Macunaíma, considerado dentro de um tipo de realismo que lida com o maravilhoso e com o mágico, é uma narrativa linear na medida em que observamos o desenvolvimento de sua ação dramática. As peripécias do herói, vividas num tempo e num espaço mágicos, que absorvem o mito do índio e os mitos do povo como contraponto à mitologia da sociedade tecnizada e de uma cultura colonizada, revelam na construção da narrativa a consciência da exploração do maravilhoso e do mágico, que está, aliás, já na própria criação popular, fonte de Mário de Andrade, autor erudito. Ela é ali a meditação sobre soluções, interrogações sobre o desenvolvimento possível para a ação dramática, sobre a trama ficcional. Ao narrador culto que se faz de rapsodo, interessa "cantar" os "casos", isto é, os acontecimentos; está preso aos "feitos" e às ações, não ambicionando o esmiuçar de complexidades psicológicas, mas fazendo com que uma psicologia que julga tipicamente brasileira possa ser deduzida a partir da trama.
Literatura Brasileira