O fuzil de caça

O fuzil de caça Yasushi Inoue




Resenhas - O fuzil de caça


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Mag 18/04/2010

Revelações íntimas de três mulheres são feitas através de cartas endereçadas a um homem.
Com uma prosa carregada de recordações pintadas com as cores da solidão, dou também destaque para a beleza com que são descritas (mesmo que brevemente) as estações do ano.
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Renata 01/05/2022

Da vida e suas escolhas
Na forma é um livro curtinho, 102 páginas, composto por um preâmbulo, três cartas e um epílogo. Assim, o corpo do livro é formado primordialmente por três vozes femininas, autoras das referidas cartas: Shoko, Midori e Saiko. O elo entre as missivas é o destinatário em comum: Josuke Misugi, respectivamente tio, marido e amante.

A união das cartas e, consequentemente, sua leitura por um terceiro, se dá de um modo inusitado. Tempos depois de publicar em uma revista um poema que destacava a solidão percebida na caminhada de um caçador com seu fuzil, pela paisagem branca, e possivelmente também desoladora, de neve, o autor recebe uma carta do sujeito observado e descrito no poema, Josuke Misugi.

Ao entrar em contato, Misugi não só se identifica, como traz os fatos que acredita justificar sua então figura de “terrível solidão”, a qual não refletia o homem que havia sido em outro tempo, em que inspirava respeito em sua vida pública e privada.

As cartas de Shoko, Midori e Saiko, apesar de não conversarem diretamente entre si se completam e constroem o panorama mais ampliado da vida de cinco pessoas. Isso por que, apesar de não ter voz nessa história, o ex-marido de Saiko me parece parte essencial. Mais do que o desvelamento promovido por Midori, que causaria o desfecho da história, o grande impacto causado em Saiko acontece ao receber notícias daquele marido do qual havia há muito se separado ao descobrir sua traição.

É difícil falar do livro sem dar muito spoiler, e também por que a escrita de Inoue é muito limpa, direta e não nós oferece interpretação enquanto aquele que nos apresenta a história, ele joga tudo no nosso colo e o leitor que se vire. O texto é de 1949, período pós-guerra, e mesmo com seus mais de 70 anos me pareceu o que de mais moderno eu li em relação a autores japoneses, embora não tenha sido muito, é verdade.

Não há descrições de hábitos, rituais ou elementos de cultura tradicional japonesa, a história de passa nos sujeitos e ainda assim é difícil os explicar, mesmo conhecendo os fatos não é óbvio explicar suas motivações, é quase necessário um aporte psicanalítico para entender Midori e Saiko.

É na dependência do modo que essas duas mulheres lidam com seus desejos que não somente suas vidas, mas a de todos a seu redor é marcada, e marcada por uma solidão que irradia e toca a todos.

Recomendo fortemente.
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rivabemb 30/04/2022

???
Não tem no Kindle, só físico mesmo, pela editora @estacaoliberfade
comprei em uma livraria especializada em livros japoneses @livrariasol
???

Sigo na minha imersão literária oriental.
Teve Clube do Livro da @japanhouse com a editora @quatrocincoum, discussão foi incrível.

Não sei o que explicar sobre esse livro.
Depois de um poema, um escritor recebe o contato de um caçador que se identificou como o protagonista do poema.
100 páginas, 3 cartas diferentes, várias histórias e muito julgamento, a representação das relações japonesas nos anos pós Segunda Guerra, a filosofia entre a relação fria e próxima de um homem representada por um fuzil de caça.
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@quixotandocomadani 04/02/2022

“Que tolo é o ser humano por desejar a qualquer custo que outros o entendam.”
Gosto bastante de literatura oriental e essa leitura nãofoi diferente! 100 páginas com diagramação bem espaçada, eu li numa sentadaporque para variar, curiosa para saber o final.

Mas, folheando pelas frases que marquei  acabei relendo várias partes. E como é diferente reler (mesmo logo após de ter lido) porque como já sabemos todas aspartes, passamos a enxergar os diálogos e pensamentos de outra forma.  

Nesse livro, um escritor publica um poema chamado “O fuzilde caça” sobre um senhor de meia idade que ele viu e chamou sua atenção, pois “ovulto lhe transmitiu uma terrível solidão”, um poema sobre o fuzil de caça e a solidão humana.

“O que o teria feito armar-se com um instrumento de açobranco, tão frio e luzidio, para acabar com a vida das criaturas? ”

Esse senhor (Misugi), lê o poema, se reconhece nele e enviauma carta para o nosso escritor, junto com outras três cartas de três mulheresdiferentes que foram endereçadas a ele. E então conheceremos o que aconteceucom o Sr. Misugi, por meio de três relatos sobre o mesmo acontecimento. 

Uma narrativa muito bela sobre a tristeza, o amor, a morte ea culpa.

site: https://www.instagram.com/quixotandocomadani/
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Fernando.Mazeo 09/10/2021

Profundo
Leitura simples mas que fala profundamente da alma humana, do amor, da vida e da morte! Leve, singelo e emocionante.
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Jessé 27/06/2021

Deprimente.
Por algum motivo eu comecei a ler esse pequeno livro uns meses atrás, e simplesmente acabei deixando ele parado e provavelmente foi porque talvez não era o momento para lê-lo. Como o livro é bem curto, resolvi ler tudo novamente, e me surpreendi como cada palavra fez mais sentido dessa vez.

A estória contada de forma epistolar, acompanha um caso de adultério e quais as consequências que aquilo acarretou na vida de cada uma dessas três mulheres, que escrevem cada uma delas, uma carta ao único personagem homem dessa narrativa. Essas três mulheres são: A esposa traída, a Amante, e a filha da Amante que acaba descobrindo o caso que sua mãe vivia.

Vendo por essa perspectiva, pode parecer uma leitura banal e artificial, mas não é apenas o problema do adultério em si que atormenta esses 4 indivíduos. Existe muito mais abaixo da superfície, e quanto mais você vai lendo essas cartas, mais você vai se afundando na melancolia desses narradores.

Achei um livro muito bem escrito e poético. Mas ele me deixou melancólico e triste ao final da leitura, e fiquei remoendo trechos dessas cartas posteriormente.

Ao meu ver o livro atingiu seu objetivo, e por isso recomendo sim. É uma leitura muito boa e rápida.
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Valéria 01/09/2020

É um livro coeso, despretensioso e objetivo, que conta de forma elegante e direta a intersecção emocional de três almas. O relato é frio e direto, um elegante editorial travestido de poesia. A emoção tenha-a àquele que lê.

É o relato de uma solidão indescritível, incontrolável e vazia, plena de isolamento acompanhado. É o relato da cadência do sentimento de cumplicidade que se descobre por alguém; por tudo ou por nada e que o tempo faz parar, quando na verdade era fonte de dor, angústia e sofrimento. Enquanto uma parte carregava a culpa pelo pecado, a outra expectava a vingança. Ambas, em silêncio. Ele que nada sabia das duas, ao escutar os gritos nas cartas, faltou-lhe o ar e mesmo com seu coração a bater em ritmo desesperado, em si, nada mais havia, ele estava finalmente livre, apesar de não saber-se aprisionado.
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Felipe 24/12/2017

Cartas introspectivas
Pequeno, li inteiro no mesmo dia.
Me impressiona uma certa fluidez que alguns escritores parecem ter ao descrever os personagens "por dentro".
São descrições ricas e invejáveis.
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r.morel 05/04/2017

Os fragmentos nas sombras de um labirinto amoroso
Um romance epistolar… que gênero literário mais anacrônico… se tem algo fora dos nossos padrões tecnológicos contemporâneos com certeza é o livro escrito em formato de sucessivas cartas, o livro que utiliza a conhecida estrutura das cartas para destrinchar uma narrativa, um personagem, um conflito. O romance epistolar é pura literatura - quantas obras-primas foram concebidas nesse estilo, desde o terror gótico de “Frankenstein” (1818), de Mary Shelley, até “Os sofrimentos do jovem Werther” (1774), de Goethe -, um meio interessante para entrar nos sentimentos e pensamentos dos personagens sem necessariamente usar a técnica do monólogo interior (como Virgina Woolf, Clarice Lispector, James Joyce, três dos mais famosos a usufruir do artifício, cada um na sua maneira genial), porém, tão forte quanto para mostrar ao leitor como se sucedem as revoltas emocionais inconscientes.

“O fuzil de caça” (1949), de Yasushi Inoue, é formado pelo Preâmbulo (onde o escritor/narrador explica sua inspiração para escrever o poema sobre um homem indo caçar e como recebeu de um leitor do poema, Josuke Misugi, cartas pessoais sobre uma complicada relação amorosa deste - todas endereçadas a Misugi pelos envolvidos direta e indiretamente); A Carta de Shoko (a autora é a sobrinha de Misugi, que aqui revela suas impressões sobre, entre outras coisas, a relação do seu tio com sua mãe); A Carta de Midori (quem agora escreve para Misugi é a sua mulher); A Carta de Saiko (póstuma: a mais dramática, a mais íntima; e pela terceira vez escutamos sobre os encontros, os pontos positivos e as falhas do relacionamento, como se o Yasushi Inoue quisesse dar uma chance aos principais envolvidos de se explicarem, de contarem suas versões dos fatos, de se defenderem se os acusassem) e um Epílogo (a voz retorna ao escritor/narrador para um balanço final sobre a união parcial de Misugi e Saiko).

É um livro sucinto, objetivo, sem enrolo, construído na reconhecida elegância da literatura japonesa que parece, de maneira calma e tranquila, depositar as palavras e frases cada uma em seu determinado lugar sem o mínimo de trabalho como se de antemão seus escritores (Yasushi Inoue um desses) soubessem exatamente de onde pinçá-las e exatamente onde colocá-las e com quem uni-las para atingir o efeito pretendido de névoa sublime sobre nossos olhos. “O fuzil de caça” é coeso; as três cartas - partes principais da história, do desenvolvimento da história extraconjugal de Misugi e Saiko - contrabalanceiam-se harmonicamente sem uma sobrepor-se a outra, a carta seguinte sempre confessando uma particularidade não exposta na carta anterior, a carta seguinte contribuindo com a carta anterior, complementando-a e, ao mesmo tempo, reforçando suas suposições.

As versões de Shoko, Midori e Saiko são interpretações verdadeiras; todas reconstroem o relacionamento que nasceu escondido, terminou encoberto; desnudam Misugi, que tem seu retrato pintado por essas três mulheres da sua vida; primeiro Shoko, depois Midori, enfim, Saiko, todas elas relatam trechos esparsos que iluminam um pouco a existência de Josuke Misugi para o escritor/narrador, mas ele, como o leitor, como nós, não põe um imperioso ponto final no julgamento; na janela, com o frio noturno em seu rosto, Yasushi tem dúvidas semelhantes às nossas, semelhantes às dos próprios personagens participantes desse enredo, dessa história de amor entre Misugi e Saiko.

site: [Outras Breves Análises Literárias em popcultpulp.com]
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Lila 17/02/2013

Uma interessante história envolvendo 3 pontos de vistas diferentes. Com isso o autor faz que você se desprenda, no decorrer da trama, de seu ponto de vista para que tome sua posição apenas no final do livro.
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