Se não existissem os tradutores nunca teríamos ouvido falar em Ana Karenina, Ema Bovary ou Penélope, não saberíamos o que fizeram Sancho Pança, Alice ou o rei Salomão, nem o que significa o adjetivo "kafkiano" que utilizamos para dizer os absurdos de nosso cotidiano. Não seríamos, portanto, o que somos. Devemos a eles a descoberta dos feitos, segredos e escritos do passado, e no entanto já nem prestamos atenção à pilha de traduções que são nosso dia-a-dia [...] e assinalam necessariamente a presença de um tradutor que trabalhou à sombra de nosso saber. Ele existe e nós o ignoramos, dependemos dele e desconhecemos seu nome.
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