Com a expressão de seu estilo inconfundível, o mesmo que o conduziu aos píncaros da glória literária, vem Machado de Assis comprovar de forma categórica, nesta obra mediúnica, a imortalidade do Espírito, que sobrevive ao fenômeno biológico da disjunção celular. Em narrativa lenta, reflexiva, povoada de dúvidas, em que não faltam citações eruditas e frequentes diálogos com o leitor, conta a experiência da própria desencarnação, com todas as perplexidades geradas pelo ceticismo de quem não acreditava na vida de além-túmulo. Amparado pela maternal solicitude de Maria Ignês, toma gradual conhecimento da nova realidade que passou a viver, da cidade espiritual em que se encontra, da movimentação dos fluidos pela ação conjunta do pensamento e vontade, até alcançar o momento culminante do esperado reencontro com antigos companheiros da Academia Literária e com sua sempre amada Carolina.