Memórias

O subtítulo deste livro só passou a existir quando ele estava na parte final de sua redação. Não que o autor desconhecesse a relevância do tempo. Ele está citado nas referências feitas a Albert Einstein e suas reflexões e formulações sobre o espaço e o tempo. Mas as virtudes que justificam o subtítulo decorrem de sua relevância para a história da humanidade, que tem no tempo uma de suas dimensões essenciais. O tempo é, portanto, elemento inseparável das ações humanas, e, assim, de tudo o que de positivo o homem tenha pensado, formulado e construído. A sua importância não terá sido menor para as ciências humanas do que para as chamadas ciências exatas.
Gostaria de aprofundar essas considerações dizendo que o tempo, conforme a minha observação e sensibilidade, favorece ao homem no seu aperfeiçoamento não apenas intelectual, mas também no âmbito de sua formação, de sua capacidade de aceitar as falhas dos seus semelhantes, de cultivar os valores que são frutos da civilidade.
Não tenho dúvida de que o tempo propiciado por uma vida longa pode tornar melhor a pessoa, sobretudo pela maturidade e maior experiência, a partir de uma memória que acumulou muitos dados, episódios e lições.
Como ensina Noberto Bobbio, "O mundo dos velhos, de todos os velhos, é, de modo mais ou menos intenso, o mundo da memória. Dizemos: afinal, somos aquilo que pensamos amamos realizamos. E eu acrescentaria: somos aquilo que lembramos." (Bobbi, O tempo da Memória, Ed. Campos, 7ª ed., pag 30)