Menthalos é uma “epopéia pessoal”, mas na medida que dialoga com temas sociais – o sadomasoquismo, a religião, a música e a semiótica – a HQ ganha uma inserção menos subjetiva e pode alcançar seus possíveis leitores, descentralizando-se, exclusivamente dos gostos e da formação de quem a concedeu. Numa primeira leitura, Menthalos pode parecer fruto de delírios gráficos, cujo texto teria a única função de coordenar imagens quase aleatórias, com frases muitas vezes sem sentido imediato, todavia, as articulações entre os temas e as figuras vão além disso. Uma citação – e em Menthalos há várias delas – não tem apenas a função de ornamentar o discurso, mas de promover diálogos que trazem, para dentro, outros textos em relação aos quais tal discurso se define; trata-se de estabelecer ligações conceituais das quais o leitor se deve valer para a fruição da história.
Erótico / HQ, comics, mangá