...Precioso serviço vem o autor prestar-nos com este livro corajoso.
Não que sejamos todos obrigados a concordar integralmente com todos os seus conceitos; nem é isso que ele deseja. De dogmatismos e imposições ideológicas já tivemos todos a nossa medida transbordante. O que pretende é lançar o tema sobre a mesa e sacudir do seu torpor os homens de ciência capazes de discuti-lo com lucidez. Os fatos que oferece ao exame crítico são evidentes por si mesmos. Que os próprios cientistas os examinem e concluam. Mas que o façam esquecidos de seus preconceitos.
É claro que a aceitação desses conceitos traz em sua esteira uma autêntica revolução, destinada a agitar o acumulado saber acadêmico. Que é a evolução, porém, senão um constante refazer? Terá que ser escrita uma nova Psicologia. Conceitos sociais, políticos, econômicos, religiosos e éticos precisarão ser reformulados. E dai? Teria sido melhor deixar tudo como está, só porque poderosas organizações humanas, enquistadas no poder temporal, se recusam a submeter-se ao teste final da verdade? Que dizer dos milhões de seres atirados, como sub-homens, a essa marginalidade da demência, tanto aqui, metidos na carne, como alhures, livres dela? Qual o programa de trabalho que até hoje puderam oferecer, ciência e religião, juntas ou separadas, para socorrer essas vítimas da ignorância e do preconceito? Mas socorrer mesmo, para esclarecer, curar e libertar; não para oferecer panaceias demagógicas revestidas de um jargão canônico ou pseudocientífico.
Já é mais que tempo de ajudá-los efetivamente a libertarem-se das suas mazelas psíquicas, recuperando-os para a realidade da vida espiritual. O trabalho é imenso. Este mundo e o chamado "outro mundo" são na realidade um só e único universo ético, povoado de seres idênticos, ilusoriamente separados pela barreira da matéria densa.
Ai está um trabalho que depende de cooperação e entendimento, tanto quanto de elevados padrões éticos de quem o executa. O conceito evangélico do "amai-vos uns aos outros" é muito mais amplo do que supõe a ortodoxia religiosa e muito mais científico do que seria capaz de admitir a ortodoxia acadêmica; estende-se a todos os seres humanos, tanto faz estejam do lado de cá da corrente da vida, como do lado de lá, nas dimensões do universo póstumo. A vida é una, indivisível, suprema; suas manifestações podem variar em forma; nunca, porém, em substância.
Esta é a mensagem deste livro. Que o seu impacto emocional e intelectual possa arrebatar a ciência psíquica do seu estado de prolongada hibernação. Afinal de contas, é vergonhoso que um assunto desta importância e transcendência seja sistematicamente tratado por leigos, quando seu fôro legitimo — como tão bem acentua o autor — é a Faculdade de Medicina.
Se com este livro conseguiu o Sr. Luís J. Rodríguez sacudir o torpor da ciência, então será mesmo caso de se abençoar o Demônio teológico, que servirá, afinal, para alguma coisa, além de assustar espíritos ignorantes e timoratos.
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