Lugar arquetípico de refúgio e isolamento, origem e centro, microcosmo (na medida em que estabelece uma ruptura física com tudo o que não seja ela própria), a ilha não é apenas uma referência geográfica, mas uma figura literária fundamental, e acabou por constituir-se como o espaço por excelência onde a imaginação utópica recria, semantiza, critica, extrapola ou inverte a realidade. As relações entre a obra inaugural do utopismo moderno- A Utopia, de Thomas Morus- e outras duas obras literárias herdeiras na longa tradição utópica do pensamento ocidental- A Ilha do Dr. Moreau, do inglês H. G. Wells, e A Invenção de Morel, do argentino Adolfo Bioy Casares- são, nesse estudo, o fio condutor através do qual a ilha como espaço da utopia se torna objeto de investigação. De Morus ao Morel de Bioy Casares, passando pelo sinistro Dr. Moreau de Wells, constrói-se o enigma do próprio caráter da utopia, de suas funções simultaneamente interpretativas e especulativas, além dos aparatos discursivos com os quais se revestiu em diferentes textos e contextos.
Didáticos / Técnico / Não-ficção