanista não aceitava a mão de ferro dos bolcheviques, que intercedeu ao governo de Lênin, para salvar artistas e intelectuais que dirá aceitar ele, Gorki uma ditadura de Stálin, com caráter tão oposto a ele. Gorki que não aceitava como também ficava chocado com a violência.
Vale lembra que Gorki foi exilado da Rússia, e mesmo quando Lênin estava no poder, Gorki não voltou definitivamente a Rússia, só retornando quando Stalin estava no poder. Porém Gorki já era idoso, bem doente e abalado com a morte de seu filho, já não percebendo com nitidez o que se passava na Rússia.
O que se pode tirar da Trilogia Autobiográfica de Máximo Gorki, assim como em toda a sua obra, é o que existe de mais vil e indiscutivelmente o que pode existir de melhor, mais belo e admirável no ser humano, e trazer este questionamento para sua vida é de uma grande lição. Não é a vida de um homem acima do bem ou do mal, uma pessoa perfeita, um herói, mais sim a vida de um Aleksiéi que lutou com integridade uma vida interia, sem esquecer do seu semelhante, e no final venceu, apesar de tudo.
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Augusto 17/04/2015

De uma tristeza e beleza que se fazem sentir em cada página
Impossível não ser fisgado desde as primeiras linhas pela forma como Górki narra e pela maneira como descreve suas personagens, em muito semelhante ao olhar de uma criança. Na verdade, Infância é exatamente isso: a dureza e a amargura da vida na Rússia no final do século XIX pelos olhos de uma criança (Aleksiei) e como essa vida vai aos poucos modificando, transformando o garoto. Como o protagonista vai, lentamente, absorvendo as cores cinzas do mundo em que vive.

O que mais impressiona no livro é a capacidade que o autor tem de extrair beleza mesmo de momentos de profunda tristeza. Como em toda grande obra, há personagens tão vívidos e marcantes, que parece impossível que não sejam de carne e osso. Destaque para a avó... que é descrita assim por Górki:

“A avó falava de um jeito diferente, como se cantasse as palavras, e assim elas se fixavam com mais força na minha memória, tão meigas, vivas e cheias de sumo quanto as flores. Quando a avó sorria, suas pupilas se dilatavam, escuras como cerejas, incendiando - se com uma luz indescritivelmente simpática, o sorriso desnudava com alegria os dentes brancos e fortes e, apesar de uma porção de rugas na pele escura das faces, o rosto inteiro parecia jovem e radiante.”

Apesar disso, a tônica final do livro ainda é de uma esperança meio absurda e comovente. Infância é provavelmente um dos livros mais bonitos que já li:

"Ao recordar essa sordidez de chumbo da selvagem vida russa, em certos momentos eu me pergunto: vale a pena falar sobre isso? E, com convicção renovada, respondo: vale; pois essa é a verdade viva, infame, ela não morreu até hoje. É a verdade que é necessário conhecer até as raízes, a fim de extirpá-la (...) Apesar de elas (estas coisas sórdidas narradas) serem repugnantes, apesar de nos oprimirem, esmagando até a morte uma multidão de espíritos excelentes, o homem russo ainda é jovem e sadio de espírito o bastante para superá-las, e vai superá-las. Nossa vida não é só espantosa por haver nela uma camada tão fecunda e gorda de toda sorte de canalhice bestial, mas por, mesmo assim, conseguir germinar através dessa camada algo claro, saudável e criador, cresce o bem - o humano, que desperta uma esperança invencível em nossa regeneração para uma vida clara, humana."
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@garotadeleituras 24/06/2017

A inocência e a leveza ausentes na infância

“Eu me vejo na minha infância como uma colmeia, aonde várias pessoas simples, insignificantes, vinham, como abelhas, trazer o mel de seu conhecimento e das reflexões sobre a vida, enriquecendo generosamente o meu espírito cada um como podia. Muitas vezes acontecia de esse mel ser sujo e amargo, mas todo conhecimento era, mesmo assim, um mel”. (p. 161)

Infância é o primeiro livro de uma trilogia autobiográfica do aclamado autor russo Gorki. Representado pelo pequeno Aleksiei, que ainda na tenra idade perde o pai e pouco depois a mãe o abandona aos cuidados da família, deixando aos cuidados da carinhosa avó e o domínio opressivo avô. De fato o que o leitor encontrará desde as primeiras páginas é a visão infantil de um garoto sobre a visão do ambiente doméstico e o mundo que lhe rodeia, mas engana-se aquele que acredita que as linhas estarão impregnadas da leveza e inocência típica da idade. A família de Aleksiei é empobrecida (quem ler literatura russa sabe que pobreza é pobreza mesmo), sem estrutura alguma, inclusive emocional e caminha para a penúria completa conforme se aproxima das páginas finais. Sabe aquele ditado que “pior não pode ficar? Gorki está aqui para provar o contrário.
Aleksiei encontra na figura da avó alguém que o encorajava diante de tantas mazelas e desilusões; ele a definia como a pessoa mais chegada do seu coração, a amiga de toda a vida. O amor desinteressado da avó pela vida foi o combustível para tornar-lo resistente para suportar o ambiente difícil que o rodeava. E veja bem, essa senhora, meiga e carinhosa, que muito acreditava nos desígnios de Deus era a matriarca de uma família que vivia em guerra, pois seus dois filhos viviam brigando pela herança, apanhava do marido irascível, suportava as privações financeiras e ainda sim, contava bonitas estórias para acalentar o neto antes de dormir.

“Havia muita coisa interessante em casa, muita coisa engraçada, mas às vezes uma tristeza irreversível me sufocava. como se algo opressivo me enchesse de todo, e durante muito tempo eu tinha a impressão de viver num fosso escuro e fundo, sem visão, sem audição e sem nenhum outro sentido, cego e semimorto... (p.141)

Aleksiei conta com vividos detalhes sentimentais, a primeira surra, o desagrado do avô e seus métodos de ensino, o coração desbotado e ferido sempre que sua avó era vítima de agressão, sua curiosidade pelas pessoas estranhas e o que lhe rodeava, suas primeiras amizades, suas carências maternas, as conversas interessantes com sua vozinha, suas percepções de Deus através da relação dos avós com a divindade, suas estripulias e os castigos advindos das suas maquinações, seu aprendizado e dificuldades na escola, a morte da mãe após um matrimônio infeliz, a miséria que o obrigou a catar lixo para comprar comida e como muitas vezes foi xingado pelos colegas e inclusive alguns professores porque não tinha determinado livro. Aleksiei era uma criança prematuramente embrutecida pela vida, que via nas travessuras uma forma de extravasar suas inquietudes, e na maioria das vezes pagava caro por tal comportamento. O conjunto de fatores que o rodeava (miséria humana e social) foi responsável por esculpir uma visão desbotada, conforme ele mesmo afirmou:

"O vivo e palpitante arco-íris daqueles sentimentos apelidados de amor se desbotava na minha alma, inflamavam-se com frequência cada vez maior as tóxicas fagulhas azuis da raiva contra tudo, um sentimento de desgosto pesado ardia em fogo brando no coração, a consciência da solidão em meio a todo aquele absurdo cinzento e sem vida." (p.260)

Se muitas vezes, a marginalização, a vida ruim e o desespero o acompanhou, Aleksiei se sobressaiu com a melhor arma possível, encontrando motivos para rir de toda desgraça. O jovem Gorki muito cedo percebeu a maldade que existia ao redor; a tristeza e a desgraça são coadjuvantes ativos na narrativa. "Infância" me recordou duas outras leituras: Grandes esperanças (Charles Dickens) com seu orfão Pip e “Os malavoglia” do Giovanni Verga, com seus protagonistas já vencidos pela vida. Muito impressiona a tenacidade da criança para avaliar pessoas e coisas em meio a tanta desgraça; o mias na narrativa é o modo truculento das relações humanas muito mais que a pobreza em si, sendo impossível não refletir como tudo isso influenciou o Gorki adulto. Apesar de ser uma leitura extremamente triste, entrou fácil para a lista de melhores livros da vida. E mesmo na última linha, o leitor não encontrará móvitos para sorrir:

" -Bem Leksiei, você não é medalha para ficar pendurado no meu pescoço, aqui não tem lugar para você, então vá ganhar o seu pão e ser gente... E eu fui ser gente." (p.292)

Leitura indispensável!
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Israel145 07/09/2012

Infância é a primeira parte de uma trilogia autobiográfica do autor, que sob a pele do garotinho Aleksei narra os tristes fatos do início de sua vida, começando pela morte do pai, seguindo com o abandono da mãe, a violência do avô, a desestruturação do ambiente familiar capitaneado principalmente pelos tios ambiciosos, além da miséria proporcionada pela vida em cidadezinhas sujas, geladas e sufocantes.
O único elo com um pouco de paz é proporcionado pela atenção dispensada pela avó, que o trata como um filho, contando ao garoto velhas lendas russas que o acompanha durante grande parte da obra.
A narrativa do autor é primorosa, rica em detalhes e repleta de uma tristeza onde ao mesmo tempo é possível perceber que os fatos narrados são carregados de beleza e poesia, com belas passagens e certa ternura com a qual o autor imprime esses fatos no livro, gerando um desconcertante paradoxo.
O livro proporciona fortes emoções em fatos inesquecíveis como a primeira surra de Aleksei, a ida à escola, o suicídio de um dos tios, a volta e a morte da mãe, dentre uma série de outros fatos vistos sob a perspectiva do garoto, fazendo com que o leitor associe esses fatos aos grandes temas da literatura russa.
Apesar de Górki ter sido odiado por muitos intelectuais da época por sua associação com a revolução de 1917 e posteriormente com o Stalinismo, gerando uma espécie de repressão intelectual onde seu estilo passou a ser um padrão da literatura, causando assim um “engessamento” dessa arte, com essa obra, o autor, mesmo depois de consagrado, traduziu nesse livro a alma russa com um trecho inesquecível:
“Muito mais tarde, compreendi que os russos, em razão da indigência e da penúria de sua vida, em geral adoram distrair-se com a própria desgraça, brincam com ela como crianças e raramente se envergonham de ser infelizes.”
Clássico indispensável para qualquer amante da literatura.
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jota 23/01/2017

Apanhando e escrevendo...
Além do narrador Aleksiei (que é o próprio Gorki), os personagens mais destacados deste volume são os avós maternos do menino, que o criaram. Ele é órfão apenas de pai, a mãe o abandonou desde muito pequeno. O avô é um velho quase sempre encolerizado, que bate em crianças e até na mulher. A avó analfabeta é carinhosa, conta histórias, cuida de Aleksiei como se fosse seu filho.

A infância de todo mundo, mesmo dos pobres, tem certos momentos de alegria mas a de Aleksiei é impregnada de uma grande tristeza que atravessa o livro do início ao fim. Se por um lado uma vez ele se encanta com um passarinho de penas vermelhas brincando na neve, por outro presencia constantes brigas entre seus familiares, quase sempre em conflito até por pequenas coisas sem grande valor.

A seguir um dos trechos que mais me chamaram a atenção, por resumir muita coisa do que se lê em Infância: "Muito mais tarde compreendi que os russos, em razão da indigência e da penúria de sua vida, em geral adoram distrair-se com a própria desgraça, brincam com ela como crianças e raramente se envergonham de ser infelizes. Na monotonia interminável dos dias úteis, até a desgraça é um feriado, e até um incêndio é uma distração; num rosto vazio, até um arranhão é um enfeite..."

Os sofrimentos do pequeno Aleksiei formaram farto material para que Gorki escrevesse uma de suas melhores obras, mas os meninos de seu tempo apanhavam demais, por qualquer motivo e apenas ele virou escritor, os outros não. Essa constatação me faz crer que Infância seja um dos livros mais tristes que já li, sem derramar uma lágrima sequer.

Lido entre 09 e 22/01/2017.
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Mary Ann 16/07/2020

Perfeito é o nome dessa biografia poema! Não há como não se arrepender!
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Caroline 22/01/2015

Morrer sem ler Infância seria uma pena
Infância me despertou muitas sensações que há muito não sentia. É sempre muito prazeroso, para mim, ler algo que faça com que eu me identifique. Neste livro, que soube mais tarde ser uma autobiografia, Górki se mostrou um escritor completo. Ele dispõe de conteúdo, habilidade narrativa e sensibilidade para conquistar-nos. Impossível não se apaixonar pelo menino que quer defender as pessoas que ama, ou então não se revoltar com a violência impregnada nos hábitos cotidianos da família retratada. Me senti dentro da história e, ao mesmo tempo, relembrei muitos fatos da minha própria infância. Recomendo mais de um milhão de vezes!
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ReiFi 15/04/2011

Infância
Terminei.

Esse é o primeiro volume da trilogia autobiográfica de Maksim Górki (Infância, Ganhando meu pão e Minhas universidades), escritor russo que narra a vida de Aleksiei, órfão de pai, criado pelos avós analfabetos após ser “abandonado” pela sua mãe doente.

O livro acompanha o celeumático cotidiano desse pequeno garoto, num ambiente opressivo e sujo, mas, ao mesmo tempo, atulhado de afeto. O narrador personagem autor nos conta a história através dos olhos de uma criança, que, às vezes, não consegue compreender o que se passa ao seu redor. As cenas que ele assiste perpassam desde as escaramuças familiares – pela herança de parcas terras -, aos momentos íntimos, carinhosos e educativos com a sua sabia avó (sem dúvida nenhuma a personagem mais rica do livro, que cativa o garoto com sua mansuetude, religiosidade pagã e canções populares russa).

Claro que o livro não se resume a avó e seu buliçoso netinho. A narrativa do autor – com seu estilo seco e refinado – nos apresenta todo um emaranhado de personagens e suas perigosas e difíceis relações (como os dois grandes amigos de Aleksiei: o expansivo Ciganinho e o sorumbático Coisa Boa, entre outros).

Não obstante toda a riqueza que existe na obra – relacionada à construção da narrativa e da interação entre as suas personagens -, o que mais me chamou a atenção foram os momentos em que o autor, já adulto, reflete sobre a sua intimidade. Vide exemplo nos trechos abaixo, nos quais Maksim Górki (pseudônimo do autor, é bom que se frise) reflete sobre um dos vários instantes de solidão e de monotonia; ou ainda, como ele interpretava aqueles que os cercavam e como estes enriqueciam a sua vida de formas diferenciadas:

“Na monotonia interminável dos dias úteis, até a desgraça é um feriado, e até um incêndio é uma distração; num rosto vazio, até um arranhão é um enfeite…” (p. 213)

“Eu me vejo na minha infância como uma colméia, aonde várias pessoas simples, insignificantes, vinham, como abelhas, trazer o mel de seu conhecimento e das reflexões sobre a vida, enriquecendo generosamente o meu espírito cada um como podia. Muitas vezes acontecia de esse mel ser sujo e amargo, mas todo conhecimento era, mesmo assim, um mel”. (p. 161)

Se a história Aleksiéi Maksímovitch Piechkóvi foi representada de forma verdadeira e sincera para nós leitores pelo escritor, isso, definitivamente, pouco me importa. O que realmente interessa a mim, por enquanto, é saber que o que foi contado me cativou e me ensinou muito. Uma história de embates, inveja, carinho, sortilégios, surras, canções e contos.

Ah, sim. E de muita sinceridade e frieza:

“- Bem Aleksiei, você não é medalhão para focar pendurado no meu pescoço, aqui não tem lugar para você, então vá ganhar o seu pão e ser gente…

E eu fui ser gente”. (p.294)

Para saber mais, acesse: http://catalisecritica.wordpress.com/2011/04/04/infancia-maksim-gorki/
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Alexandre.Amaral 07/04/2024

Profundo, sensível e emocionante. Esse foi o livro que percebi a maestria do autor em criar imagens fabulosas por meio das palavras, há cenas que poderia descrever com maestria, mesmo só o tendo lido uma vez. Sinto que estou tratando de ser gente desde que finalizei essa leitura.
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Mari 18/01/2018

Triste realidade
Alguns anos atrás eu já tinha lido o livro "Infância" do autor brasileiro - que eu aprecio muito - Graciliano Ramos e ao saber que existia outro livro também intitulado infância eu fiquei curiosa para conhecer, já que ler sobre recordações dessa época de importância para qualquer ser humano me agrada muito e é um tema que eu acho que pode ser muito bem explorado e ter como resultado bons livros, sendo eles de muitas lembranças felizes ou dolorosas, como é o caso da infância do menino Aleksiei - Personagem utilizado pelo autor Maksim Górki para expressar a sua própria vida quando criança.
Esse livro autobiográfico apresenta um núcleo pequeno de personagens centrados no ambiente familiar de Aleksiei, sendo eles os tios que vivem se desentendendo, o casal de idosos, seu avô - um senhor de temperamento muito forte e agressivo e regido por pensamentos conservadores que agride fisicamente e psicologicamente o menino - ,sua avó - que é uma mulher submissa ás ordens do seu marido e que por isso acaba aceitando seu comportamento e é nela que o menino encontra um refúgio de carinho e ternura - e também a mãe de Aleksiei, que é como uma espécie de visitante na vida do filho por não estar presente nas horas em que ele mais precisa, ou seja, nos momentos de tristeza, solidão, carência, desamparo, incompreensão e dúvidas sobre o que ele vê e ouve dentro da casa onde mora.
É muito triste saber que infelizmente essa é a realidade familiar vivenciada por inúmeras crianças pelo mundo inteiro, onde ao invés de estar presente a união, o amor e o afeto no convívio familiar, o que se vê é a impaciência, a negligência e a ausência de proteção com elas.
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Camila Faria 08/03/2015

É o meu livro favorito da trilogia, talvez por se tratar de uma fase em que se é essencialmente inocente (e impressionável, e esperançoso, entre outras coisas no caso do Górki). Acompanhamos os dias do autor na cidade russa de Níjni-Novgórod, no final do século XIX, morando com os avós num ambiente humilde, cruel, violento e bonito ao mesmo tempo. A avó é uma figura quase mítica, uma espécie de representante - e difusora - das tradições russas. Eu choro litros gente, é sempre a mesma coisa.

site: http://naomemandeflores.com/os-tres-ultimos-livros-3/
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