O Papa de Hitler

O Papa de Hitler John Cornwell




Resenhas - O Papa de Hitler


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Gerson 29/09/2010

O Papa de Hitler
Ótimo livro sobre política internacional, principalmente durante a Segunda Guerra Mundial, envolvendo a Igreja Apostólica Romana na figura de Pacelli, o Papa Pio XII.
Com um estilo literário cativante, que nos mantém interessados do princípio ao fim, o autor sustenta a tese de que o papa Pio XII poderia ter feito pelas vítimas da grande guerra e consequentemente do holocausto muito mais do que lhe é creditado. Pior do que isso, sustenta também que os interesses da igreja católica e seus mecanismos para defendê-los (acordos e tratados) estão entre as complexas causas responsáveis pela eclosão da primeira e segunda guerras mundiais.
Não se trata de um ataque gratuito à Igreja Católica e sua tradição. Antes disso, o autor afirma categoricamente que a influência da Igreja Católica poderia ter minimizado o sofrimento de milhões de pessoas durante os conflitos mundiais, até mesmo limitado o poder de ação do nazismo. Por interesses políticos, no entanto, o papa Pio XII deixou de fazê-lo.
Apesar de focar a segunda guerra mundial, o autor inicia a história no século XIX, estruturando competentemente o contexto que levará a Igreja Católica a defender acordos com Hitler e outros ditadores do século XX. Desta forma, você vai entender o porquê de tais acordos.
Para quem gosta de história e procura entender porque o mundo é do jeito que é nos nossos dias, um interessantíssimo livro.
GUILHERME RED 20/08/2011minha estante
Olha , comecei este livros 02 vezes . O começo é bem lento . depois é ótimo . /só depois percebi que tinha que passar pela infancia e educação dele para perceber como ele agiria. òtimo livro




Sally.Rosalin 04/03/2015

Os Papas diplomáticos
Antes de tudo, quero registrar que Olavo de Carvalho escreveu uma nota sobre o livro, onde diz ter escrito um artigo no jornal O Globo contra o Papa XII baseado apenas na obra de Cornwell. Achei inocente da parte de Olavo, pois por mais que a obra nos incite a um posicionamento contra o vigário, o sentido fica dúbio no final. Por isso, para não repetir o mesmo erro, reproduzo aqui o que li do autor e do mais, a História que fale por si. Sem contar que é um tema que precisa ainda do acesso de vários documentos para poder de fato explicar o silêncio do Papa durante a Segunda Guerra Mundial.

A dificuldade sobre o tema a princípio é o fato dos arquivos do Vaticano estarem sob sigilo a mais de 70 anos. Eugênio Pacelli era alguém reservado e solitário, sem diários antes de se manter Papa. Escreveu poucas cartas íntimas e nenhuma está acessível. O livro teve como base uma coleção de onze volumes com documentos publicados por determinação de Paulo VI. O autor levanta dúvidas sobre a integridade dessa coleção. Também teve como base:
vasta documentação do longo processo que levou à assinatura da Concordata do Reich, entre o Terceiro Reich e a Santa Sé, em julho de 1933; arquivos sobre a relação do Vaticano, das Igrejas e do regime nazista que estão disponíveis nos arquivos governamentais em Paris, Londres e Alemanha; documentos para à beatificação de Pio XII, sob a guarda da Companhia de Jesus e algumas obras baseadas em suposições, conspirações ou depoimentos de sobreviventes.

Das obras citadas no parágrafo anterior (que são várias) registro apenas algumas com ênfase na última, o que deixa claro como funciona as relações diplomáticas entre a Santa Sé e Israel. O autor Guenter Levy avaliou que o protesto poderia agravar a situação para os judeus e para os católicos, mas também afirmou que todo silêncio tem seus limites. O jornalista e ex-padre Carlos Falconi, publicou "O silêncio de Pio XII" em 1965, diga-se de passagem um material incriminador e polêmico. Já Robert Katz em "Black Sabbath" afirmou que Pacelli conspirou com o sistema nazista e que para proteger a Igreja institucionalizada, estava disposto a sacrificar as vidas dos judeus. Na época ele foi processado pela irmã e sobrinho do religioso, pois na Itália é possível abrir um processo no lugar de um morto. Não obtiveram sucesso. Logo após, Pinchas E. Lapide lançou um tipo de absolvição, afirmando que Pio XII fez mais que a Cruz Vermelha, salvando mais de 860 mil judeus. Vale lembrar que na época ele era cônsul israelense em Milão. Segundo o autor, Lapide queria aplaudir o "Esquema Judeu" no Segundo Concílio do Vaticano, "que tem todo o impacto de um reconhecimento católico oficial do povo judeu, seus direitos iguais e os laços católicos que ligam o cristianismo ao credo mais antigo". Porém, Lapide entra em algumas contradições que não é a intenção dessa resenha registrar. Comecei pelo assunto das bocas que falam atualmente e antes sobre Pacelli.
Faço um resumo baseado no meu histórico de leitura na estante Skoob em tópico:

- Sobre a obra, começa com a história da família Pacelli. Sobre os parentes que antecederam Eugenio Pacelli, o papa Pio XII. A relação com o Vaticano começou com Marcontonio Pacelli, funcionário de Pio Nono (papa em 1846). O autor tenta utilizar o anti-semitismo já existente na formação clerical de Pacelli. Como se ele fosse influenciado pelo histórico de perseguição dos judeus existente desde os romanos para sua ação mais à frente. Com o Papa X, Eugenio Pacelli foi burocrata do Vaticano de 1913-1917, depois núncio papal na Alemanha de 1917-1922 e teve um importante papel na reformulação do Direito Canônico;
- Meados da Primeira Guerra Mundial, a modelação do futuro papa Pacelli nas questões diplomáticas que envolvem judeus;
- A Concordata Sérvia atiçou os ânimos antes e depois do assassinato do arquiduque Francisco Ferdinando. Esse alheamento de Pacelli já demonstra sua política externa padrão que será durante o Holocausto;
- Pacelli como diplomata na Alemanha pós-guerra e as concordatas (Bávara e Prussiana). Em 1930, torna-se cardeal secretário de Estado;
- A questão do catolicismo político e o catolicismo religioso. O primeiro era pedra de tropeço para Hitler, que começou a ser resolvido com o Tratado de Latrão em 1929, resolvendo antagonismo entre a Sé e a Itália desde 1870. Com o Tratado, os católicos italianos haviam sido instruídos pelo Vaticano a se retirar da política como católicos, o que deixou um vazio político no qual os fascistas se expandiram. O Tratado foi elogiado por Hitler e tudo que Pacelli queria no momento era conseguir assinar a Concordata do Reich. Pacelli tinha preocupações com a Alemanha e era contra o racismo expresso do nacional-socialismo, no entanto, seus medos eram maiores quando o assunto era o Triângulo Vermelho (Rússia soviética, o México e, em 1933 a Espanha). No México a questão eram as sucessivas revoluções indígenas, ao estilo comunista, que tinha pouca ou nenhuma relação, mesmo depois de 1917 com o marxismo. O presidente Plutarco Elías foi mandante de assassinatos de religiosos e a igreja tornou-se clandestina;
- A crise de 1929, o crescente sucesso do partido nazista na Alemanha, desemprego e diante da ameaça comunista, o Vaticano procurava uma cooperação entre a Igreja e a Alemanha, talvez temporária para propósitos específicos;
- Pacelli sempre quis uma concordata com a Alemanha, por várias questões históricas. O ensino doutrinário católico nas escolas e as escolhas dos sacerdotes fortaleceria a Igreja no local onde começou a Reforma Protestante. Já para Hitler, essa concordata deveria ser a nível do Tratado de Latrão, separar o catolicismo religioso do catolicismo político. Na Alemanha, o partido católico era o partido de centro, e esse não aceitava a Lei de Exceção, que garantia a Hitler poderes ditatoriais. Claro, em 1933 estamos falando da maioria de 23 milhões de católicos e uma força democrática. Após ser nomeado chanceler, Hitler já dava início com os camisas marrons às atrocidades aos judeus, e para os católicos nesse início "os judeus poderiam ajudar a si mesmo". A concordata foi escrita sem a participação do clero alemão, nem do Partido do Centro Católico ou a laicidade alemã e, até à sua assinatura o partido veio a ser dissolvido. Conseguindo com a Concordata o autoritarismo da Igreja-Estado o que Pacelli festejava era apenas o artigo 21, o que na verdade tornou cúmplice Igreja da Lei contra Superlotação em escolas e universidades (contra judeus). Enquanto isso, Hitler festejava o artigo 31, onde a Igreja proibia toda e qualquer manifestação política e de resistência contra às atitudes nazistas. Pio XI assinou sem conhecer a situação de perto, porém ciente que Hitler já dava manifestações de violência contra associações católicas na Alemanha. Seria apenas o início e Pacelli teria tido "como pudera assinar uma concordata com gente assim". Diante de toda criação de histeria anticomunista, não foi difícil para Hitler conseguir o que tanto queria." NotA concordata na prática e o protesto de Pacelli apenas para proteger os católicos da Alemanha que já sofriam violências. Viagem de Pacelli na América do Sul;
- O desfazer do Partido Católico na Alemanha foi algo desastroso. Pacelli percebeu isso tarde demais. Ainda assim, houve manifestações em massa contra a retirada dos crucifixos em 1936, e ao programa de eutanásia dos que tinha insanidade e doenças congênitas, em 1941 com certo êxito. A ordem foi revogada e o programa de eutanásia foi restringido e clandestino. Porém não houve nenhuma manifestação contra às atrocidades contra os judeus em massa. Contra os católicos, Hitler queria fazer o mesmo que Bismarck, mas mantinha o direito de assistir missa. Mas, nada se compara aos atos contra os judeus;
- A morte de Pio XI; a "coroação" de Pacelli em 12 de marco de 1939 e a invasão da Polônia pela Alemanha;
- Diante de todas as atrocidades, a preocupação maior de Pacelli em negociar que o Vaticano não fosse bombardeado;
- A "evangelização" na Croácia e todo extermínio dos católicos ortodoxos com conhecimento do Vaticano é de arrepiar a epiderme (claro, sem anacronismos). Sem contar os pedidos de socorro das autoridades judaicas no Oriente para a intervenção do Vaticano, sem resposta;
- A evangelização proibida nos territórios conquistados por Hitler. A perspectiva de acabar com a antiga divisão entre catolicismo romano e ortodoxo oriental. O crédito a Pacelli pelo uso de prédios religiosos extraterritoriais do Vaticano como refúgio para os judeus durante a ocupação de Roma pelos alemães e o uso dos mesmos para esconder nazistas criminosos e do Ustashe;
- A santidade de Pio XII. Seu comportamento eclesiástico;
-A Solução Final e o silêncio de Pacelli e sua pouca contribuição no discurso de natal, onde não cita nada contra à atitude nazista contra os judeus;
- Os Aliados invadem a Sicília em julho de 1943; a prisão de Mussolini; as prisões dos judeus de Roma pelos alemães;
- A prisão dos judeus romanos sob o nariz do Vaticano. O resgate de ouro que não obteve sucesso. O anti-semitismo de Pacelli sempre explicado com o medo comunista. A subestimação do próprio Pacelli em levantar um clamor que despertasse a explosão de católicos na Alemanha e em Roma, o que poderia ter feito Hitler pensar duas vezes sobre a Solução Final. E, o silêncio do religioso em rezar pelas almas dos judeus ou expressar pedido de desculpa por seu silêncio homicida;
- A libertação de Roma em 1944. Pacelli foi saudado como defensor, mas os comunistas também receberam créditos;
- Sobre os judeus húngaros, o núncio papal, Angelo Rotta dispensou notas ao governo condenando o tratamento dispensando aos judeus. Foi o primeiro protesto oficial contra a deportação dos judeus apresentado por um representante do papa. As caçadas e deportações continuaram, mas muitos milhares de judeus húngaros restantes em Budapeste foram salvos pela disponibilidade de esconderijos em lares católicos. O sucesso de uma ação tardia e que não foi movida pelo Papa;
- A energia de Pacelli para evitar que o comunismo italiano fosse vencedor nas eleições democráticas. Não conseguindo o modelo da Espanha para Itália, concedeu relutante sua benção à democracia. Na eleição de 1948 a ação papal é totalmente política. Prega-se que quem votar em comunista ou se confessar, será excomungado. As forças dos EUA também se fizeram presente contra o comunismo na Itália. Os democratas cristãos vencem, mas Pacelli continua com a ajuda financeira ao Plano Marshall . Não se pode ser católico e comunista ao mesmo tempo, era essa a ideia;
- A situação dos católicos na Europa Oriental. Pacelli em nenhum momento cogitou a possibilidade de negociar com os comunistas, pois para tais, os católicos estimulavam a ociosidade, as atitudes burguesas e a injustiça. Já para a Igreja, os marxistas pregavam o ateísmo, a ditadura do proletariado, a abolição da propriedade privada e a guerra de classes. Os católicos também eram acusados de terem ficado do lados dos nazistas durante a guerra. Josef Mindszenty, feito bispo da Hungria, condenou os nazistas que o colocaram na prisão e criticou a invasão russa e seus ataques à igreja. Esse ataque dúbio foi apoiado por Pacelli. O bispo foi preso em 1948, torturado e acabou confessando sobre forte efeito de drogas. Depois de definhar na prisão, foi solto em 1956;
- Sua morte e os Papas após ele (até João Paulo II). Uma questão divisória dentro do Vaticano entre tradicionalismo e a inserção da Igreja no mundo secular.
O livro tem muita informação, acho muito válida a leitura, mas também acho válido analisar o posicionamento do atual papa Francisco que muito tem acrescentado às relações internacionais e pedidos de paz. Mas, sempre me pergunto "Por que não foi encontrar o Dalai? Qual Guerra Mundial estamos tendo agora? Só por quê a China assim não o quis? Assim como Pacelli queria a "evangelização" da Igreja Oriental , o atual Papa tem busca se aproximar do Partido Comunista Chinês com o mesmo propósito. Como sempre digo, a História é cíclica e explica o presente.


site: http://sallybarroso.blogspot.com
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Fernando.Mazeo 21/09/2020

Objetivo e imparcial
O autor traz um relato bem documentado da biografia do papa que viveu momentos importantes da historia do século 20.
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