Mídia, Misoginia e Golpe consiste na coletânea de 52 entrevistas, realizadas por pesquisadoras e pesquisadores de todo o Brasil, com personalidades acadêmicas e políticas com importantes contribuições neste debate, seja na mídia ou em outros palanques, convidadas a responder: Foi golpe? A mídia apoiou? A misoginia impactou?
O volume foi organizado por Elen Cristina Geraldes, Tânia Regina Oliveira Ramos, Juliano Domingues da Silva, Liliane Maria Macedo Machado e Vanessa Negrini, numa parceria entre o Laboratório de Políticas de Comunicação – LaPCom, do Programa de Pós-graduação da Faculdade de Comunicação da Universidade de Brasília – FAC/UnB, e do Grupo de Trabalho Políticas e Estratégias de Comunicação da Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação.
De maneira geral, os entrevistados e entrevistadas foram contundentes ao afirmar que, sim, o processo de impeachment da presidenta Dilma Rousseff foi um golpe, embora com características bastante distintas do que houve anteriormente na história política do país.
Também foi consenso entre a maioria dos entrevistados e entrevistadas que a mídia teve um papel fundamental e ativo na arquitetura do golpe, atuando de forma articulada com os grupos beneficiários do processo.
As questões de gênero, a misoginia, o sexismo, a herança de uma cultura que se forjou no patriarcado, foram ingredientes apontados como de grande relevância para influenciar a opinião pública durante a cobertura do processo de impeachment.
Por fim, os entrevistados e entrevistadas observaram que a derrubada de Dilma representa um duro golpe na participação feminina na política brasileira, que já era considerada uma das mais baixas no mundo, com reflexos e ameaças ao processo de conquistas sociais e culturais em construção nos últimos anos.
Comunicação / Não-ficção