Quando a Editora Massangana tomou a iniciativa de publicar uma versão ilustrada de Morte e vida severina (lá se vai já um lustro) houve um interesse fecundo e multiplicador que agora resulta em uma nova “releitura”, a partir dos desenhos originais de Miguel Falcão. Na verdade, a iniciativa de promover a adaptação do texto mais famoso de João Cabral era o desdobramento natural do projeto Massangana em sua nova fase: a escolha da HQ como veículo foi uma das primeiras. O pretexto eram algumas efemérides em torno do poema de forte conteúdo de crítica social e alguns acontecimentos que também faziam lá seus aniversários. Celebrações, portanto. E neste sentido, uma anti-homenagem a um poeta que gostava tão pouco disso que certa vez disse com a ironia que também o caracterizava que o seu primo Manuel Bandeira havia morrido vítima de tantas homenagens
aos seus oitent’anos. Um, lírico, outro, antilírico, mas da mesma família que não se cansa de cantar o mangue nosso de cada dia.
Com Morte e vida severina tinha também uma relação algo irônica.
Ficção